Trabalho aos estrangeiros no centro de São Paulo

Dezessete por cento deles possuem formação acadêmica e falam três ou mais idiomas. Entre eles, há médicos, músicos profissionais, engenheiros, contadores, muitos trabalhando como garçom, ajudante e em outras funções bem diferentes das suas qualificações

Dezessete por cento deles possuem formação acadêmica e falam três ou mais idiomas. Entre eles, há médicos, músicos profissionais, engenheiros, contadores, muitos trabalhando como garçom, ajudante e em outras funções bem diferentes das suas qualificações
Dezessete por cento deles possuem formação acadêmica e falam três ou mais idiomas. Entre eles, há médicos, músicos profissionais, engenheiros, contadores, muitos trabalhando como garçom, ajudante e em outras funções bem diferentes das suas qualificações (Foto: Petterson Rodrigues)


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Ao avistar a Paróquia Nossa Senhora da Paz, na Liberdade, muitos estrangeiros com malas e cobertores se aglomeravam na expectativa de como seria o dia. E se, enfim, conseguiriam um trabalho em uma nova fase da vida, longe dos seus países de origem. Eram na maioria haitianos e, ao passar pelo local até chegar na entrada da área de atendimento, o que se ouvia preponderantemente era o francês e o crioulo, principais línguas faladas no Haiti.

Representando uma empresa com interesse na contratação de mão de obra estrangeira, fui até a Rua do Glicério para participar de uma palestra e ter contato com os estrangeiros, todos documentados e legalmente prontos para uma oportunidade de trabalho.

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No dia da palestra, na última terça-feira (16), 40 estrangeiros dormiram na entrada da Paróquia porque não havia lugar nas 110 vagas disponibilizadas pela Missão Paz no local. Segundo a assistente social Ana Paula Cafeu, que é mediadora do Eixo de Trabalho da entidade, eles não aceitam ir para os albergues da cidade porque ficam com medo, baseado em testemunhos de parentes e amigos, que já sofreram assaltos com a convivência com drogados e pessoas de ruas nesses ambientes.

De acordo com Cafeu, 2 mil haitianos já foram atendidos pela Missão Paz. Dezessete por cento deles possuem formação acadêmica e falam três ou mais idiomas. Entre eles, há médicos, músicos profissionais, engenheiros, contadores, muitos trabalhando como garçom, ajudante e em outras funções bem diferentes das suas qualificações, mas que aceitam porque a crença do povo daquele país em relação ao trabalho é muito forte, considerando que o trabalho significa liberdade, vida e dignidade.

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Um empresário paulista do ramo de alimentação, que mantém empregado oito haitianos, fez seu testemunho no decorrer da palestra sobre o comportamento dos estrangeiros. "Fizemos uma dispensa porque o rapaz não se adaptou ao trabalho, precisava ser mais ágil. Os demais pediram uma reunião comigo e pediram desculpas pelo colega não ter atendido às expectativas, tamanha é a dignidade deles", comentou.

Muitos brasileiros começam a se incomodar com a "concorrência" estrangeira e com o desempenho profissional dos imigrantes. "Eles queimam o nosso filme porque trabalham demais, são muito produtivos", é um dos comentários citados por Ana Paula ao falar de suas visitas às empresas empregadoras dos imigrantes.

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Após todos os esclarecimentos da assistente social, era o momento de ter contato com os estrangeiros e fazer as entrevistas. Em um auditório com a presença de cerca de 30 empresas brasileiras, aproximadamente 300 estrangeiros - haitianos, angolanos, congoleses, bolivianos, peruanos, entre outras nacionalidades - aguardavam ansiosos pelos anúncios de vagas feitos pelos intérpretes. Após entrevistar cerca de 20 pessoas, saímos de lá com três contratados para trabalhar com rede de telecomunicações, sendo um boliviano, um peruano e um haitiano. Um deles é engenheiro de petróleo e outro fala quatro línguas.

A Missão Paz está em 35 países e no Brasil é desenvolvida pelos Missionários Scalabrianos e acolhe os migrantes, imigrante e refugiados.

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