Luis Felipe Miguel: não há dois extremos, e sim escalada de violência da direita

"Quantos atentados a bala a esquerda desferiu contra seus adversários políticos nos últimos anos?", questiona o cientista político e professor na UnB; "Muitos não teriam coragem de atirar, mas estão alinhados ao mesmo tipo de pensamento. Garantir o direito da esquerda à existência, expulsar esse discurso para o espaço do não aceitável, é a batalha nº 1 para impedir a instalação total da barbárie", defende

"Quantos atentados a bala a esquerda desferiu contra seus adversários políticos nos últimos anos?", questiona o cientista político e professor na UnB; "Muitos não teriam coragem de atirar, mas estão alinhados ao mesmo tipo de pensamento. Garantir o direito da esquerda à existência, expulsar esse discurso para o espaço do não aceitável, é a batalha nº 1 para impedir a instalação total da barbárie", defende
"Quantos atentados a bala a esquerda desferiu contra seus adversários políticos nos últimos anos?", questiona o cientista político e professor na UnB; "Muitos não teriam coragem de atirar, mas estão alinhados ao mesmo tipo de pensamento. Garantir o direito da esquerda à existência, expulsar esse discurso para o espaço do não aceitável, é a batalha nº 1 para impedir a instalação total da barbárie", defende (Foto: Gisele Federicce)


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Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook - Fala-se muito em "polarização política". É um discurso enganoso. Por um lado, permite que quem o adota se coloque em posição superior, olímpica, como quem vê ambos os lados, percebe a limitação de ambos e não está em nenhum deles. Por outro, com o deslizamento natural da noção de "polos" para a noção de "extremos", que pertencem ao mesmo campo semântico, leva ao discurso da necessidade de superação do "extremismo", que no Brasil seria representado por Bolsonaro e por... Lula. Em tudo está a ideia de equivalência, de espelhamento, de intolerância de lado a lado.

No entanto, o que se vê é bem diferente. Quantos atentados a bala a esquerda desferiu contra seus adversários políticos nos últimos anos?

Como comparar um acampamento pacífico, em que pessoas protestam contra aquilo que (por bons motivos) julgam que é uma prisão injusta, com uma tentativa de assassiná-las?

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O que existe é uma escalada de violência da direita, alimentada por um discurso deliberado de desumanização de seus opositores ("esquerdopatas", "petralhas").

Não é algo espontâneo, tampouco uma consequência natural do "calor" do debate político. É o resultado de anos de trabalho de desinformação e mistificação, em que a grande mídia limpava o terreno e um batalhão de organizações astroturf e charlatães plantavam seu ódio (MBL, Olavo etc.).

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É grave que um desequilibrado tenha saído de casa para atirar em desconhecidos. Não é ódio ao Lula, que é uma pessoa pública sobre quem ele forma uma opinião a partir de fatos (mesmo que estes estejam deturpados, o que é outra conversa).

É ódio a qualquer pessoa que ouse defender determinadas ideias, pelo simples fato de existir e ser quem é, num registro muito próximo ao racismo ou à homofobia. Isso não nasce do nada. Isso foi produzido. (A charge de João Montanaro captura com perfeição a situação.)

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Mas talvez seja mais grave ainda a falta de escândalo, a falta de solidariedade às vítimas, a banalização do ocorrido.

O fato de que as "pessoas de bem" deem de ombros, façam piadas ou mesmo se regozijem entre si com os disparos contra os acampados.

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Muitos não teriam coragem de atirar, mas estão alinhados ao mesmo tipo de pensamento. Garantir o direito da esquerda à existência, expulsar esse discurso para o espaço do não aceitável, é a batalha nº 1 para impedir a instalação total da barbárie.

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