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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Lula não sobrevoou, apenas. Colocou sobre a mesa de Eduardo Leite a máquina governamental

"Para fazer com que o trabalho funcione, Lula usou dos ensinamentos de D. Lindu: 'o que os olhos não veem o coração não sente'", pontua Denise Assis

Lula sobrevoa áreas afetadas por enchentes no Rio Grande do Sul (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
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Ao se deslocar para Porto Alegre, nesse domingo (05/05), com uma comitiva que englobava todos os poderes da República, o presidente Lula não estava apenas sendo acompanhado por ministros que efetivamente podem agir para mitigar a tragédia que se abateu sobre o estado do Rio Grande do Sul. Estava, isto sim, colocando sobre a mesa do governador Eduardo Leite toda a máquina governamental, numa sinalização de que não foi ao estado fazer “sobrevoos”, como chegou a insinuar Leite, num primeiro momento, ainda sem muita dimensão do estrago em seu estado. Ontem, diante do fosso que se abriu aos seus pés, reduziu o tom do discurso e fez uma fala dentro dos parâmetros republicanos que a situação exige. Chegou a costear a humildade, quando agradeceu a ajuda que estava chegando, através dos vários canais possíveis na emergência.

Para fazer com que o trabalho de resgate, reconstrução e prevenção funcione tudo ao mesmo tempo agora, Lula mais uma vez usou dos ensinamentos de D. Lindu, sua mãe, (bendita seja a sua sabedoria). Ao sair arrebanhando ministro no gozo do final de semana, Lula teve em mente a seguinte máxima popular, que ouvia em casa: “o que os olhos não veem o coração não sente”. E não precisava de muita argúcia para perceber no semblante do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o choque de realidade que as imagens da cidade submersa aos seus pés, provocou em seu estilo asséptico. Ao prometer esforço no sentido de desamarrar os entraves que possam obstruir o caminho dos recursos para o estado atingido, notava-se que ele estava tocado com o que vira.

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Pode-se mesmo dizer que até o presidente da Câmara, Arthur Lira, sempre olhando para os lados, para medir os centímetros que o separavam de Lula com relação á posição da cadeira de Pacheco, seu desafeto, estava compungido com a situação dos gaúchos e expos isso em sua fala, a seu modo, prometendo empenho nas medidas emergenciais necessárias. Ambos sintetizaram com as suas presenças ali, e diante do ministro das “relações complicadas”, digo, ministro chefe Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que entrou em vigor, a partir daquele momento, a orientação repetida pelo governador Eduardo Leite e de Lula, ao longo desses dias: não importa de que partido é o prefeito, o governador ou o presidente. Importa salvar vidas.

Posicionamento mais que acertado, quando o número de vítimas causados pela invasão abrupta e monumental das águas atingiu 341 municípios, deixando até o que se sabe, 83 mortos; 111 desaparecidos; 443 mil pessoas sem luz; 844.673 afetados em todo o estado sendo 115.844 desalojados (que tiveram de deixar as suas casas) e 18.487 desabrigados, o que não terão para onde voltar, pois perderam tudo o que conseguiram amealhar ao longo de suas vidas.

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De todos os que estiveram ali, naquela reunião/coletiva, as figuras de maior destaque poderiam ser apontadas como um triunvirato fundamental: o ministro da Economia, Fernando Haddad, que vai se virar para conseguir calcular, juntamente com o governador e os prefeitos, o montante necessário para a emergência e a reconstrução. O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que pode atuar como na pandemia, quando os ministros Gilmar Mendes e Lewandowski concordaram que a situação era de guerra, para ultrapassar o negacionismo daquele ex-presidente e concorrer para a liberação de verbas em situação de excepcionalidade, fora do “teto de gastos” decretado a bordo do golpe de Michel. E, principalmente, Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, que pode contribuir bastante, concordando e ajustando dentro dos limites da lei, com medidas de excepcionalidades que deverão ser criadas para atender à catástrofe.

O momento mais sutil da reunião, porém, se deu quando Lula tocou no assunto das dívidas dos estados, que poderão receber atenção especial, pois o Rio Grande do Sul faz parte dos que estão reivindicando maior flexibilidade nos pagamentos. Nesse momento, Rodrigo Pacheco olhou para o infinito, fez cara de paisagem, tentando disfarçar um meio sorriso que teimava em despontar em seus lábios.

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Até as pedras submersas de Porto Alegre sabem que ele vem fazendo esforços para renegociar a dívida do seu estado, Minas Gerais. Pacheco sonha em ser governador de Minas e não quer chegar - se chegar -, com os cofres vazios, e tendo de lidar com uma dívida que vem de longe. Nesse momento, se pudéssemos ver o seu coração, como a máxima de Lula aconselhou, diríamos que ele estava pulsando mais forte.

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