Administração da Petrobras tem de ser responsabilizada pelas irregularidades nas vendas de ativos

Fica uma pergunta. Por que o TCU não diz nada sobre as vendas já realizadas? Vendas feitas sem nenhuma transparência, sem concorrência, em negociatas diretas ao arrepio da lei. Será que para o TCU a administração da empresa não tem de ser responsabilizada por seus atos? 

27/07/2016- Brasília - Presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto após encontro com o presidente interino Michel Temer (José Cruz/Agência Brasil)
27/07/2016- Brasília - Presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto após encontro com o presidente interino Michel Temer (José Cruz/Agência Brasil) (Foto: Cláudio da Costa Oliveira)


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O Tribunal de Contas da União (TCU) em sua última reunião autorizou a Petrobras a retomar seu plano de desinvestimentos, mas exige alterações em processos e novas regras. Com isso a empresa tem de reiniciar do zero dos os processos que estavam em andamento e ainda não tiveram contratos assinados. 

Este é um reconhecimento claro por parte do TCU, de que a forma como a companhia estava negociando seus ativos, não atendia as exigências legais. 

Mas fica uma pergunta. Por que o TCU não diz nada sobre as vendas já realizadas? Vendas feitas sem nenhuma transparência, sem concorrência, em negociatas diretas ao arrepio da lei. Será que para o TCU a administração da empresa não tem de ser responsabilizada por seus atos? 

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Até o momento a Petrobras já vendeu irregularmente os seguintes ativos :   

- Ativos na Argentina para a Companhia Geral de Combustiveis (CGC) : US$ 101 milhões. 

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- 40% da subsidiária Gaspetro para a Mitsui Gás e Energia do Brasil : US$ 540 milhões. 

- Ajuste de preço da petroquímica Innova, vendida para a Videolar, e ativos na Colombia : US$ 92 milhões. 

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- 67,1% da Petrobras Argentina (PESA) vendida para a Pampa Energia : US$ 897 milhões. 

- 100% da Petrobras Chile Distribuidora (PCD) para o Souther Cross Group : US$ 2,5 bilhões. 

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- Participação no bloco exploratótio BM-S-8 para a Statoil : US$ 2,5 bilhões. 

- 90% da unidade de gasodutos Nova Tranportadora do Sudeste (NTS) para o consórcio Brookfield : US$ 5,19 bilhões.

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- 100% da NSS localizada no Japão : US$ 124 milhões. 

- 100% da Liquigas para a Ultragaz : R$ 2,8 bilhões.  

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Pelo que temos conhecimento, são poucas as reações a este processo inescrupuloso. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) abriu um processo contra a venda do bloco BM-S-8 para a Statoil. E o Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe tem uma ação contra todas as vendas, que nesta semana foi transferido do STJ para o STF e encontra-se na mesa da presidente Carmem Lúcia. 

Notícia publicada hoje (17/03) no Valor Econômico informa que a Petrobras alegou que o fracasso na venda de ativos resultará em “Dificuldades para recuperar sua financiabilidade, o que , por consequência, acarretará novos cortes de custos e a necessidade de solicitar aporte financeiro da União”. 

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Trata-se de uma ameaça ridícula onde a empresa contradiz a palavra de seu próprio diretor financeiro, Ivan Monteiro, que em recente entrevista coletiva se gabou com os jornalistas de que , independentemente da venda de ativos ou da captação de empréstimos, a Petrobras dispõe de caixa suficiente para cobrir suas necessidades nos próximos 2,5 anos. De fato, olhando o último balanço publicado podemos constatar que a empresa tem um caixa robusto de US$ 22 bilhões e uma liquidez corrente de 1,78, o que, para quem tem alguma noção de balanço, é uma demonstração cabal de que não existe problema financeiro. Mentira tem perna curta.  

Cláudio da Costa Oliveira 

Economista aposentado da Petrobras    

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