Direita, volver: militarização educacional-cultural anticapitalista-fundamentalista bolsonariana

A educação bolsonariana, monitorada pela cultura religiosa evangélica, fundamentalista, anti-ocidental, quer remover o que está assentado na Constituição de 1988, a pluralidade democrática, consagrada na lei de diretrizes e bases



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Educação familiar

Os militares emplacaram o novo ministro da Educação, Ricardo Velez Rodrigues, colombiano, egresso da teologia acadêmica, na Universidade Federal de Juiz de Fora, e professor da escola de comando do Estado Maior.

Suas primeiras declarações são as de priorizar a educação familiar, na linha do projeto de lei bolsonariano, em tramitação, no Congresso, da denominada escola sem partido; trata-se de ideologizar a educação brasileira, voltando-a, preferencialmente, para os valores familiares em relação aos valores mundanos, desenvolvidos na social democracia sintonizada com a Constituição de 1988.

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De acordo com a nova ordem, o Ministério da Educação recomendaria, para concretização da educação familiar, a criação, nas escolas, dos comitês de ética, a objetivar união família-escola; a família conduziria a escola e não a escola a família; abre-se, dessa forma, conflito ideológico sócio-econômico-cultural, no Brasil, inserido, por sua vez, no contexto da globalização capitalista cultural ocidental.

A educação bolsonariana, monitorada pela cultura religiosa evangélica, fundamentalista, anti-ocidental, quer remover o que está assentado na Constituição de 1988, a pluralidade democrática, consagrada na lei de diretrizes e bases; sua origem cultural, por sua vez, está no pensamento ocidental, desenvolvido mais intensamente no século 20 no curso do progresso social democrata, no pós-segunda guerra mundial.

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Fim da pluralidade social democrata

Nos governos do PT, a pluralidade ganhou dimensão extraordinária, no compasso do processo de melhor distribuição da renda; nova regra para o salário mínimo, reajustado pelo desenvolvimento econômico, impulsionado como opção pelo social como base da dinamização econômica, criou nova realidade social participativa.

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Maior poder de compra aumentou as demandas sociais culturais, que influenciam, decisivamente, a expansão de novos costumes, novos consumidores, sempre associados à necessidade de expansão consumista capitalista, para justificar investimentos em escala.

A extroversão cultural, sexual e ideológica, associada à liberação dos costumes etc avançou, significativamente, com a oferta de oportunidades às classes sociais mais pobres por mais educação, cobrindo todos os ciclos, do primário ao superior; ampliaram-se mercado de trabalho e mercado consumidor cultural capitalista, motor de reprodução do capital investidor, público e privado.

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Haveria essa expansão em governos tucanos, por exemplo, se eles tivessem exercido, para valer, a social democracia – que o bolsonarismo ideológico generaliza como comunista -, e não um arremedo social democrata, cuja eficácia eleitoral inexistiu, ao longo de 4 disputas presidenciais entre PSDB e PT; os tucanos jamais  distribuíram renda; foram punidos nas urnas, seguidamente.

A social democracia tucana vigorou, apenas, da boca para fora, em comparação à social democracia praticada pelo PT, que se revelou, eleitoralmente, sucesso; somente foi barrada pelo golpe neoliberal de 2016, para prender Lula, candidato petista, sem prova concreta do suposto crime praticado.

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Perigo revolucionário

A democratização social, econômica e cultural petista transformou a social democracia brasileira em perigo revolucionário, para o fundamentalismo evangélico, cultor dos valores conservadores; com Bolsonaro, a bancada evangélica quer reverter essa lógica; planeja expandir-se, política, social, comercial e ideologicamente, de preferência.

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Sobretudo, a tarefa de destruição da social democracia, no governo Bolsonaro, visa, em nome do combate à corrupção, acelerar economia do livre mercado – melhor remédio contra a corrupção social democrata.

O livre mercado, portanto, requer a bancarrota da social democracia, fonte de corrupção dos valores e dos costumes, alvo preferencial a ser atacado pela cultura evangélica, restauradora de nova moralidade.

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A educação social democrata, para os evangélicos, possui o germe destruidor da crítica; ele precisa ser eliminado, com supressão do pluralismo democrático, cuja essência é a liberdade; essa dinâmica libertária incomoda os evangélicos; consideram-na corruptora dos valores familiares; para mantê-los e fortalecê-los, tome escola sem partido, marcha fúnebre rumo à obscuridade cultural de neo idade média em pleno século 21.

Má notícia para negócios

Do ponto de vista dos capitalistas da indústria cultural, essa estratégia obscurantista, que marca fim da pluralidade ideológica, para estabelecer a ordem evangélica, inibe negócios e inviabiliza os lucros industriais, dependentes do comércio da cultura e da educação.

A estratégia educacional fundamentalista, que está por trás da escola sem partido, capitaneada pelo ministro Rodrigues, apoiado pelos militares, baterá de frente com os capitalistas da indústria cultural social democrata, essencialmente, plural – puro comunismo, segundo o bolsonarismo ideológico.

Seria uma boa para a imagem popular dos militares, que bancariam o novo ministro e sua política obscurantista culturalmente prejudicial aos negócios?

Os militares, em nome da ideologia, estariam dispostos a destruir a indústria cultural anti-fundamentalista, que precisa, para sobreviver, da pluralidade cultural capitalista, como negócio que se espalha, no mercado global?

A contradição essencial é que o imaginário social libertário, que movimenta a indústria cultural, dependente do mercado plural, teria que ser exterminado, para dar espaço ao obscurantismo evangélico bolsonarista militarista medieval.

O resultado, claro, seria mais desemprego, menos renda, menos consumo, menos produção, arrecadação e investimento e mais recessão e tensão social.

Greves universitárias estão à vista como antítese a essa tese bolsonariana conservadora.

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