Ator da Globo, negro, é preso por engano

Em países pobres, ignorantes, corruptos e violentos como o Brasil, os erros são mais frequentes e, normalmente, contra os negros (os "presumidos perigosos")



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Vinícius Romão de Souza, 27 anos, ex-ator da Globo, foi preso por engano (diz a polícia) e já está solto. Vinícius foi acusado de ter roubado a bolsa de uma mulher, no Rio de Janeiro. Enganos podem ocorrer com qualquer um e em qualquer país (errare humanum est). São raros, no entanto, nos países de capitalismo evoluído e distributivo, fundado na educação de qualidade para todos (Noruega, Finlândia, Japão, Canadá, Áustria etc.), porque nesses países normalmente a polícia é comunitária e conhece as pessoas (é a que melhor resultado apresenta na prevenção e repressão do delito, conforme relatório do PNUD, da ONU). Em países pobres, ignorantes, corruptos e violentos como o Brasil, regido pelo capitalismo selvagem e extrativista, os erros são mais frequentes e, normalmente, contra os negros (os "presumidos perigosos").

Vinicius foi preso por engano, mas poderia também ter sido morto por engano. Os negros, desde o século XVI, ao lado dos índios, são as maiores vítimas da violência no Brasil. Foram as duas etnias mais trucidadas em toda nossa história. Milhões foram dizimados nesses 514 anos. Consoante o Banco Mundial, os negros têm mais do que o dobro de chance de serem assassinados no Brasil, quando comparados à população branca e parda; o relatório aponta que em algumas regiões do país a taxa de mortalidade de negros em homicídios é de 375.2 para cada 100 (índice de metodologia exclusiva do Banco Mundial). Para efeitos de comparação, veja que a cidade mais violenta do mundo, San Pedro Sula, em Honduras, tem 176 assassinatos para cada 100 mil (veja Áquila Mazzinghy aqui).

Darcy Ribeiro que disse que "a mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista." (Povo brasileiro). A violência e o preconceito contra o negro é estrutural, está no nosso DNA, faz parte da nossa horripilante história de colonialização selvagem e extrativista (que é a matriz do nosso capitalismo, da mesma natureza). Viver em países fracassados e atrasados como o Brasil (onde ¾ da população é analfabeta total ou funcional - veja o Inaf) ainda é, lamentavelmente, um enorme risco, uma grande aventura (que não existe, na mesma intensidade, na Coreia do Sul, na Austrália, na Nova Zelândia, na Islândia, na Suíça, na Alemanha etc.).

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Nas nações onde as instituições essenciais funcionam bem (instituições políticas, econômicas, sociais e jurídicas) a vida e a liberdade possuem muito mais valor e o risco de ser vítima de um abuso do poder estatal é muitíssimo menor. No Brasil, no entanto, nada funciona bem, porque nossa herança colonialista maldita continua sendo um gigantesco peso sobre nossas costas. Pegamos o caminho errado e no caminho errado estamos há 514 anos.

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