Senadora tirou a máscara do Supremo
Senadora, ao dizer que "o golpe incrivelmente tem a cobertura do Supremo", evidencía ao mesmo tempo alegria e surpresa com o posicionamento da Suprema Corte
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Não é só o senador Cristovam Buarque que tem orgulho de ser golpista – a sua colega Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, também. Ela afirmou, no pronunciamento que fez na última votação do Senado sobre o impeachment, que tem "muita alegria de ser golpista, ao lado de ministros como Carmen Lucia, Antonio Dias Toffoli e todos aqueles que declararam que o impeachment é constitucional". Além de definir sua posição política de golpista, ela também acabou comprometendo o Supremo Tribunal Federal ao garantir que a "fraude, ou o golpe, incrivelmente tem a cobertura da Suprema Corte de nosso país". A senadora, ao dizer que "o golpe incrivelmente tem a cobertura do Supremo", evidencía ao mesmo tempo alegria e surpresa com o posicionamento da Suprema Corte. E como depois da sua fala não houve nenhuma manifestação de ministros do STF contestando a revelação, nem mesmo do presidente Ricardo Lewandowski que presidia a sessão, não há mais dúvidas de que a mais Alta Corte de Justiça do país se acumpliciou na execução do golpe.
Na verdade, desde o início do processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef é visível o comportamento do Supremo, embora disfarçado, favorável ao afastamento dela. Além de rejeitar todos os recursos da defesa, o STF tomou decisões contrárias a ela como, por exemplo, a proibição para Lula assumir a Casa Civil do seu governo. Mesmo consciente de que a Presidenta estava respaldada pela Constituição, que assegura ao Chefe do Executivo a exclusiva competência para nomear auxiliares, o ministro Gilmar Mendes alegou que a nomeação de Lula tinha a "intenção" de obstruir a Justiça. E a Corte procrastinou o julgamento do mérito pelo plenário até que a Câmara dos Deputados a afastasse. A ministra Carmem Lucia, que em setembro assumirá a presidência da Corte, deixou bem claro a sua posição ao responder a uma pergunta sobre uma fala de Dilma, quando disse que "não acredito que ela tenha dito que impeachment é golpe porque ele é previsto na Constituição". Ora, todo mundo sabe, inclusive a ministra e todos os estudiosos da Carta Magna, que se não existe crime o impeachment é golpe mesmo.
Constata-se que todas as máscaras caíram. Além da Suprema Corte e dos senadores, quanto ao impeachment de Dilma, também caíram as máscaras, entre outros, dos procuradores e policiais da Operação Lava-Jato, no que diz respeito à caçada a Lula, sobretudo depois que ele denunciou à ONU a violação dos direitos humanos. Segundo a coluna "Expresso" da revista "Época", está tudo pronto para que o ex-presidente seja indiciado pela Policia Federal e denunciado pelos procuradores da Lava-Jato. Disse a revista que "os investigadores trabalham com afinco para pegar Lula", acrescentando que os delegados e procuradores dizem ter "provas robustas" de que Lula tinha conhecimento do esquema de desvio de recursos da Petrobrás. E mais: a revista afirma que "os investigadores estão irritados com as seguidas tentativas de Lula de intimidá-los, mas não está previsto, por enquanto, pedido de prisão contra o ex-presidente". Será que alguém ainda duvida do "ânimus" do pessoal da Lava-Jato?
Na verdade, eles já não estão mais preocupados em esconder ou pelo menos disfarçar o verdadeiro objetivo da Operação Lava-Jato. Enquanto o presidente interino Michel Temer confessa que pediu dinheiro à Odebrecht, durante jantar no próprio Palácio do Jaburu, e que recebeu R$ 11 milhões, os caçadores de Lula se esforçam para encontrar algo que possa incriminá-lo. Até hoje ninguém o acusou de receber um centavo de propina, mas eles agora dizem que tem "provas robustas" de que o ex-presidente operário tinha conhecimento do esquema da Petrobrás. E insistem na história ridícula do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Ou seja, Temer esfrega na cara dos zelosos investigadores que recebeu mesmo milhões da Odebrecht, mas eles preferem correr atrás de Lula, contra quem não existe nenhuma acusação. Só um cego, um imbecil ou um golpista não vê que o que eles querem mesmo não é exatamente combater a corrupção mas, cumprindo o papel que lhes fora destinado pelos que desejam ocupar o poder sem passar pelas urnas, impedir o líder petista de voltar ao Planalto pelo voto popular.
O ministro José Serra também foi acusado de receber R$ 23 milhões da Odebrecht, assim como o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, de receber R$ 4 milhões, valores que compram vários triplexes e sitios, mas eles não estão sendo investigados – e até desapareceram do noticiário – porque não há interesse em investigá-los. Verifica-se que depois de selecionadas as vítimas, entre petistas e empresários, para servir de bois de piranha, os responsáveis pelo combate à corrupção esqueceram tucanos, peemedebistas e todos os que conspiraram contra a presidenta Dilma Roussef, inclusive os que estão hoje no poder. O deputado Eduardo Cunha, por exemplo, continua incólume, apesar da montanha de acusações contra ele, ao mesmo tempo em que a Lava-Jato interrompe o inquérito contra a esposa dele porque – pasmem! – não sabe onde ela mora. O juiz Sérgio Moro, em despacho, disse que "há dificuldades para intimação pessoal da acusada Claudia Cordeiro Cruz" porque não sabe o seu endereço. É brincadeira. A Policia Federal consegue descobrir que os pedalinhos do sitio de Atibaia tem os nomes dos netos de Lula mas não consegue encontrar o endereço da acusada. Aqui vai uma dica: basta dirigir-se ao endereço do marido dela, o deputado Eduardo Cunha.
Toda essa farsa, no entanto, ao que tudo indica, começará a ser desmontada a partir do julgamento do impeachment da Presidenta Dilma pelo Senado, caso ela seja mesmo afastada e Temer mantido no Planalto, porque o seu objetivo terá sido quase alcançado, só faltando o banimento de Lula da vida pública para que o projeto de poder dos golpistas seja coroado. Tomara, porém, que eles não se empolguem e decidam também prender Lula, mesmo com uma justificativa forjada, porque a partir daí ficará difícil prever as suas consequências para o futuro do país. A não ser que queiram pagar para ver, acendendo o pavio do barril de pólvora em que transformaram o Brasil.
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