Atos não são 'governistas', mas são de esquerda

Parte da pauta dos manifestantes que foram às ruas nesta quinta-feira 20 chega a ser de "literal oposição ao governo Dilma, como a que pede a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o fim do ajuste fiscal", destaca Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania; ele ressalta ainda que PSOL e MTST também são contra o "governismo" nos atos de hoje; "Claro que não pegaria bem um PSOL e um MTST participarem de uma manifestação em que grande parte do público pregou golpe militar e defendeu sonegação fiscal, de modo que essas organizações decidiram fazer, nesse 20/8, um protesto 'pela esquerda' contra a agenda governista, mas, também, contra a agenda ultraconservadora do PSDB e de Eduardo Cunha"

Parte da pauta dos manifestantes que foram às ruas nesta quinta-feira 20 chega a ser de "literal oposição ao governo Dilma, como a que pede a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o fim do ajuste fiscal", destaca Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania; ele ressalta ainda que PSOL e MTST também são contra o "governismo" nos atos de hoje; "Claro que não pegaria bem um PSOL e um MTST participarem de uma manifestação em que grande parte do público pregou golpe militar e defendeu sonegação fiscal, de modo que essas organizações decidiram fazer, nesse 20/8, um protesto 'pela esquerda' contra a agenda governista, mas, também, contra a agenda ultraconservadora do PSDB e de Eduardo Cunha"
Parte da pauta dos manifestantes que foram às ruas nesta quinta-feira 20 chega a ser de "literal oposição ao governo Dilma, como a que pede a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o fim do ajuste fiscal", destaca Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania; ele ressalta ainda que PSOL e MTST também são contra o "governismo" nos atos de hoje; "Claro que não pegaria bem um PSOL e um MTST participarem de uma manifestação em que grande parte do público pregou golpe militar e defendeu sonegação fiscal, de modo que essas organizações decidiram fazer, nesse 20/8, um protesto 'pela esquerda' contra a agenda governista, mas, também, contra a agenda ultraconservadora do PSDB e de Eduardo Cunha" (Foto: Eduardo Guimarães)


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A mídia corporativa tratou de noticiar com grande destaque um dito "racha" entre os movimentos sociais e sindicais que convocaram a manifestação de 20 de agosto. A Folha de São Paulo, por exemplo, colocou a informação no alto de sua primeira página sob a manchete "Organizadores racham antes de atos pró-governo".

Segundo o jornal, "o PSOL e o MTST rechaçam tom pró-governo nas manifestações desta quinta (20); CUT e UNE criticarão 'golpismo'".

Como este texto está sendo escrito antes de manifestações convocadas para ocorrer em ao menos 15 capitais, não se sabe quanto a mídia irá explorar declarações de lideranças do PSOL e do MTST contra o "tom pró-governo" que essas duas organizações não querem que seja dado a esses atos públicos, mas já se pode prever que, se reunirem bastante gente, com certeza um Jornal Nacional da vida tratará de divulgar que os atos tiveram sucesso porque não foram a favor do governo.

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Este blogueiro participou de ao menos uma reunião sobre essas manifestações. De fato, existe essa posição do PSOL e do MTST.

Pelo lado do PSOL, é possível entender o repúdio ao "governismo" nessas manifestações. Apesar de setores do partido estarem preocupados com o avanço da direita, outros setores acham que poderão lucrar com a derrocada petista; o PSOL tornar-se-ia o novo PT, ou seja, seria beneficiário dos votos de esquerda que antes recaiam sobre o PT. Para um partido que tem 5 deputados federais e 1 senador, o que viesse seria lucro.

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Porém, pelo lado do MTST não dá para entender o repúdio à defesa do mandato de Dilma Rousseff; um movimento que promove ocupações de imóveis que proprietários ricos mantêm vazios e cuja posse lhes serve de "reserva de valor" deveria temer a ascensão de partidos como o PSDB ao poder e, muito mais, a derrubada de um governo com o qual é possível movimentos sociais dialogarem. Um governo tucano esmagaria o MTST.

