O futebol e a Presidenta

Todo mundo sabe que a melhor defesa é o ataque. E isso vale tanto para a Seleção Brasileira como para a Presidenta

Todo mundo sabe que a melhor defesa é o ataque. E isso vale tanto para a Seleção Brasileira como para a Presidenta
Todo mundo sabe que a melhor defesa é o ataque. E isso vale tanto para a Seleção Brasileira como para a Presidenta (Foto: Ribamar Fonseca)


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Parece que não tem jeito mesmo. Troca-se o técnico e os jogadores e a Seleção Brasileira não muda o seu velho e fracassado joguinho de lançar a bola para os lados e para trás. Resultado: como a bola passa a maior parte do tempo circulando no campo brasileiro os riscos da nossa seleção tomar gol se multiplicam. Por isso lamentavelmente nos tornamos uma seleção perdedora, qualquer que seja o técnico ou os jogadores convocados, e por isso perdemos para o Chile na estreia das eliminatórias para a Copa do Mundo. E se esse velho vício não for corrigido a tempo o Brasil corre o risco de, pela primeira vez na história do futebol, ficar de fora do certame mundial.

A verdade é que desde a Copa de 1970 nunca mais conseguimos fazer uma seleção como aquela, ofensiva, com Pelé e companhia. Jogadores talentosos sempre tivemos, em todas as épocas, mas por um estranho mistério eles, que se destacam em seus times no exterior, se tornam medíocres quando vestem a camisa da Seleção. Surpreendentemente abandonam o futebol ofensivo, que os projeta no exterior, e embarcam no joguinho improdutivo no próprio campo, para trás e para os lados, deixando permanentemente tensos o goleiro e os torcedores. Além disso, parece que não sabem marcar e nem chutar de longe, tentando o mais difícil: entrar driblando no gol adversário.

Qualquer equipe de futebol, seja um time pequeno ou uma seleção, sempre joga para a frente, buscando o gol adversário com velocidade, às vezes precisando apenas de dois ou três toques para chegar ao seu objetivo. Menos a Seleção Brasileira, que adquiriu o inexplicável vício de passar a maior parte do tempo jogando em seu próprio campo, o que leva narradores e comentaristas a elogiarem o domínio da bola por maior espaço de tempo. Domínio improdutivo, sem objetivo e nenhum resultado prático. Futebol é chute a gol, tenha arte ou não, pois o que importa mesmo é o gol, de pé, de canela, de coxa, de barriga ou de cabeça. É o gol que ganha jogo.

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Para ter êxito e vencer o jogo a Seleção precisa partir para cima do adversário, sufocá-lo, deixa-lo desnorteado, não deixar que eles chutem livremente sem marcação. Chega de jogar na defensiva, como o governo da presidenta Dilma Rousseff, que desde o início do segundo mandato quase não consegue respirar, sempre se defendendo da oposição que não lhe dá trégua, atacando no Congresso Nacional, no Tribunal de Contas da União, no Tribunal Superior Eleitoral e na mídia. O sonhado impeachment, que deixa excitado o senador Aécio Neves ante a perspectiva de conquistar o poder no tapetão, dificilmente acontecerá porque carece de fundamento legal, mas eles, os oposicionistas, não deixam a Presidenta dormir. Aliás, eles já haviam dito que iriam infernizar a vida dela.

A exemplo dos jogadores desleais, como aquele que tirou Neymar da Copa passada quase quebrando a sua coluna, os atacantes oposicionistas também não estão preocupados com a imagem, com o que possam pensar deles, mas apenas em vencer o jogo de qualquer maneira, mesmo destroçando o adversário. Cínicos e hipócritas, acusam os governistas dos mesmos problemas de que são acusados, confiando na cumplicidade da mídia e na memória curta do povo. O deputado Carlos Sampaio, por exemplo, o mais canino escudeiro do senador Aécio Neves, que não faz outra coisa a não ser ingressar com ações contra o governo – como se a Justiça estivesse apenas à sua disposição - fez críticas acerbas à presidenta Dilma Rousseff por conta da reprovação das suas conas pelo TCU e, no entanto, já teve também suas contas rejeitadas.

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E os senadores Aécio Neves, Agripino Maia, Cássio Cunha Lima e Ronaldo Caiado, os principais atacantes oposicionistas? Vivem apontando o dedo sujo para o governo, como se fossem impolutos, e, no entanto, são acusados das mesmas acusações que fazem aos outros. Aécio é acusado de ter construído com dinheiro público um aeroporto em terreno da sua família, em Minas Gerais, de estar envolvido com a lista de Furnas e de ter recebido doações para a sua campanha de empresas investigadas pela Operação Lava-Jato; Agripino responde a inquérito acusado de receber propinas de milhões no Rio Grande do Norte; Cássio já foi cassado por abuso de poder econômico quando governador da Paraíba; e Caiado foi acusado pelo ex-senador Demóstenes Torres de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Se alguém perguntar quais os projetos esses senadores já apresentaram no Senado ninguém saberá responder. Mas, afinal, perguntarão outros, o que eles estão fazendo na Câmara Alta? Essa resposta é mais fácil: Nada. Ou, mais precisamente, eles gastam o tempo tramando contra o governo e coçando o saco. Cabem, então, mais duas perguntinhas complementares: Foi para isso que o povo os elegeu? E quanto é que eles custam aos cofres da Nação? Evidentemente que eles têm consciência desse comportamento parasitário, mas preferem posar de vestais fazendo acusações aos governistas, convencidos de que a cobertura da mídia lhes proporciona uma cortina de fumaça que esconde as suas mazelas dos olhos do povo.

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Resta saber se a Presidenta vai continuar atribuindo à democracia esse comportamento da oposição, que não se conforma com a derrota nas eleições do ano passado e tem medo de perder novamente para Lula em 2018. Se ela continuar na defensiva, acuada no Palácio do Planalto porque não consegue contar com toda a base aliada, pode até não perder o mandato, mas vai passar o resto do tempo fazendo verdadeiras acrobacias para escapar dos petardos oposicionistas. Afinal, todo mundo sabe que a melhor defesa é o ataque. E isso vale tanto para a Seleção Brasileira como para a Presidenta.

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