Canadá quer impedir venezuelanos de votar

"Ao tentar impedir o voto de 6 000 venezuelanos que residem em seu país, o governo do Canadá comete uma provocação diplomática incompatível com a soberania dos povos e nações", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247, que se encontra em Caracas para cobrir a eleição presidencial de domingo. Embora as pressões econômicas e políticas contra o governo Maduro não sejam uma novidade, PML lembra que "em caso de vitória seu governo terá dado um passo decisivo para sua consolidação, o que ajuda a entender o contexto real do ataque canadense" 

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz discurso semanal em Caracas 17/109/2017 Divulgação Palácio de Miraflores via REUTERS
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz discurso semanal em Caracas 17/109/2017 Divulgação Palácio de Miraflores via REUTERS (Foto: Paulo Moreira Leite)


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Ao ameaçar impedir 6 000 eleitores venezuelanos residentes em seu país de votar nas eleições presidenciais de domingo, o governo do Canadá confirma sua condição histórica de braço auxiliar da Casa Branca, que transformou a queda de Nicolas Maduro numa  prioridade absoluta da ruinosa diplomacia de Donald Trump.

Em vez de limitar-se às denúncias já costumeiras contra  o regime construído por Hugo Chávez, o governo canadense pretende passar às medidas práticas. Anunciou que irá impedir que os consulados e a embaixada da Venezuela abram suas portas no domingo, a data da eleição, para receber os imigrantes que, voluntariamente, pretendem comparecer às urnas para escolher quem vai governar o país. Nada mais democrático. 

É complicado imaginar como o governo canadense será capaz de cumprir tal determinação sem produzir incidentes diplomáticos sérios, pois a medida envolve o desrespeito às prerrogativas de um país estrangeiro sobre seus consulados e embaixadas. Como sabemos, são regras que dizem respeito a soberania de cada país, envolvendo condições invioláveis para o convívio entre povos e países. “Só as ditaduras podem impedir o direito ao sufrágio,” reagiu o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, com palavras até sóbrias diante da gravidade da ameaça canadense.

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Não é difícil compreender a causa real do ataque absurdo do governo canadense. Em termos práticos, a medida envolve um número pequeno demais para ter qualquer efeito na contabilidade final dos votos. Seu fundo é político, acima de tudo. Sinaliza a disposição de aproveitar qualquer oportunidade -- mesmo a margem da legislação internacional -- par atingir o governo Maduro e comprometer as eleições.

 Apesar das pressões contínuas contra Maduro, que incluem uma guerra econômica covarde e uma campanha permanente contra qualquer saída pela via democrática, até agora os inimigos do governo venezuelano não foram capazes de derrotá-lo. As insurreições promovidas de fora para dentro,  não levaram a lugar. Apenas desmoralizaram suas lideranças pelo emprego da violência indiscriminada. 

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Ao promover um pleito no qual um setor da oposição enxerga a oportunidade de lançar um candidato competitivo, se sair  vitorioso no domingo Maduro terá dado um passo decisivo para sua consolidação. A situação do país está longe de ser confortável para quem ocupa o governo mas a memória popular das conquistas obtidas nas últimas décadas é vista como um instrumento poderoso para a vitória de Maduro. 

Depois de vencer o grande sufoco político que enfrentou a após a morte de Chávez e o fortalecimento da oposição, Maduro abriu o caminho da sobrevivência pela eleição de uma Assembleia Constituinte. Confirmou a nova situação nas eleições municipais. O ataque canadense, que dificilmente seria disparado sem um sinal verde da Casa Branca, ocorre nesse contexto, de guerra geral contra vitórias históricas do povo venezuelano. 

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