Pimentel abre caixa preta do 'choque de gestão'
Ao completar 100 dias de mandato, o governador mineiro Fernando Pimentel, do PT, abre uma ofensiva contra os antecessores Aécio Neves e Antonio Anastasia, do PSDB, que, nos últimos anos, venderam a ideia de que Minas passara por um grande 'choque de gestão'; números que serão apresentados nesta segunda-feira mostrarão um estado extremamente endividado e com baixa capacidade de investimento; “As informações irão estarrecer muitos. Isso eu garanto”, disse o deputado Durval Ângelo, líder do governo Pimentel na Assembleia; virão à tona desvios de verbas, obras paralisadas e repasses ilegais a municípios governados por aliados; atos de improbidade adminstrativa serão investigados
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Relatórios serão levados ao MPMG e ao TCE para possível identificação de atos improbidade administrativa
O governador Fernando Pimentel (PT) divulga hoje, ao completar 101 dias de governo, o prometido diagnóstico sobre a situação encontrada no Estado desde que assumiu, em 1º de janeiro. A auditoria nos dados econômicos e sociais de Minas promete revelar os resultados do levantamento promovido pela Controladoria Geral do Estado em contratos e aditivos de grandes obras, ao longo dos 12 anos de gestão tucana.
A assessoria de imprensa do governador informou que Pimentel irá conceder entrevista coletiva à imprensa, mas não detalhou o teor do pronunciamento.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, os números que começarão a vir à tona “irão desconstruir a imagem de boa gestão” deixada pelo principal adversário político da presidente Dilma Rousseff e do PT, o tucano Aécio Neves, assim como de seus sucessores, o atual senador Antonio Anastasia (PSDB) e o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP). “As informações irão estarrecer muitos. Isso eu garanto”, disse ontem, por telefone, o líder de governo na Assembleia, deputado estadual Durval Ângelo (PT). Segundo ele, todas as secretarias de Estado apresentarão seus diagnósticos específicos ao longo da semana.
À medida em que forem revelados, os documentos serão encaminhados ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e ao Tribunal de Contas (TCE) para possível identificação de atos de improbidade administrativa cometidos por agentes públicos como ex-secretários, desde 2003. “Identificamos repasses sem assinaturas de contratos e contratos assinados, mas sem repasse. Isso é ilegal”, acusa o deputado.
Sob a coordenação do controlador André Spinelli, foram auditados contratos de obras. Outra frente dos questionamentos que serão levados aos órgãos de controle envolve a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) em supostos negócios facilitados para beneficiar aliados do governo, como deputados federais. Durval Ângelo cita também 3.000 obras que teriam sido paralisadas sem justificativa, e supostos desvios de verba no programa de pavimentação rodoviária ProMunicípios, que teve recursos de R$ 2 bilhões.
Procurado ontem para comentar o anúncio da auditoria, o tucano João Leite, deputado estadual desde 1995, disse que lamenta que a gestão petista esteja vivendo do passado. Segundo ele, todas as contas das gestões passadas foram aprovadas pelo TCE. “O governo está numa moratória, não paga ninguém. Vemos o governo deles totalmente corrupto em nível federal e abandonando aqui em Minas, na saúde, educação e segurança. Olham para trás e se esquecem de governar”.
A reportagem não conseguiu falar com o presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana. Recentemente, ele disse que o grupo de Pimentel repetirá “factoides” para tentar desviar o foco das dificuldades que enfrenta. “Estão fazendo tudo para criar um imagem de herança maldita para atingir o Aécio”.
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