Plebiscito é única saída; povo tem que dizer o que quer, afinal

O anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff, no sentido de que, se for absolvida pelo Senado, irá propor que os brasileiros decidam, em plebiscito, sobre antecipação da eleição presidencial, parece a única saída para que o país saia do atoleiro em que foi colocado pela mídia e pela operação Lava Jato

Brasília - DF, 04/05/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para BBC Londres no Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Brasília - DF, 04/05/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para BBC Londres no Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR (Foto: Eduardo Guimarães)


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O anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff, na última quinta-feira (9), no sentido de que, se for absolvida pelo Senado, irá propor que os brasileiros decidam, em plebiscito, sobre antecipação da eleição presidencial, parece a única saída para que o país saia do atoleiro em que foi colocado pela mídia e pela operação Lava Jato.

Pesquisa CNT recente mostra que este povo não sabe o que quer, só sabe o que não quer. Rejeita Dilma, rejeita Temer, rejeita Aécio… Está totalmente dividido entre os pré-candidatos a presidente em 2018. E o que é mais impressionante: Lula leva vantagem nessa divisão, ao menos no primeiro turno.

A campanha da mídia para derrubar Dilma e destruir o PT parece ter enlouquecido o povo. Matéria da BBC Brasil publicada na semana que finda mostra até o surgimento de “gays de direita”, homossexuais que preferem seu inimigo número um, Jair Bolsonaro, a Jean Wyllys, deputado do PSOL cuja principal bandeira é a defesa da comunidade LGBT.

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Detalhe: Bolsonaro defende espancamento de homossexuais para fazê-los “criar vergonha na cara”.

Como esta página vem dizendo reiteradamente, crises econômicas profundas constituem o ambiente perfeito para desagregação social e surtos de incoerência como os que temos visto no Brasil. Discursos contra “tudo que está aí” favorecem ambientes em que as pessoas começam a perder a razoabilidade e a cometer atos de arbítrio, agredindo quem pensa diferente e pregando soluções “finais”, como o “extermínio” de adversários políticos, tão pedido pelos antipetistas.

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O pior de tudo isso é que, diante de um ambiente tão espantoso e assustador de desagregação social, investidores, empresários, enfim, o “mercado” se coloca em compasso de espera e a economia trava, tendo como consequência o desemprego, a quebradeira de empresas, o aumento da violência e da criminalidade etc., etc.

Então ficamos assim: se Dilma for afastada definitivamente, o governo Temer tampouco terá melhores condições de governar, já que até seu titular está envolvido em escândalos de corrupção. Isso sem falar do “machistério” metido até o pescoço na Lava Jato.

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Como se não bastasse, as propostas do governo peemedebista vão jogar o país em mais convulsão social. Até gente de direita que não quer Dilma Rousseff não vai aceitar fim de direitos trabalhistas, como pregou, recentemente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Em uma das grandes manifestações contra Dilma no ano passado, fizeram uma pesquisa sobre outra providência que um governo Temer adotaria na economia: a terceirização indiscriminada dos trabalhadores, que atingiria até a atividade-fim das empresas. A esmagadora maioria dos antipetistas não quer nem ouvir falar desse que é um dos planos já confessados por Temer e companhia.

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A baixa aprovação do governo Temer, revelada pela pesquisa CNT, cedo ou tarde fará com que o Congresso se afaste da situação, quanto mais próximo estivermos das eleições de parlamentares federais. Não vai tardar para começar a mesma debandada que atingiu Dilma.

E as condições de Temer para ganhar popularidade e, assim, manter a governabilidade são escassas. As medidas que querem que ele tome na economia são medidas impopulares, como corte de direitos, benefícios, programas sociais etc.

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Já Dilma, sabe-se que tampouco terá condições de governar caso seja reintegrada ao cargo pelo Senado. A sabotagem voltará igualzinha ao que era antes, com o agravante de que a mídia voltará à carga.

A maioria do povo não sabe o que quer. E, apesar de a mídia ter convencido o país a ficar contra Dilma e o PT, não está conseguindo empurrá-lo para o colo do PSDB, que já começa a acumular rejeição e que, com o iminente desastre do governo Temer, irá perder ainda mais popularidade por ter aderido a esse governo.

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Bem, diante desse caos político quem vai pagar o pato é o mesmo povo que não sabe o que quer e que rejeita tudo. Haverá mais desemprego, mais recessão, mais desagregação social – com efeito, estimular a fúria da sociedade não foi uma medida sábia da direita midiática; a vez dela vai chegar…

A única solução é convocar eleições. Só um governo com legitimação popular, com a alta popularidade que governos recém-eleitos têm poderá dar um rumo para a economia e pacificar as relações sociais. Ao menos por um prazo que permita ao governo eleito respirar para governar.

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Claro que eleição, agora, permitiria ascensão ainda maior da direita. Mas se é o que o povo quer, que seja.

O país tem que arcar com as consequências de suas escolhas. Em 2002, elegeu Lula. Nos dez anos seguintes, a renda e os salários subiram, a pobreza, a miséria, o desemprego e a concentração de renda despencaram. Só no 11º ano, no 12º e no 13º a coisa piorou.

O povo quer de volta o período 2003 – 2013. Se acha que a direita lhe devolverá ascensão social de pobres e remediados, distribuição de renda e de oportunidades, vamos nessa. Vamos ver o que a direita fará pelo país. Precisamos passar por isso. A volta da direita ao poder já está sendo didática. Sem essa experiência, este povo continuará caindo na conversa da mídia.

Que venha o plebiscito.

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