Partidos, pra quê?

A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo

A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo
A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo (Foto: Emir Sader)


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(originalmente publicado na Carta Maior)

Outro elemento comum aos países com governos progressistas, são as reclamações em relação aos partidos que deveriam estar conduzindo esses processos. Cada crise tem suas características, como a do PT tem a sua. Mas não é um acaso que estão em crise a Alianza Pais no Equador, o MAS na Bolívia, a Frente Ampla no Uruguai, o PSUV na Venezuela, a Frente para a Vitória na Argentina. Se não estão todos em crise propriamente dita, com certeza não resolveram devidamente as relações que tem ou deveriam ter com os governos progressistas desses países.

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Em princípio a equação estaria resolvida: esses partidos representam a esquerda em um marco de governos de alianças amplas – de centro esquerda ou que às vezes vão até mais além do centro. O certo é que são governos que se colocam objetivos mais estreitos que os programas desses partidos. Sair do modelo neoliberal, superar o neoliberalismo, construir uma alternativa a esse modelo – são os objetivos centrais desses governos.

São governos que, por maior que sejam as crises que enfrentam, se revelaram, em já mais de uma década, serem capazes de enfrentar positivamente os maiores problemas das nossas sociedades, especialmente os problemas sociais – desigualdade, pobreza, miséria, exclusão social -, com sucesso, em marcos de estabilidade política, grande apoio popular e integração regional.

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No entanto, em nenhum deles, o lugar e as funções dos partidos políticos ficaram claros e se pode dizer que funcionaram adequadamente. São os governos que desenvolvem os grandes processos de discussão, são os governos que colocam em prática políticas, são eles que estabelecem alianças, são quem realmente conduz esses processos. Às vezes se dão circunstâncias de divergência e conflito entre partidos e governos, em outras a aparente harmonia mal esconde insatisfações mútuas ou pelo menos dos partidos e da militância política com os governos.

Os marcos programáticos também parecem definidos: os governos lutam contra o neoliberalismo, os partidos, além desse objetivo, se colocam a superação do capitalismo, a construção do socialismo. Mas o certo é que aqui tampouco as coisas funcionam devidamente. Os objetivos programáticos tendem a ser rebaixados em função das conjunturas e das urgências políticas, muitas vezes de sobrevivência, deixando os horizontes programáticos desvinculados das lutas atuais.

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A abordagem de um tema separado do outro não permite a compreensão da globalidade do problema. Os problemas do PT tem a ver diretamente com os problemas enfrentados pelo governo da Dilma, sem que uns possam ser reduzidos aos outros.

A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo. Essa a função de um partido de esquerda nos processos históricos contemporâneos.

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Seus desdobramentos serão encarados num próximo artigo.

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