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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Milei: prepare-se para novos protestos

Vários setores se mobilizam contra a motosserra de Milei, escreve a correspondente Marcia Carmo

Javier Milei e protestos na Argentina (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian | Reprodução)
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O presidente argentino Javier Milei desistiu do capítulo fiscal da chamada Lei Ônibus (Ley Omnibus), que originalmente tinha quase 700 artigos e agora tem menos de 400. A oposição kirchnerista passou a dizer que a ‘lei ônibus está virando um táxi”, porque não para de encolher. Milei e seu ministro da Economia, Luis Caputo, sabiam que o projeto, como estava, seria rejeitado no Congresso Nacional, onde o governo não tem a maioria dos votos. Os governadores, parlamentares de diferentes tendências e pequenos, médios e grandes empresários pediam, por exemplo, que o governo desistisse do aumento dos impostos às exportações. E que eliminasse ou diminuísse sua intenção de governar por decreto por dois anos, renováveis por outros dois anos – todo o mandato presidencial. O governo aceita reduzir esse período para um ano. Mas no âmbito fiscal, mantém seu discurso de ‘no hay plata’ (não tem dinheiro) e depois de atender o pedido para eliminar o capítulo fiscal, começou a usar, então, sua motosserra em outros setores. A área da educação pública foi o primeiro alvo.

Nesta segunda-feira (29), as universidades públicas de Rosario e de San Juan avisaram que serão obrigadas a atrasar salários, já que o estatal Banco de la Nación, ligado à Casa Rosada, comunicou que adiará os repasses programados. Os professores (além de cientistas e outros que recebem do Estado) estão preocupadíssimos com a determinação de Milei de implementar (como dizem aqui ‘sí o sí’ – de qualquer maneira) o déficit zero. Na semana passada, as centrais sindicais convocaram um ato durante a greve de doze horas contra as medidas que Milei pretende implementar. Foi a primeira paralisação contra o governo que assumiu no dia dez de dezembro passado. Na manifestação, eram notórios os grupos sindicalizados, com camisetas que diziam ‘sindicato dos caminhoneiros’, por exemplo. Mas lá também estavam outras categorias, sindicalizadas ou não, que levaram famílias inteiras para o encontro em frente ao Congresso Nacional e que chegou a ocupar várias quadras além da área do parlamento.

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Milei foi eleito com quase 56% dos votos – a maior votação para um presidente nos 40 anos da democracia argentina. Mas pesquisas de opinião apontam que este respaldo nas urnas está minguando porque os argentinos só percebem, até agora, que a inflação, que já era alta, disparou ainda mais, depois da desvalorização do peso e do fim do tabelamento de preços. A justiça colocou um freio na reforma trabalhista, prevista no chamado Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que está no Senado, e agora também à anulação da lei de terras, que pretende Milei. Esta lei proíbe a venda de terras para estrangeiros. A Lei Ônibus deve ser votada nesta quarta-feira (31) na Câmara dos Deputados. E, enquanto isso, vários setores (como professores, por exemplo) planejam protestos para enfatizar preocupação e insatisfação com a motosserra de Milei.

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