Governo inventou Forças Armadas em presídios pra acalmar quem está do lado de fora

Resta supor que o governo acredita que disciplinará a rotina nas unidades prisionais impondo o medo por meio da vigilância invisível dos militares

Resta supor que o governo acredita que disciplinará a rotina nas unidades prisionais impondo o medo por meio da vigilância invisível dos militares
Resta supor que o governo acredita que disciplinará a rotina nas unidades prisionais impondo o medo por meio da vigilância invisível dos militares (Foto: Luciana Oliveira)


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A selvageria nos presídios que levou à morte mais de 130 detentos em 15 dias acordou o governo por vergonha e a sociedade por medo.
Os invisíveis chamaram a atenção decapitando cabeças, mas as condições em que vivem há muito tempo sob a tutela do Estado são também cruéis, embora admitidas com insana tranquilidade.

Com a iminência de uma batalha sangrenta na arena medieval que virou a penitenciária de Alcaçuz no Rio Grande do Norte, o governo anunciou o envio das Forças Armadas aos estados que quiserem ajuda para disciplinar o sistema prisional.

Considerando que a segurança interna dos presídios não é atribuição constitucional de forças militares, o que o governo pretende com essa estratégia?

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Os homens não terão contato direito com os presos e a ação militar será restrita a varreduras surpresas, deixou claro o ministro da Defesa, Raul Jungmann.

"Quando uma operação for realizada, as forças de segurança locais deverão retirar os presos das celas e deslocá-los para outra área do presídio, como o pátio da penitenciária."

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Se houver rebelião, caberá às policias estaduais e à Força Nacional a repressão.

Resta supor que o governo acredita que disciplinará a rotina nas unidades prisionais impondo o medo por meio da vigilância invisível dos militares.

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O improviso remete a uma teoria de controle do filósofo inglês Jeremy Bentham, ampliada para além da visão de uma arquitetura padronizada nos presídios, por Michel Foucault em sua obra Vigiar e Punir.

O panóptico de Jemery previa a construção de prisões com uma torre de observação ao centro de onde seria possível visualizar todas as celas sem ser visto.

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Não é o proposto com a ajuda das Forças Armadas, garantir obediência com prisioneiros que se sintam vigiados, pois serão submetidos à vistorias frequentes, mas sem aviso?

O panoptismo propôs o combate a violência física com mecanismos de ordem psicológica, sobre quem está dentro e fora de ambientes vulneráveis.

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Se a sociedade compreender que a estratégia do governo é uma ação correta, o efeito extrapola o ambiente carcerário, proporcionando ao Todo uma sensação de problema resolvido.

No contexto das barbáries ocorridas nos presídios brasileiros, a ação tem mais viés moral utilitarista que racionalidade, pois é que o resta ao governo que flagrantemente não sabe o que fazer pra inibir novas matanças.

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Não há nada que indique que vá funcionar. Os detentos de Alcaçuz estão livres entre os pavilhões, sem energia, sem compromisso algum de distinção entre bem e mal, em estado natural, em guerra.

As consequências dessa ação experimental de poder militar nos presídios são imprevisíveis.

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Do Blog da Luciana Oliveira

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