Candidatos derrapam nos erros dos seus coordenadores

O debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, à luz do marketing eleitoral, foi um festival de horrores só comparável àquele onde o sujeito grita pelas ruas que "a galinha chorou", anunciando trinta ovos a dez reais

Candidatos derrapam nos erros dos seus coordenadores
Candidatos derrapam nos erros dos seus coordenadores (Foto: Reprodução)


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O debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, à luz do marketing eleitoral, foi um festival de horrores só comparável àquele onde o sujeito grita pelas ruas que "a galinha chorou", anunciando trinta ovos a dez reais. Antevi o desastre já na pergunta de entrada do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, acerca da nomeação de uma funcionária do deputado na Câmara, que passa o dia vendendo açaí numa birosca em Angra dos Reis. Se os estrategistas do PSOL se preocuparam em requentar uma notícia que não causou indignação popular na época, deveriam, pelo menos, pesquisar números comparativos para atacar os castelos de areia de Jair Bolsonaro. Poderia fazer uma projeção entre o número de aparelhos celulares roubados no Brasil, com o novo objeto de desejo dos assaltantes, que são as armas nas mãos dos incautos. Nos últimos 12 meses foram nada menos que 1,5 milhão de aparelhos furtados, a quase totalidade sem causar a morte das vítimas. Com arma de fogo é diferente. O assaltante sabe que haverá reação, e o Brasil se tornará cenário de jogos vorazes. O próprio fanfarrão já perdeu seu revólver num assalto, e só não ficou sem as cuecas para não ser muito esculachado.

Rotular o Bolsonaro de tudo aquilo que sabemos que ele é não vai adiantar de nada. Será que ninguém se deu conta de que é necessário tomar suas bandeiras? O apologista da tortura prega a militarização da educação e carta branca para a polícia matar à vontade? Então que se mostre à sociedade como esses aparelhos de segurança colaboram para alimentar a cadeia de violência, onde o crime organizado mantém um poderoso tentáculo. Toneladas de cocaína, armamentos pesados, corrupção e mortes de políticos que denunciam o envolvimento de policiais com o tráfico e com as milícias são publicados quase diariamente nos jornais do país. Bolsonaro escorrega nesta casca de banana fácil.

E o Ciro Gomes? O mais preparado dos candidatos que participaram do debate da Band, acabou se transformando num folclórico "homem do SPC", e até o Bolsonaro tirou um sarro na cara dele. Seus estrategistas de campanha não devem dar muito valor ao título de professor de Harvard, sua experiência administrativa como governador do estado do Ceará, e nem mesmo tomou emprestado – por pura vaidade -, o sucesso econômico do governo Lula, do qual participou. É claro que o representante do PDT deu umas pinceladas sobre alguns temas, mas dificilmente se livrará do rótulo populista que seu marqueteiro carimbou em sua testa.

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O camarada que está desempregado, com ordem de despejo, a luz cortada, as crianças transferidas para escola pública, na geladeira só tem garrafa d´água e a despensa com ração racionada está lá preocupado com nome no SPC? Ciro tem de apresentar suas propostas para resolver esses problemas com a maior celeridade, assumindo de vez uma agenda totalmente oposta à defendida por Geraldo Alckmin, oponente que tratou com rapapés durante o debate, certamente pensando num segundo turno.

Marina Silva é água de bacia. O mesmo discurso, os mesmos números decorados, o mesmo papel de coadjuvante que lhe garantiu sucessivas derrotas. Agora, em matéria de marketing de emboscada, o candidato Álvaro Dias merece medalha de ouro. Cascateiro até a quintessência, acha que o eleitor dará credibilidade ao factoide de chamar Sérgio Moro para ministro da Justiça.

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Quem esperou questionamentos sobre a corrupção deslavada no governo Geraldo Alckmin, perdeu tempo naquele debate. O ex-governador de São Paulo arrotou hipocrisia ao defender prisão para corruptos, como se debaixo do seu narigão não aspirasse o cheiro do dinheiro da merenda e do superfaturamento do Rodoanel. Essa omissão tem uma explicação. Como ninguém enxerga o tucano no segundo turno, é melhor deixar que as redes sociais sepultem o amigo do Aécio Neves, para depois disputarem a carcaça, tal qual hienas.

Parece que os medalhões do marketing eleitoral não estão sabendo lidar muito bem com um cenário de dinheiro escasso e vigiado. Ontem assistimos a um festival de tecnicismos, chavões e promessas vazias, enquanto a sociedade espera é brilho nos olhos, sinais de esperança, abraços acolhedores. Libertem o Lula que ele liquida essa fatura no primeiro turno. Ele sabe dialogar com o povo, arrancar as máscaras dos adversários, emocionar multidões. E ele não precisa de marqueteiro nenhum para orienta-lo. Está no seu DNA.

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Há uma fragilidade tão visível nas candidaturas permitidas pelo juiz Sérgio Moro, que até mesmo um total desconhecido, como esse Cabo Daciolo, numa única aparição na TV consegue arrancar um naco do eleitorado do Bolsonaro. No próximo debate, Lula estará presente, ou de corpo presente ou representado por Fernando Haddad. Não é a mesma coisa, lógico. Mas se os marqueteiros e os coordenadores de campanha insistirem em errar tanto com seus clientes, como fizeram na Band, o PT certamente voltará ao poder em 2019.

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