Troca de tecnologia

Essa forma de cooperação pode ser posta em marcha nos mais variados setores da economia, bastando que não haja preconceito



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Mencionei recentemente o moderno processo de gestão, usualmente denominado de "benchmarking", para justificar a conveniência de buscar sempre exemplos vencedores, estejam eles onde estiverem, e utilizar as experiências bem-sucedidas em nosso próprio benefício, ou seja, para ajudar a resolver os problemas da realidade em que estamos inseridos. Diante das possíveis e esperadas críticas que vivem repetindo o surrado e equivocado chavão segundo o qual os problemas nacionais são "brasileiros" e só devem ser enfrentados com a nossa tecnologia, decidi relatar uma experiência de intercâmbio técnico, posta em marcha pela nossa construtora e que vem colhendo benefícios extraordinários, ainda que o mercado imobiliário norte-americano (onde opera o nosso parceiro neste programa, o AHS Development Group LLC) tenha características significativamente diferentes do mercado nacional, em certos aspectos.

De fato, tanto a MRV Engenharia como o AHS atuam em seus respectivos mercados (brasileiro e norte-americano) construindo e comercializando, como item principal da linha, apartamentos de dois dormitórios do tipo econômico, ou seja, destinados ao público de renda baixa ou intermediária. Mas os dois produtos diferem bastante em algumas características e nos requisitos arquitetônicos, como a área interna, por exemplo. Os apartamentos oferecidos pela nossa parceira norte-americana têm, em média, 70 metros quadrados de área e contam com suítes e cozinhas amplas. Já os que a MRV oferece no Brasil possuem cerca de 45 metros quadrados, nem sempre incluem suítes e, em geral, a cozinha é projetada no estilo compacto. Se existe a coincidência de que ambos os produtos sejam projetados, em regra, com uma vaga de garagem por unidade habitacional e com soluções de acabamento muito semelhantes, ocorre uma significativa diferença no que concerne às instalações elétricas para as quais são dimensionadas as habitações: no modelo norte-americano a carga elétrica prevista é quase três vezes superior à utilizada no similar nacional.

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As diferenças alcançam outros pontos importantes: ao contrário do padrão nacional, o imóvel norte-americano é sempre dotado de sistema central de ar-condicionado e costuma ser entregue com a cozinha montada (incluindo todos os tipos mais corriqueiros de eletrodomésticos). Mais do que uma preferência de cada país, essas diferenças evidenciam a variabilidade da situação de renda dos respectivos compradores. Nos EUA, o comprador potencial desse tipo de imóvel popular costuma ter renda anual da ordem de R$ 100 mil, cerca de três vezes a apresentada pelo comprador nacional.

Em decorrência dessas diferenças, o custo desse padrão de imóvel nos EUA é bem superior ao da habitação nacional, chegando a R$ 300 mil no câmbio atual, contra um preço da ordem de R$ 140 mil do similar nacional. Evidentemente, a diferença de custo por metro quadrado é muito menos significativa: R$ 4.300,00 nos EUA contra R$ 3.100,00 nas principais cidades brasileiras. Há que se registrar, que, diferentemente do Brasil, cerca de 40% dos imóveis econômicos construídos nos EUA são destinados à locação e o preço do aluguel também é muito superior por lá: R$ 3.000,00 contra cerca de R$ 900,00 no nosso país.

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Apontei essas diferenças entre os dois mercados e seus respectivos produtos para enfatizar a questão principal, qual seja, elas não impedem o intercâmbio tecnológico e a adoção de soluções eficientes em benefício de ambas as partes. Antes que a continuidade da experiência e a consolidação do programa pudessem mostrar, concretamente, o tamanho e a importância dos benefícios e vantagens alcançados, ambos os parceiros já acreditavam no sucesso desse método gerencial. Tanto assim, que, desde o início foram programadas visitas frequentes de intercâmbio, nas quais as equipes técnicas da MRV e do AHS acessam os canteiros de obras e as instalações administrativas, uma da outra, para detalharem os métodos e processos, tanto construtivos quanto gerenciais, que possam levar à melhoria geral de produtividade, da qualidade e de custos. Essa tem se mostrado uma forma de cooperação extremamente positiva e, como ela, qualquer outra pode ser concebida e posta em marcha nos mais variados setores da economia, bastando que não haja preconceito e que se tenha uma visão clara dos efeitos atuais da globalização e das regras de competitividade entre os mercados.

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