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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Com Milei, admirador de Bolsonaro e crítico de Lula, Argentina volta a ter "relações carnais" com EUA

"Milei é aliado de Bolsonaro, como nos tempos da campanha. Mas a campanha terminou e o Brasil é o principal sócio econômico da Argentina", destaca Marcia Carmo

Jair Bolsonaro (à esq.) e Javier Milei (Foto: Reuters)
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Neste domingo (25), o presidente da Argentina, Javier Milei, retuitou em sua rede X (ex-Twitter) sete tuítes sobre a concentração do ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista. Uma das mensagens informava que, no ato, “o primeiro que Bolsonaro fez foi mostrar uma bandeira de Israel”, dias depois de Lula, diz o texto, “fazer declarações antissemitas, provocando uma crise diplomática com Israel”. Em outra mensagem de outro internauta e que também foi enviada por Milei a seus seguidores, na mesma rede, afirmou-se: “Hoje se define o rumo da política no Brasil e a resistência contra a ditadura de Lula da Silva”. Na mesma sintonia, ele retuitou outra, do político Santiago Abascal, do partido de extrema-direita Vox, da Espanha. No texto, Abascal dizia que o povo brasileiro realizava manifestações, na Paulista, “contra o autoritarismo de Lula, o assédio e a perseguição a opositores”. Não citaram que Lula voltou ao Palácio do Planalto após a eleição presidencial, com o voto popular dos brasileiros.

Quase três meses após a sua posse na Casa Rosada, Milei continua explicitando seu favoritismo pelo ex-presidente e, neste domingo, evidenciou ainda mais seu distanciamento de Lula. Num domingo de jogo clássico entre Boca Juniors e RiverPlate, em Buenos Aires, e de repercussões da viagem de Milei para participar de evento de conservadores nos Estados Unidos, as mensagens de Milei contra o presidente brasileiro pouco repercutiram na imprensa local. Mas deixaram claro, uma vez mais, que o presidente argentino é aliado de Bolsonaro, como nos tempos da campanha à Presidência no ano passado. Mas a campanha terminou e o Brasil é o principal sócio econômico e comercial da Argentina. Haja trabalho para a diplomacia dos dois países...

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O ato de Bolsonaro na Avenida Paulista foi informado com fotos na imprensa argentina – tanto na impressa, nesta segunda-feira, como na digital.

O fim de semana de Milei foi ainda a oportunidade para que ele explicitasse pessoalmente sua admiração pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foi no sábado, Milei, durante encontro de um minuto e meio que tiveram durante o evento dos conservadores mundiais, realizado em Maryland, nos Estados Unidos. “O senhor foi um grande presidente e espero que volte a ser”, disse Milei. “Obrigado. Lhe prometo que sim”, respondeu Trump.

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“Peluca” (peruca), apelido de Milei entre seus eleitores, conseguiu a foto que buscava. E declarou apoio explícito à eleição de Trump nas eleições presidenciais de novembro. O evento chamado Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC) virou, nos últimos tempos, uma festa trumpista. No palco, Trump agradeceu a Milei por estar na festa da direita e extrema direita. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também discursou e citou o argentino, defensor das liberdades, disse. Ele saiu em defesa dos envolvidos nos atos antidemocráticos em Brasília. Em seu discurso, Milei voltou a criticar o socialismo, dizendo que é “um gerador de miséria”. Um dia antes, na sexta-feira, porém, ele se reuniu durante uma hora e meia com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, do governo democrata de Joe Biden. O argentino o abraçou e o levou até a sacada da Casa Rosada. Blinken disse que a Argentina tem muito a oferecer ao mundo (lítio e alimentos, por exemplo) e sugeriu apoiar o país no seu endividamento bilionário com o FMI. Ali também Milei não disfarçou seu entusiasmo por estar ao lado de Blinken. Sacudiu os braços para os altos e sorriu amplamente. Horas antes, ele tinha se reunido com a número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, e se mostrou satisfeito. Quase três meses após a sua posse na Presidência, Milei ainda não viajou para o Brasil, ao contrário do que fizeram seus antecessores que escolheram nosso país como destino prioritário. A sua relação intensa com os norte-americanos leva agora à sinalização de uma nova edição da já vista ‘relação carnal com os Estados Unidos’ – confissão feita, nos anos noventa, pelo então chanceler do governo de Carlos Menem (1989-1999), Guido Di Tella.

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