O preço do golpe

Pior é saber que ainda falta muito para que se alcancem os verdadeiros objetivos do golpe: destroçar as leis trabalhistas, liquidar conquistas de décadas na seguridade social, abrir as portas e janelas do país ao entreguismo mais mesquinho, ou seja, as tão mencionadas "reformas" anunciadas e prometidas por Temer e seu pessoal.

michel temer
michel temer (Foto: Eric Nepomuceno)


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Dias atrás, Michel Temer, que ocupa a presidência de Brasil desde o golpe institucional do ano passado, afirmou que a economia começava a mostrar resultados excelentes.

Bom, em se tratando de um cavalheiro que, ao discursar no Dia Internacional da Mulher, disse que o papel delas era essencial para saber dos aumentos de preços nos supermercados, se pode esperar qualquer coisa. Inclusive semelhante disparate.

A verdade verdadeira é bem diferente: a pior recessão da história do país é o preço a se pagar pelo golpe institucional que se iniciou em 2015 e que levou à destituição de Dilma Rousseff, processo que se desenrolou entre abril e agosto do ano passado, sacramentado pela legislatura de mais baixo nível das últimas muitíssimas décadas, com parte substancial de deputados e senadores diretamente comprados – não há outra palavra – para assegurar o golpe, sempre sob o olhar bovino do Supremo Tribunal Federal.

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Ler os diários econômicos por estes dias é como entrar na literatura de horror, recheada de mentiras e fracassos. E o noticiário político se parece cada vez mais às páginas policiais, onde se destacam cada vez mais os principais integrantes do governo ilegítimo – e também os secundários.

Entretanto, o pior é saber que ainda falta muito para que se alcancem os verdadeiros objetivos do golpe: destroçar as leis trabalhistas, liquidar conquistas de décadas na seguridade social, abrir as portas e janelas do país ao entreguismo mais mesquinho, ou seja, as tão mencionadas "reformas" anunciadas e prometidas por Temer e seu pessoal.

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Jamais, nem mesmo nos tempos de Fernando Henrique Cardoso (menos ainda em seu segundo mandato, entre 1999 e 2002), o neoliberalismo atuou no meu país com semelhante fúria. Existem dados alarmantes que provêm de entidades que podem ser classificadas de qualquer coisa exceto de simpatia ou proximidade com a esquerda em geral, ou com Lula e o PT em particular.

O Banco Mundial, por exemplo. Em um informe sobre o ano de 2015, quando o governo de Dilma Rousseff esteve literalmente paralisado pela Câmara de Deputados – quando esta era presidida por Eduardo Cunha, ferramenta principal dos golpistas – a pobreza aumentou no Brasil, de 7,4% a 8,7% da população.

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Foi a primeira vez em dez anos que o número de brasileiros pobres cresceu. Pois em 2016, as projeções indicavam que esse porcentual se aproximaria perigosamente dos 10%. Um de cada dez brasileiros será pobre. Se Lula conseguiu tirar o Brasil do mapa mundial da fome, Temer e seus colaboradores fazem o contrário, aumentam o número de pobres existentes no país.

Outra instituição tão respeitada pelos neoliberais e os golpistas irresponsáveis é o Fundo Monetário Internacional – o famoso FMI –, que fez graves alertas sobre os riscos de que se chegasse aonde chegamos: há um ano, uma análise da instituição dizia que "os principais riscos para a economia do Brasil" estavam num "cenário político turbulento".

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Mais turbulento que o que existe agora é impossível, ou quase. E digo "quase" porque é impossível prever o que virá no futuro imediato. O que vai acontecer na semana que vem, por exemplo, ou na seguinte. Foram muitos e seguidos os avisos do FMI alertando que as ações para destituir a presidenta Dilma Rousseff e afastar o PT do poder afetariam duramente a economia do país. Ninguém os escutou, nem o empresariado, menos ainda o mercado financeiro, e tampouco as grandes centrais patronais.

Quando o FMI – o FMI! – diz e repete que a negativa de suas excelências – tanto as da Câmara quanto as do Senado – em aprovar as medidas de ajuste fiscal impulsadas pela então mandatária poderia levar o país à quebra, os que passaram a vida ajoelhados diante desse altar preferiram, de repente, das as costas. No Congresso, falou mais alto, muito mais alto, a voz do mercado, que intercambia votos por interesses, por postos e por verbas – e, muitas vezes, votos por dinheiro sujo.

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E o que diz agora o FMI? Que a perspectiva é a de que a economia brasileira continuará paralisada, ou quase. Ou seja, que o desemprego continuará destroçando vidas, que a pobreza seguirá crescendo, que o país seguirá se destruindo lentamente.

Este é o retrato de um país em descomposição ética, política, moral e, claro, econômica. Este é o preço, terrível preço, tenebroso preço, da traição levada a cabo por um bando de ressentidos, liderados pelo frustrado Aécio Neves e por Fernando Henrique Cardoso, que nunca aceitaram as quatro derrotas consecutivas sofridas nas urnas eleitorais.

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Este é o preço do cinismo, da ambição e da covardia da quadrilha que gravita ao redor de um homenzinho cuja estatura moral, ética e intelectual pode ser coberta por uma folha seca nas veredas do mundo.

De um homenzinho que seguiria sendo a insignificância conspiradora e corrupta de sempre se não tivesse sido alçado às inalcançáveis alturas da poltrona presidencial, usurpada por seus chefes e entregue a ele por pura conveniência. Ao fim e ao cabo, para tal missão não lhe falta talento. Temer sempre foi um conspirador desleal. É a figura perfeita para a missão que lhe foi conferida.

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