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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

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Após a verdade inconveniente dita por Lula, Brasil deveria suspender relações com Israel

“Constatação histórica feita por Lula sobre o genocídio em Gaza tem um custo político, mas o momento não permite mais retroceder”, escreve Aquiles Lins

Lula e Benjamin Netanyahu (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Reuters/Ronen Zvulun/Pool)
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O presidente Lula proferiu uma verdade inconveniente sobre Israel durante o último dia de sua viagem à África. “O que está acontecendo em Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente em entrevista coletiva na Etiópia. "Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, acrescentou o presidente. Com esta declaração contundente, Lula escalou o tom contra os crimes perpetrados impunemente por Israel e automaticamente recebeu a reação furiosa do sionismo nas suas diversas ramificações. 

Saiu pela boca de Lula uma constatação histórica, dura, um paralelo assertivo que infelizmente nenhum chefe de estado teve a coragem de vocalizar. No entanto, em instâncias menores de debate a comparação entre Netanyahu e Adolf Hitler já vinha sendo feita, até mesmo por rabinos ortodoxos judeus, como lembrou o jornalista Leonardo Attuch neste 247. O fato é que Lula não se calou ante ao horror do governo sionista de Benjamin Netanyahu. O extermínio deliberado provocado pelo exército israelense já matou 28.985 pessoas na Faixa de Gaza. Cerca de 70% são mulheres e crianças. Outras 68.883 pessoas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde em Gaza. Os países do Ocidente, ao invés de recrudescer a pressão pelo fim da matança de palestinos, agravam o problema, permitindo não só a continuidade das mortes pelas bombas, mas também pela fome. Mais de 10 países - entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Suíça, Irlanda e Austrália - chegaram a suspender repasses para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). No evento na Etiópia, Lula anunciou doação à UNRWA. 

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A manifestação digna e corajosa, a verdade inconveniente externada pelo presidente Lula terá um custo político que ainda está sendo dimensionado. Internamente, Lula atiçou vários inimigos. No campo político, parlamentares da oposição falam em entrar com um pedido de impeachment na Câmara. Na mídia, veículos que tradicionalmente fazem jornalismo de guerra contra Lula estão em uma jornada extenuante sobre o assunto, dando voz a todo tipo de organização sionista, diplomatas alinhados ao Ocidente, para desancar o presidente brasileiro, e os supostos perigos de suas “falas de improviso”. No campo financeiro também deve haver retaliações, visto que os sionistas têm forte penetração na área. No campo externo, a maior reação veio de Israel, com o primeiro-ministro Netanyahu dizendo que Lula deveria sentir vergonha de si mesmo, anunciando a convocação do embaixador brasileiro no país, e o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, declarou o mandatário brasileiro persona non grata.

Lula se mostrou um político à altura do que exige o tempo atual, marcado pela escassez quase completa de líderes comprometidos com a civilidade, que rechaçam a barbárie. Do alto de sua trajetória pessoal e política, com o terceiro mandato por cumprir e travando sua própria guerra contra a fome e pela paz, o presidente brasileiro fez uma constatação histórica que tem um custo político provavelmente, mas o momento não permite mais retroceder. De que nos serve manter relações com um país comparado à Alemanha nazista? Diante de todas as cenas de horror que já se viram em Gaza, o presidente Lula deveria aproveitar a oportunidade e suspender as relações diplomáticas com Israel até o fim do genocídio em Gaza e o estabelecimento de conversas para a criação do Estado Palestino.

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