Apanhamos por quase dois anos, mas o cenário mudou e há chance de virar o jogo

Apanhamos muito desde que Dilma virou as costas para seu eleitores e governou em 2015 com os ricos que haviam sido derrotados nas urnas; apanhamos em 2016 quando o golpe afastou-a em maio e a derrubou em outubro; continuamos apanhando em 2017; foram quase dois anos de derrotas contínuas; mas o jogo finalmente pode mudar, escreve o colunista Mauro Lopes

Michel Temer e Pedro PArente 
Michel Temer e Pedro PArente  (Foto: Mauro Lopes)


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Apanhamos muito desde que Dilma virou as costas para os que a elegeram em 2014 e governou em 2015 com os ricos que haviam sido derrotados nas urnas.

Apanhamos ainda mais em 2016 quando o golpe afastou Dilma em maio e derrubou-a em outubro. Continuamos apanhando em 2017, com a sequência de medidas antipopulares que levaram o país à ruína. Foram quase dois anos de derrotas contínuas.

Mas o golpe está dando sinais de apodrecimento acelerado e as forças democráticas e populares passaram a disputar a iniciativa com a direita.

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Tentaram, com a condenação e prisão de Lula, lançá-lo no ostracismo, e apostaram que seu nome sumiria nas pesquisas eleitorais. Equivocaram-se feio. O ex-presidente continua no coração do povo, parece mais forte politicamente a cada dia e, no cárcere, ocupa o centro da cena política.

A greve dos caminhoneiros foi um raio em céu azul. Em que pese a profunda insatisfação popular, nos últimos ela vinha expressando-se apenas nas pesquisas. Os caminhoneiros, secundados pelos petroleiros, recolocaram a mobilização como um dos eixos principais da luta de classes.

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Atingimos o coração do golpe. Pedro Parente era muito mais que o presidente da Petrobras. Era o co-presidente do golpe. O PSDB, que foi o verdadeiro articulador da trama contra Dilma e usou Temer/MDB como Joaquim Silvério dos Reis da democracia, reservou para si a joia da coroa golpista, a maior empresa nacional, as reservas de petróleo do país e a chance de encaminhar a maior negociata da história, a privatização da empresa e sua entrega às grandes petroleiras e ao capital financeiro. A força da mobilização popular derrubou o co-presidente do golpe.

Continuamos apanhando? Sim, os golpistas ainda têm muita força, controlam o Executivo, o Judiciário e o Congresso, manobram para manter o poder, agora ameaçam o país com o parlamentarismo. Mas começam a apresentar fissuras. E, depois de dois anos, começamos a bater de volta. A grande notícia é que, neste instante, os golpistas estão na defensiva.

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O desafio agora é: como avançar para restaurar a plenitude democrática no país? Como obrigar Temer à renúncia e colocá-los a bater em retirada, com a realização de eleições diretas presidenciais livres com Lula como candidato?

É meridiano que a manutenção da mobilização popular e a inteligência de uma boa articulação política são as chaves para este novo momento.

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Mas não está claro como isso será. Os líderes políticos, sindicais e populares estão se movimentando, conversando, tomando iniciativas.

Há um roteiro claro? Não. Mas não havia roteiro algum antes da greve dos caminhoneiros. E ela mudou a face do país.

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O que importa agora? Manter o foco, derrotar o golpe, forçar Temer à renúncia e reinstalar a democracia com um governo que seja expressão dos desejos vivos do povo e não da ganância mórbida dos ricos.

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