A música dá o maior barato. Ela atua no cérebro como uma droga

Ouvir música ativa os circuitos cerebrais da recompensa, descobriram pesquisadores canadenses. Seu efeito passa pelos mesmos canais e produz os mesmos efeitos da comida, a droga e o sexo. Com a vantagem de não apresentar riscos para a saúde.

A música dá o maior barato. Ela atua no cérebro como uma droga
A música dá o maior barato. Ela atua no cérebro como uma droga


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.



Por: Anne Prigent – Le Figaro Santé 

continua após o anúncio

 

Por nada deste mundo você perderia o concerto da sua banda de rock favorita? Você compra com meses de antecedência o seu bilhete para a estreia da temporada de ópera? Assim que tem um tempo livre você liga a sua playlist? Não precisa pensar muito. Você é viciado em música. No sentido literal do termo. A música desencadeia no seu organismo os mesmos mecanismos químicos cerebrais que aqueles ativados pela comida, pela droga e o sexo. Estudiosos da Universidade McGill de Montreal demonstraram, com efeito, que os opioides intervêm diretamente no prazer musical, segundo estudo publicado na Scientific Reports, revista científica online.

continua após o anúncio

Nesse estudo, trabalhando com um grupo de voluntários, a equipe do professor Daniel Levitin bloqueou neles, de maneira seletiva e temporária, os opioides cerebrais dos com a ajuda do naltrexone, um medicamento prescrito nas dependência do álcool ou dos opiáceos. A seguir, os pesquisadores mediram as respostas cerebrais à música ouvida pelos participantes. E descobriram que nem mesmo a escuta das suas composições preferidas, não importa qual fosse o estilo musical, despertava qualquer sensação de prazer. Ao criar essa anedonia musical, felizmente temporária, os pesquisadores puderam concluir que os opioides endógenos são essenciais para se experimentar emoções positivas  (e/ou negativas) com a música, que utiliza as mesmas vias de recompensa já bem conhecidas para a comida, a droga e o prazer sexual.

Poucos riscos para a saúde

continua após o anúncio

“Esses resultados vieram confirmar a nossa hipótese”, explicou Levitin em comunicado à imprensa publicado no site da Universidade. “As impressões que nos foram relatadas pelos participantes após a experiência foram fascinantes. Um deles nos disse: ‘Sei que se trata da minha canção favorita, mas não sinto a mesma coisa que habitualmente experimento quando a escuto’. Um outro afirmou: ‘Trata-se de uma bela canção, mas ela não chega até a mim”.

Um resultado que, no entanto, não causou espanto ao médico Laurent Karila, psiquiatra do Hospital Paul-Brousse, em Villejuif (Paris) e porta-voz da organização SOS-Addiction (SOS-drogadicção). Karila é um “viciado” em metal (um gênero derivado do hard rock). “Para os fãs do metal, essa dimensão “viciante” está sempre presente. Mas apenas com os seus aspectos positivos. O desejo compulsivo e irrefreável de escutar o som é controlado...”, explica o psiquiatra. Sem dúvida, existe pouco risco para a saúde. A não ser o risco de ficar surdo, se a pessoa não limitar a quantidade de decibéis...

continua após o anúncio

Como um tal mecanismo pode ser ativado simplesmente pela música? “É verdade que a ligação entre circuito da recompensa e música é múltipla e complexa. Trata-se de uma simples hipótese pessoal, mas, como o funcionamento do cérebro é parcialmente elétrico, podemos imaginar que a música entre em ressonância com as oscilações deste último”, cogita Salah El Mestikawy, cientista na área de neurociências no CNRS da França.

A expressão “sexo, drogas e rock and roll”, tornada célebre pelo cantor Ian Dury acaba portanto de encontrar sua explicação científica. Bastando lembrar que não é necessário nem vale a pena consumir todos os três para ativar o circuito de recompensa...

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247