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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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A vitória dos vampiros da pandemia

Três anos depois da instalação da CPI da Covid, o senador Humberto Costa é um dos derrotados, escreve o colunista Moisés Mendes

Humberto Costa (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
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Faz aniversário neste sábado, 27 de abril, mais um monumento à impunidade dos poderosos de extrema direita. Há três anos, quando 400 mil pessoas já haviam morrido de covid, era instalada no Senado a CPI da Pandemia, que cumpriu apenas uma função.

A CPI conseguiu expor e conter parte dos crimes de Bolsonaro e das quadrilhas de vampiros das vacinas e da cloroquina. Em outubro, entregou o relatório ao Ministério Público, mandou cópias do documento a altas autoridades, lavou as mãos e esperou um milagre.

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A única personagem da CPI punida até agora é a advogada que jogou luz nos corredores dos horrores da Clínica Prevent. Bruna Mendes dos Santos Morato foi condenada a pagar R$ 300 mil por danos morais à clínica.

A condenação em primeira instância foi revisada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Mas Bruna já havia sido exposta como caluniadora e fragilizada e amordaçada pelo medo da represália e de uma indenização impagável. 

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Se não tivesse o acolhimento do recurso em segunda instância, entregaria aos diretores da Prevent o que familiares de torturados e assassinados pela ditadura nunca receberam como reparação.

Essa é a palavra que passa longe de tudo o que envolve a CPI. Não havendo condenação, não há reparação. Não há nada de decisão da Justiça contra os 79 citados como criminosos no relatório da CPI, porque não há ao menos um indiciado. Nenhum. Três anos depois, nenhuma reparação.

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Bolsonaro, Braga Netto, os três filhos de Bolsonaro, Eduardo Pazuello, Onyx Lorenzoni, Elcio Franco, Bia Kicis, Carla Zambelli, Osmar Terra, Fabio Wajngarten, Filipe Martins, Carlos Wizard, Luciano Hang, Allan dos santos. Todos estão na lista de criminosos assim identificados pela CPI.

Todos livres e soltos, quase todos envolvidos em outros inquéritos. Alguns mais, outros menos, mas quase todos ainda sob a proteção de Bolsonaro. Outros tantos mais fortes do que estavam em 2021.

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Todos com poderes que os manés do 8 de janeiro não têm. Todos desfrutando da previsão de Luciano Hang, feita em depoimento à CPI, de que tudo aquilo era invenção dos senadores e não daria em nada. 

Mantém-se a afronta que o véio da Havan dirigiu a Humberto Costa, ao final da intervenção do senador que o acusava de envolvido em tentativas de compra de vacinas e do kit da cloroquina e de disseminar fake news. Hang disse que a fala de Costa se resumia a 10 minutos de mentiras.

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Três anos depois da instalação da CPI que Rodrigo Pacheco tentou sabotar (e que só foi criada por ordem do Supremo), Humberto Costa é um perdedor e o empresário, denunciado formalmente como mentiroso, é o vencedor. Omar Aziz, presidente da comissão, e Renan Calheiros, o relator, também são perdedores.

Prevalece a versão do véio da Havan de que a CPI estava produzindo narrativas, sem provas. E de que as acusações contra ele eram mentirosas. Se fosse diferente, o MP teria feito alguma coisa efetiva, pelo menos uma, nesse tempo todo.

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A CPI da Pandemia enfrentou desafios e a indiferença de todo o entorno institucional que poderia proteger seu relatório. A comissão se submete nesses três anos à lentidão e à leniência do Ministério Público, não só em relação a quem tem foro privilegiado e foi escondido nas gavetas de Augusto Aras.

Quem não tem imunidades, mas tem muito dinheiro e algum poder político, também continua impune. Todos os 79 nomes do relatório da CPI desfrutam de impunidade, incluindo os 10 diretores da Prevent que tentaram obter R$ 300 mil da advogada que os denunciou.

Dizer que a CPI conseguiu conter facções civis e fardadas organizadas para saquear as verbas do Ministério da Saúde, enquanto Bolsonaro sabotava a vacinação e ria dos mortos, é se agarrar a um consolo. 

A CPI foi derrotada pelo poder da turma do véio da Havan e pelas insuficiências do sistema de Justiça. O tempo, que o sistema não soube ou não quis gerenciar, está absolvendo os criminosos da pandemia. Não há manezinhos entre eles.

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