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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Milei não aceita derrota e ‘persegue’ opositores

"Governo de Milei completa dois meses daqui a três dias e já registra a primeira derrota no Congresso Nacional", escreve a correspondente Marcia Carmo

O presidente argentino, Javier Milei, em Buenos Aires (Foto: REUTERS/Tomas Cuesta)
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Em suas redes sociais, o presidente argentino postou os nomes dos que votaram contra e a favor da agora ex-Lei Ônibus, que já vinha sendo chamada de ‘Lei Táxi’ ou ‘Lei Kombi’. Os chamou de ‘delinquentes’ e ‘traidores da pátria’.

O governo de Javier Milei completa dois meses daqui a três dias, no dia dez de fevereiro. E já registra a primeira derrota no Congresso Nacional. Na terça-feira (6), ao perceber que não teria respaldo à sua Lei Ônibus (Ley Omnibus), Milei determinou, de seu quarto de hotel em Jerusalém, em Israel, que o projeto fosse retirado da votação no plenário e voltasse para a etapa inicial, nas comissões da Câmara dos Deputados. Originalmente, o texto tinha 660 artigos, mas o governo recuou e o projeto encolheu até ficar com pouco mais de 300 itens. Ainda assim, a rejeição às propostas de Milei de privatizar cerca de 27 empresas públicas e de requisitar ao parlamento as chamadas ‘faculdades extraordinárias’ (autonomia) para governar determinados tópicos, por um ano, sem aval dos parlamentares, encontrou o voto negativo de vários deputados. Parlamentares experientes, como o deputado Miguel Ángel Pichetto, peronista de raiz, que já foi macrista, e que vinha apoiando as propostas de Milei disse: “Não sabem fazer política. Política é diálogo. Não pode ser imposição”.

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Em sua conta no X (ex-Twitter), Milei postou os nomes dos parlamentares que votaram contra e a favor da Lei Ônibus. E chamou de “delinquentes” aqueles deputados que quiseram modificar a proposta do Executivo. “Hoje é um dia muito interessante para falar sobre a Argentina porque ontem (terça-feira), na Câmara dos Deputados, a casta política, que é como chamamos esse conjunto de delinquentes que querem uma Argentina pior, que não estão dispostos a desistir de seus privilégios, começaram a mutilar nossa lei”, disse diante de empresários em Jerusalém. Ele ainda responsabilizou os governadores pela falta de apoio. A atitude de Milei foi criticada pelos deputados que foram acusados por ele de “traidores” e “inimigos da Argentina". O deputado Nicolás Massot, do partido PRO (macrismo), disse que divulgar a lista dos nomes dos que votaram contra a lei “é uma metodologia que nos remete às épocas mais tristes da história contemporânea”.  

Num comunicado, nesta quarta-feira (7), o partido União Cívica Radical (UCR) pediu que Milei pare de estimular a violência contra os que não pensam como ele. “O presidente passou a liderar uma operação para desqualificar deputados e deputadas que não respaldaram alguns dos artigos da Lei Ônibus. E ainda os chamou de delinquentes. Existe uma incitação generalizada à violência contra os que pensam diferente e essa atitude deve acabar”, diz o texto. A UCR foi o partido do ex-presidente Raúl Alfonsín, primeiro presidente eleito após a ditadura na Argentina (1976-1983). Ele pregava o diálogo como artigo número um em uma democracia. O momento político argentino exibe, agora, um presidente eleito com quase 56% dos votos – a maior votação nos 40 anos da democracia argentina –, mas com a imagem positiva em queda, de acordo com as últimas pesquisas de opinião. Ao mesmo tempo, ele é o presidente mais fraco em termos legislativos na história democrática argentina. Na Câmara, dos 257 votos, seu partido, A Liberdade Avança (LLA) tem 38 e no Senado apenas sete das 72 cadeiras. Na semana passada, o governo tinha conseguido uma virtual vitória com 144 a 109 votos na votação geral da Lei Ônibus. Mas na hora dos detalhes do pacote, nesta terça-feira, os votos contrários ganhavam, o que provocou a atitude de Milei. Até aqueles que queriam a eleição de Milei, por aversão ao kirchnerismo, dizem agora que o presidente “despreza” a política e o diálogo – ferramentas necessárias para que a Argentina possa sair da sua crise. 

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