Jessé Souza alerta para “regressão moral e cognitiva” no país

O sociólogo Jessé Souza, 58, expõe a tese central de que a elite em conjunto transformou o Estado e a política em bode expiatório; "Esse Estado foi assim montado para ser comprado pelo mercado", diz; "Toda essa balela da corrupção só do Estado, estigmatizando a política, como está acontecendo agora, é um absurdo. É uma regressão moral e cognitiva do país inteiro a partir disso"

Jessé Souza alerta para “regressão moral e cognitiva” no país
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247 - O sociólogo Jessé Souza, 58, doutor pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), expõe a tese central de que a elite brasileira em conjunto transformou o Estado e a política em bode expiatório. "Esse Estado foi assim montado para ser comprado pelo mercado", diz o estudioso, que foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2015 e 2016, no final do governo de Dilma Rousseff (PT).

"Toda essa balela da corrupção só do Estado, estigmatizando a política, como está acontecendo agora, é um absurdo. É uma regressão moral e cognitiva do país inteiro a partir disso. E uma mentira. Essas elites intelectuais montaram um mito, quer dizer, uma explicação, um conto de fadas para adultos. A forma como a sociedade é explicada invisibiliza certo tipo de interesse e vocaliza outro tipo de interesse. Esse é o fenômeno mais interessante para mim, e é o mais importante de uma sociedade", afirma. A entrevista foi concedida ao site Uol.

Segundo o estudioso, "a política e o Estado roubam também, mas é um erro quantitativamente insignificante diante do roubo que os bancos fazem, por exemplo". "E por que não se chama isso de corrupção? Porque esses caras compraram 400 ladrões na Câmara dos Deputados, que assinam qualquer papel que eles mandarem", acrescentou. 

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De acordo com o sociólogo, é preciso enxergar o real problema no Brasil, que fica bem escondido, ou só é mostrado parcialmente, de modo a deixar a desigualdade e a dominação exatamente como estão.

O estudioso afirma que "todos temos capacidade de reflexão e esse tipo de poder, do modo como é exercido no Brasil, perverso, desumano e cruel como nunca vi em nenhum outro lugar (não conheço a África do Sul, e imagino que seja algo semelhante), é montado pela hegemonia de ideias. Ou seja, você precisa colonizar a cabeça das pessoas, reduzir a capacidade de reflexão delas para assaltar o trabalho, o bolso etc".

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"É exatamente isso que acontece. E aí precisa de ideias para fazer isso. Essa elite não pode simplesmente dizer: 'Vocês são todos uns otários e eu quero o dinheiro de vocês'. Então se cria uma boa história, da carochinha, que tenha início, meio e fim para que as pessoas, sem saber, entreguem o dinheiro. Como? Compram coisas e não acham que juros escorchantes estão embutidos em tudo, por exemplo. Uma dívida pública que é uma fraude, e ninguém nunca fala desse negócio. Como você paga uma dívida que não sabe a quem deve? Um povo inteiro feito de imbecil. E aí você culpa a política e o Estado".

Leia a íntegra da entrevista

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