São Paulo (SP), 28/03/2025 - O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, durante leilão do lote Alto Tietê, das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade de trens, durante sesão pública na B3

A implosão do plano Tarcísio

Tarcísio não veio a público apoiar o indicado do ex-presidente. Surgem silêncios, vacilações e fissuras relevantes na direita

A notícia de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi ungido por seu pai, Jair, como candidato da extrema direita ao Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem ressoou como uma bomba nas hostes do consórcio da direita brasileira.

Esperançosa, a trindade formada pela Faria Lima, mais a massa amorfa de frações partidárias que gravitam em torno do chamado Centrão e a mídia de direita (Globo, Folha, Estadão) entrou em convulsão.

A Bolsa de Valores teve a maior queda desde 2021. A cotação do dólar disparou.

Num mesmo movimento, duas candidaturas ruíram. O anunciado e já esquecido arremedo de anticandidatura presidencial de Jair Bolsonaro foi à lona.

Ao solo foi também o chamado plano Tarcísio, pelo qual as elites financeiras e seus seguidores nas organizações de mídia tentavam emplacar o governador de São Paulo como candidato a presidente da direita, num sonho que tinha muito de desejo irreal, além de constituir um oxímoro. Tarcísio travestiu-se de fascista aceitável. Tornou-se o objeto de desejo de articulistas e editoriais, por mais que, publicamente, o governador sempre tenha negado nutrir pretensão presidencial.

Ao designar Flávio, o bolsonarismo raiz, liderado pelo clã Bolsonaro, bateu a porta na cara dessas elites. A manobra tinha até nome, batizada de “Plano T”. Por ela, buscava-se uma estranha inversão. Os que foram eleitos em 2022 como postes, unicamente por terem sido indicados por Bolsonaro, sonhavam agora poder impor Tarcísio como candidato desse campo político. Tomariam assim do líder presidiário o controle da máquina eleitoral justo no momento mais estratégico, a definição da candidatura.

O clã Bolsonaro já tinha percebido o movimento há muito. O episódio terá desdobramentos. Tarcísio não veio a público apoiar o indicado do ex-presidente. Surgem silêncios, vacilações e fissuras relevantes na direita, e não se pode atribuí-las à falta de comunicação. O atropelo e o improviso são parte constitutiva do bolsonarismo.

É notório que Flávio Bolsonaro exibe um histórico de irregularidades graves não investigadas pela Justiça. Somadas à frustração criada pelo anúncio de Flávio, mesmo em áreas de aliados do bolsonarismo, elas criam espaços que podem ser explorados pela candidatura do presidente Lula à reeleição, a ser oficializada até março do ano que vem, numa eleição que deve ser, em qualquer cenário, muito disputada.

Redação Brasil 247 avatar
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