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Elvino Bohn Gass

Deputado federal (PT-RS) e líder da Bancada do PT na Câmara

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Moro e a farra das armas

A história sabe ser irônica e agora é o próprio Moro que tem que ajustar contas com sua postura covarde a subserviente ao chefe armamentista

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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 Assim que assumiu a presidência, Bolsonaro baixou um decreto que autorizava porte de arma para 20 novas categorias profissionais, permitia acesso público a armas que antes eram de uso restrito, retirava a classificação de “crime hediondo” para o porte ilegal, ampliava (na proporção de 50 para 1.000) o número de munições que cada indivíduo poderia comprar anualmente e autorizava menores de 18 anos a praticarem tiro. O decreto foi assinado pelo presidente e por seu então ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro.

 A medida foi fortemente criticada por especialistas e entidades civis pela óbvia evidência de que a difusão de armas de fogo impactava o aumento de crimes. Questionado, Moro esbanjou hipocrisia: “Não tem a ver com segurança pública.” Como assim, cara pálida? Tem! O número de armas em mãos de autodeclarados colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no Brasil, que eram de, aproximadamente, 250 mil em 2019, hoje, por conta da facilitação contra a qual Moro não teve a decência de se insurgir, já passa de 1 milhão.

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 Ainda com Moro ministro, o governo editou mais dois Decretos, uma Portaria Interministerial e enviou ao Congresso dois Projetos de Lei com o objetivo de aniquilar o Estatuto do Desarmamento. Ao mesmo tempo, facilitou ainda mais a obtenção de portes, reduziu exigências para comprovação de aptidão no uso e afrouxou o controle e fiscalização do Estado sobre armas.

 Nenhum outro grupo se beneficiou mais dessa falta de critérios, de rigor e de controle sobre o armamento, do que o crime organizado. Qualquer criatura contra quem não pese uma condenação passou a poder se registrar como CAC, montar um clube de tiro e justificar aquisição de verdadeiros arsenais com armas pesadas e munições de grosso calibre. A ponto de o próprio Exército ser forçado a admitir que havia perdido completamente o controle sobre o número de CACs e de armas em circulação no país.

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 Não é por outra razão que, hoje, notícias sobre crimes cometidos com armas registradas por CACs, são quase tão corriqueiras quanto os casos de feminicídios, homicídios e latrocínios.

 Recentemente, a Polícia Federal, agora sob comando de Lula e Flávio Dino, frustrou um plano de execução de autoridades pelo crime organizado. O ex-ministro da Segurança, Sérgio Moro, surgiu entre os supostos alvos.

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 Mas, e se o plano não houvesse sido descoberto? E se Moro fosse mesmo um alvo? No bojo destas hipóteses, indesejáveis, mas possíveis, não seria surpresa se a arma usada para atentar contra qualquer autoridade, Moro entre elas, estivesse devidamente legalizada.

 A história sabe ser irônica e agora é o próprio Moro que tem que ajustar contas com sua postura covarde a subserviente ao chefe armamentista.

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