Lula e Claudia Sheinbaum

Cabeça fria: o melhor modo de lidar com Trump

Lula e Sheinbaum também ressaltaram a importância do fortalecimento de foros como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)

Do tsunami de declarações, ameaça e ordens executivas emitidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao assumir pela segunda vez a Casa Branca, as que causam indignação mais imediata são aquelas que tratam da repressão aos assim chamados imigrantes ilegais. 

Para além da hiperatividade tipica e dirigida a esmo, desponta o racismo subjacente nas medidas relativas à imigração, algumas delas flagrantemente ilegais.

É o caso da ordem executiva que permite a expulsão de filhos de imigrantes ilegais nascidos nos Estados Unidos. Esta expulsão contraria a 14ª emenda à Constituição, que não pode ser alterada pelos presidentes. Será contestada e provavelmente chegará à Suprema Corte, onde o resultado é incerto.

O mundo testemunha um novo mandato de Trump ainda mais ameaçador do que foi o anterior. Este não é mais um acaso anormal, fruto de conjunção acidental ou descuido. É sim a afirmação de uma espécie de evento inelutável ao qual as elites do país acabam se ajustando, resignados ou entusiasmadas. Neste momento, com o Partido Republicano subjugado, e um ministério alinhado, Trump tem mais condições de transformar sua verborragia supremacista em ações.

Ao fim desta semana que começa, no próximo sábado, a se levar a sério a ameaça de Trump, entra em vigor a imposição de uma tarifa de 25% sobre importações estadunidenses de produtos oriundos do México e do Canadá. 

Perguntado sobre qual é o status das relações dos Estados Unidos com o Brasil e a América Latina, Trump respondeu com desprezo, arrogância e isolacionisno: "A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós".

Os países latinoamericanos já se adiantam em se  coordenar diante de novas realidades trazidas pelas ações de Trump,  como a nomeação do golfo do México como "golfo da América ou a promessa de retomada do canal do Panamá por forças dos Estados Unidos. Em telefonema na quinta-feira passada, Lula e a presidenta mexicana, Cláudia Sheinbaum, afirmaram a intenção de cultivar relações produtivas com todos os países das Américas, incluindo a nova administração dos Estados Unidos, a fim de manter a paz, fortalecer a democracia e promover o desenvolvimento da região. 

Não à toa, Lula e Sheinbaum também ressaltaram a importância do fortalecimento de foros como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e acordaram manter canais de contato regulares para ampliar a colaboração entre Brasil e México.

A conciliação pragmática tem sido a tônica da atitude brasileira diante de Trump. Em reunião ministerial, Lula reafirmou os termos de sua saudação após a posse do novo mandatário estadunidense: "Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema nas democracias mundiais. O Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para o povo americano melhorar, para os americanos continuarem a ser o parceiro histórico que são do Brasil", disse Lula.

Diante da realidade da chegada de Trump, cabem duas atitudes: a primeira é manter uma postura de acompanhamento muito atento, antecipando desenvolvimentos. A outra é manter atitude pragmática e serena, confiando que a realidade do intenso compartilhamento de interesses dos dois países vão prevalecer, a despeito da retórica inicial.

Dadas as alternativas,  não deixa de ser positiva a perspectiva de que, o Brasil, mesmo nas palavras, não seja uma prioridade para alguém como Donald Trump.

Redação Brasil 247 avatar
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