Quem tem medo de Eduardo Cunha?

A realidade é que, para o bem da Nação, o reinado de Cunha está chegando ao fim. Sete meses depois de derrotar o governo, conquistar a presidência da Câmara e se transformar numa das mais incômodas figuras da oposição, Cunha, por mérito próprio cavou seu buraco

eduardo cunha
eduardo cunha (Foto: Chico Vigilante)


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Já na sepultura e temendo a pá de cal sobre a cabeça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esperneia e pode ainda representar um perigo tanto para seus aliados da oposição como para as tentativas do governo de alcançar uma governabilidade que garanta avanços políticos e econômicos para o país.

A quantidade e a gravidade das denúncias contra ele, e a proximidade do momento em que terá que prestar contas à Justiça, levaram Cunha a mandar o clássico recado dos desesperados , “não vou cair sozinho”, ao vice Michel Temer. Quem tem medo de Eduardo Cunha?

Ele continua cantando de galo mesmo com a corda no pescoço. Diante da tentativa frustrada de minar as iniciativas de Dilma na montagem de um novo ministério com indicações de nomes peemedebistas, ele garante que não é com a indicação de peemedebistas para o ministério que o governo vai aprovar a CPMF no Congresso - uma das principais batalhas do governo para sanar a crise econômica.

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O deputado insiste em dar declarações negando qualquer participação na reforma ministerial - como se todos já não soubessem que acabou alijado do processo.

Parte de seu discurso é repetir o óbvio: a existência de divergências dentro do PMDB sobre manter ou não apoio ao governo.

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Claro que há divergências internas no PMDB. Ele só esqueceu de informar ao respeitável público que nesta nova conjuntura foi ele, Cunha, quem mais perdeu terreno e liderança.

A aliança PT/PMDB, que até a eleição era vista como algo pacífico e normal, é colocado agora por Cunha como abominável.

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Ao criticar o que qualifica de "tentativa de reintroduzir o PMDB" no projeto do atual governo com a oferta de cargos a deputados da bancada, Cunha está jogando para a plateia porque quem nunca deixou de estar no governo não pode ser reintroduzido.

Ele continua falando como se ainda tivesse maioria na bancada e como se ainda tivesse força de líder para influenciar decisões.

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Não, não tem. Ela já foi tomada e Cunha está muito irritado. Foi ferido de morte quando entre os nomes apresentados pelo líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), à Dilma para o ocupação de pastas no ministério estão os deputados peemedebistas Manoel Júnior (PB) e Marcelo de Castro (PI), vice-líderes da bancada na época em que Cunha era líder do partido.

Diante do fato consumado ele frisa: ignoro o que está acontecendo com a reforma, não tenho ingerência e nem quero ter. Defendo que o PMDB saia do governo. Como se ainda tivesse peso para tal.

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Essa passou a ser sua posição desde julho, depois da publicação das declarações do delator Júlio Camargo de que o presidente da Câmara teria recebido propina de U$ 5 milhões do esquema de corrupção da Petrobras, em contrato celebrado entre a estatal e a empresa coreana Samsung.

Ele ataca o governo mas se nega também a comentar as declarações do ex-gerente da área internacional da Petrobras Eduardo Musa, que afirmou ser Cunha quem dava a palavra final em relação às indicações para a Diretoria Internacional da estatal.

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou denúncia contra Cunha ao Supremo Tribunal Federal (STF), na qual ele pede 184 anos de prisão para o possível réu, por envolvimento em esquema de corrupção que drenou cerca de R$ 80 bilhões da Petrobras.

Na peça jurídica encaminhada ao STF, Cunha é acusado, em 85 páginas, por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo investigações da Polícia Federal, Cunha teria usado a igreja a que pertence, a Assembleia de Deus em Madureira, Zona Norte do Rio, para lavar dinheiro e distribuir parte da propina arrecadada, durante sua campanha eleitoral.

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Para Cunha, não foi o grande número de indícios a seu respeito que levaram à apresentação da denúncia contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas isso aconteceu porque o governo forçou a delação e a seguir o procedimento de Rodrigo Janot. Só pode ser piada!

A realidade é que, para o bem da Nação, o reinado de Cunha está chegando ao fim. Sete meses depois de derrotar o governo, conquistar a presidência da Câmara e se transformar numa das mais incômodas figuras da oposição, Cunha, por mérito próprio cavou seu buraco.

Quando coloca a cabeça no travesseiro à noite deve estar realmente consciente de seu isolamento dentro do próprio partido, demonstrado em Brasília e no Rio nos últimos dias.

A passagem que melhor ilustra o sucesso, parcial até o momento, de Dilma em relação à neutralização da ação nefasta de Cunha, foi o diálogo divulgado pela mídia entre Cunha e o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.

Foi o líder que aceitou levar a proposta do governo aos deputados. Quando soube, Cunha chamou Picciani e propôs uma aliança para recusar a oferta presidencial.

O líder da bancada refutou e disse a Cunha: “Você é oposição; eu, não. Você quer o impeachment; eu, não”.

O placar final da reunião da bancada do PMDB (42 a favor e nove contra) demonstrou que Cunha perdeu a liderança da maioria da bancada - a mesma que respaldara sua ascensão à presidência da Câmara.

A verdade é que Cunha tentou levar o PMDB para a oposição, mas na dança da política perdeu para o vice Michel Temer e o senador Renan Calheiros e ao se aliar a Aécio, trombou com a cúpula do PMDB do Rio, o que contribuiu para a precarização de sua situação.

Além da indicação de nomes ao ministério pela bancada em Brasília, o PMDB fluminense anunciou esta semana 71 candidatos a prefeito para a eleição de 2016, com 12 alianças - duas das quais com o PT, sem nenhum pitaco de Cunha.

Cunha pulou com o paraquedas do impeachment e, pelo menos até o momento, não abriu. Na descida, ele ainda comanda a pauta de votações na Câmara e garante que toda a bancada é muito próxima a ele e que não vê nenhuma mudança de cenário para próximas votações. Ledo engano.

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