Além disso, parte da pauta dos manifestantes é de literal oposição ao governo Dilma, como a parte que pede a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o fim do ajuste fiscal – como se houvesse a menor possibilidade de uma economia sobreviver mantendo a despesa maior do que a receita.

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Alguém menos paciente diria que o MTST e o PSOL estão na manifestação errada, pois na manifestação do último domingo (16/8) havia uma ínfima minoria discordante da agenda ultraconservadora em curso no Brasil mas que quer Dilma e o PT fora do poder. Segundo o Datafolha, inclusive, 2% dos manifestantes do último domingo votariam em Lula e mais 2% em Luciana Genro, do PSOL.

Claro que não pegaria bem um PSOL e um MTST participarem de uma manifestação em que grande parte do público pregou golpe militar e defendeu sonegação fiscal, de modo que essas organizações decidiram fazer, nesse 20/8, um protesto "pela esquerda" contra a agenda governista, mas, também, contra a agenda ultraconservadora do PSDB e de Eduardo Cunha.

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Ao fim, setores do PSOL – como a ala ligada à ex-candidata a presidente Luciana Genro – desistiram de ir ao protesto antifascista enquanto que o PC do B se recusou a assinar o manifesto que embasa os atos por conter críticas ao governo.

A frase mais impressionante dos oposicionistas de esquerda coube ao líder do MTST, Guilherme Boulos. Segundo ele, sua entidade não aceita que os atos de 20 de agosto sejam "só" em defesa da democracia...

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Essa postura do PSOL e do MTST por certo será aproveitada pela direita no que diz respeito à defesa da democracia e do mandato constitucional da presidente da República, mas, assim mesmo, um ato cem por cento de esquerda constitui uma espécie de aviso à direita.

O recado é, mais ou menos, o de que aquilo que une a direita é destruir o PT e derrubar Dilma. Se esse objetivo for alcançado, esses movimentos de direita favoráveis ao golpe irão se dissipar ou perderão muita força enquanto que a esquerda continuaria unida contra as pautas previsíveis pautas ultraconservadoras do novo governo que assumisse.

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Quem entende o que está acontecendo na economia sabe que tirar Dilma do poder e esmagar o PT não iria resolver a crise econômica. Os problemas continuariam, ainda que a mídia tratasse de atribuir tudo à "herança maldita do PT".

Porém, agora, com o golpe dado, a esquerda estaria finalmente unida. O que sobrasse do PT estaria nas ruas de braços dados com o PSOL, o MTST e outros que fazem oposição a Dilma "pela esquerda". As manifestações esquerdistas, portanto, seriam vitaminadas. O país iria parar, mas só depois do golpe.

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Com a população continuando a sofrer enquanto assiste manifestações acusando o novo governo, em breve esse governo estaria amargando altos índices de impopularidade tanto quanto o de Dilma ou mais, porque, assim como os tucanos acusam Dilma de "estelionato eleitoral" se fossem os beneficiários do golpe e estivessem no poder também seriam acusados da mesma coisa, já que estão vendendo que basta derrubar o atual governo para tudo se resolver como que por mágica.

Ao fim e ao cabo, portanto, essas manifestações não serão úteis para mostrar à sociedade que o golpe não será fácil, mas para mostrar que os golpistas não terão vida fácil no pós-golpe. O que resta saber é se um governo de ultradireita que venha a ter o apoio da mídia, da Justiça, do Ministério Público e da maioria esmagadora do Legislativo, irá se assustar.

Antes de o PT chegar ao poder, os movimentos sociais e sindical cansaram de fazer manifestações enormes e nem por isso conseguiram muita coisa. Entre 1989 e 2002 – durante 13 anos – bradaram no deserto enquanto o PSDB e sua mídia vendiam o país a troco de banana (privataria tucana).

Por outro lado, se houver golpe e a crise, previsivelmente, não se dissipar – e até se agravar, do ponto de vista do bem-estar social – a sociedade ficará mais sensível aos protestos enormes de esquerda que eclodirão. Esse é o cálculo do PSOL, do MTST e de todo esquerdista que se recusa a defender "só" a democracia.

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