Gallup: brasileiros nunca foram tão infelizes. E a situação deve piorar

A infelicidade tomou conta do Brasil, segundo o ranking do Instituto Gallup em parceria com a ONU e fundações internacionais; a crise econômica e a desconfiança em relação aos líderes da política, principalmente, fizeram o país perder 16 posições em relação ao ranking de 2015, quando era o 15º país mais feliz do mundo, na frente de Luxemburgo, Irlanda e Bélgica, entre outros. O ranking tem o objetivo de influir em políticas públicas

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Por Cida de Oliveira, da RBA - A infelicidade tomou conta do Brasil, segundo o ranking do Instituto Gallup em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e fundações internacionais. A crise econômica e a desconfiança em relação aos líderes da política, principalmente, fizeram o país perder 16 posições em relação ao ranking de 2015, quando era o 15º país mais feliz do mundo, na frente de Luxemburgo, Irlanda e Bélgica, entre outros. O ranking tem o objetivo de influir em políticas públicas.

De lá para cá muita coisa mudou. Depois de assistir à gestação do golpe com as molecagens do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), o Brasil parou para assistir às chantagens do ex-presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). Vieram então o processo de impeachment, o golpe, as malas de dinheiro, as conversas com políticos gravadas por Joesley Batista e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo isso em meio ao desemprego, aos ataques aos direitos trabalhistas comandados por Michel Temer e à crescente reverberação do discurso fascista do então deputado Jair Bolsonaro.

O Brasil está hoje em 32º lugar entre os 156 países avaliados no ranking. A população da Costa Rica, México, Chile, Guatemala e Panamá se considera mais feliz que os brasileiros em termos de questões políticas, econômicas e sociais – como PIB per capita e expectativa de vida – e até em aspectos subjetivos, como bem estar, liberdade, generosidade e percepção de corrupção.

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A julgar por esses parâmetros, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, da Unicamp, acredita que a felicidade do brasileiro vai continuar a despencar com a "necropolítica" ou "política de morte" adotada pelo presidente Bolsonaro e seus auxiliares, que os seus eleitores demoram a começar a perceber.

"A tendência é de sermos mais infelizes, se consideramos o que estamos vivendo, e sobretudo os efeitos da política de destruição crescente, cujos efeitos ainda não se concretizaram completamente. A infelicidade vai aumentar. E muito", acredita.

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Na sua avaliação, se a população brasileira fosse melhor informada e menos "desentendida e infantil", estaria se sentindo muito mais infeliz do que já está. "Esse posicionamento no ranking é muito bom em vista da situação de destruição que o país está vivendo".

O mais preocupante, segundo ele, é que não se pode dizer que a população esteja desinformada sobre a situação, porque Bolsonaro nunca fez e não faz mistério sobre sua política. "E agora, nessa viagem aos Estados Unidos, disse que não veio (ao governo do Brasil) para construir, mas para 'desconstruir'. No caso dele, na verdade, é destruir", afirma o sociólogo, que está analisando as falas de Bolsonaro ao longo dos últimos 30 anos.

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Leve despertar

Para o sociólogo, a queda da popularidade do presidente apontada esta semana pelo Ibope é ainda muito tímida e reflete um "leve despertar". A aprovação em queda ainda estaria alta mesmo para um governante que em menos de três meses já fez muitos estragos. "Acho que, embora esteja despencando, caiu pouco diante do nível de destruição em todos os setores. Na saúde, na educação, nas propostas de reforma da Previdência, violência, política externa, de gênero, econômica, política, cultural, social, ambiental. Só tem surgido destruição. Não aconteceu nada de positivo, absolutamente nada", avalia.

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A queda da popularidade e essa infelicidade, conforme Laymert, são sintomas de que as pessoas estão se decepcionando. "Mas para mim isso acontece em câmera lenta. O grande problema é o descompasso entre a percepção da destruição, muito lenta, e a velocidade do processo destrutivo. O temor é que, quando despertarem, as instituições estarão destruídas e não seja possível salvar mais nada. Esse descompasso é o que mais espanta; não existe reação à altura. A classe média é infantil. Todo mundo vai pra rua no carnaval e manda o Bolsonaro 'tomar no cu'. O problema é que é só na festa. Não há mobilização. Quando despertarem, não sei se vai dar tempo".

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