O peixe morre pela boca

É um mundo de faz-de-conta; uma fábula político-econômica; um mito, mais um, da fermentada historiografia política brasileira e para ser registrada dessa vez, em placas de chumbo. Dizer que não há crise no Brasil é a derradeira mão de cimento na tumba do vampiresco Temer

(Brasília - DF, 18/05/2017) Pronunciamento do Presidente da República, Michel Temer, à imprensa. Foto: Beto Barata/PR
(Brasília - DF, 18/05/2017) Pronunciamento do Presidente da República, Michel Temer, à imprensa. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Ângelo Cavalcante)


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É um mundo de faz-de-conta; uma fábula político-econômica; um mito, mais um, da fermentada historiografia política brasileira e para ser registrada dessa vez, em placas de chumbo. Dizer que não há crise no Brasil é a derradeira mão de cimento na tumba do vampiresco Temer.
Lula, certa vez, com seu falatório sem fim ousou dizer que a maior crise de toda a história do capitalismo mundial era para o muito dependente Brasil, apenas e, tão somente, uma "marolinha". Quem não lembra disso? Eu lembro! A resposta veio rápida! Em trinta dias, a "marolinha" havia produzido um terremoto de um milhão de desempregados e todas as suas perversas circunstâncias.

Temer foi bem mais ousado e arrematou dizendo que "não há crise no Brasil". Não? Como assim? É possível não haver crise no Brasil? Há crise nos principais mercados do mundo! A Europa inteira está bloqueada, atravancada em seus modelos de desenvolvimento; os Estados Unidos com graves e insolúveis questões fiscais e orçamentárias; o Japão, desde os anos de 1980 segue envolto com dramas a envolver investimentos e poupança interna e nós, justamente nós, estamos livres dessa corrente planetária? O que então, ele está xeretando nesta bendita reunião?

É possível não haver crise em uma economia de mercado como a nossa, aliás, amplio: é possível não haver crise em uma economia de mercado, seja ela qual e onde for? E tanto faz se estou tratando de Uganda, Argentina, Suécia, Alemanha ou Djibuti! Tem mercadoria? Ali tem crise! Temer acaba de fundar uma escola de pensamento econômico... Não sei qual é porque ninguém sabe! Talvez ele algum dia, nos diga!

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Já somos dezesseis milhões de desempregados; o aumento escancarado da informalidade é visível; muita quebra, abandono ou falência de micro e pequenas empresas afinal, a parcela que de fato, gera empregos e postos de trabalho; fechamento de unidades de produção em todo o país; expressiva redução da capacidade de compra dos salários; reformulação do básico das leis do trabalho visando a ampliação do precariato; a mais elevada taxa de juros do mundo; mais de setenta milhões de pessoas inadimplentes e documentalmente negativadas; redução da atividade comercial; muito desemprego por desalento, aquele em que as pessoas, simplesmente se cansam de ouvir tantos "nãos" e ficam quietas. Estados e municípios sistematicamente arruinados e impossibilitados de custearem as próprias máquinas administrativas; compromissos constitucionais não são cumpridos pela imensa maioria dos entes federados e... Não há crise no Brasil.

Me digam... Dá pra continuar? Jamais brinquem com a economia, não ousem destratar dessa deusa impiedosa e benevolente; entendam para onde vai o corte da sua espada e... Se protejam!

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Confesso que tinha alguma dúvida sobre a queda de Michel Temer, sua desastrada declaração, no entanto, em meio ao incêndio de militâncias de Hamburgo, na Alemanha, por ocasião do encontro/desencontro do G-20 me sanou todas as dúvidas! Temer acabou!

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