Receita para destroçar um país

Enquanto Bolsonaro dedica seu tempo a despejar ódio e rancor pelo Twitter, alguns dos seus ministros travam uma feroz disputa para saber quem é o mais bizarro. A assombrosa capacidade de Jair Bolsonaro – e de parte de seus ministros – de disparar estupidezes e um imenso repertorio de atitudes patéticas é o dado mais visível do que ocorre no Brasil

Receita para destroçar um país
Receita para destroçar um país (Foto: Adriano Machado - Reuters)


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Enquanto Bolsonaro dedica seu tempo a despejar ódio e rancor pelo Twitter, alguns dos seus ministros travam uma feroz disputa para saber quem é o mais bizarro

A assombrosa capacidade de Jair Bolsonaro – e de parte de seus ministros – de disparar estupidezes e um imenso repertorio de atitudes patéticas é o dado mais visível do que ocorre no Brasil.

Bolsonaro tem Donald Trump como modelo a seguir.

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E em ao menos um aspecto ele conseguiu superar seu ídolo: em seus primeiros 68 dias como presidente, o primata brasileiro mentiu 82 vezes em suas declarações oficiais.

Trump precisou de três longos meses para alcançar essa marca.

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Os dois também possuem outro ponto em comum, com outra vitória do brasileiro: o peso de seus familiares na administração. Quando comparado ao clã Bolsonaro – o capitão e seus três hidrofóbicos filhos – o clã de Trump se transforma em um exemplo de equilíbrio e serenidade.

Enquanto o capitão dedica seu tempo a despejar ódio e rancor pelo Twitter, alguns dos seus ministros travam uma feroz disputa para saber quem é o mais bizarro.

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O de Relaciones Exteriores se define como um guerreiro da luta contra a contaminação marxista que sufoca a humanidade.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, uma evangélica fundamentalista, diz ter adotado uma menina indígena (hoje uma jovem de 20 anos) apesar de jamais ter realizado os trâmites previstos na lei: se apoderou dela e pronto.

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O de Educação, um colombiano que ninguém jamais havia ouvido falar, vê a ameaça comunista muito próxima.

O do Meio Ambiente apresentou em seu currículo um mestrado em Harvard, sem jamais ter posto o pé em uma classe em tal universidade.

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A lista de aberrações traz novidades todos os dias, mas o epicentro dessas sandices vem do guru do clã Bolsonaro, um astrólogo que se apresenta como filósofo e professor, embora não tenha terminado sequer o primeiro grau.

A grande ameaça, em todo caso, não está na parte mais visível do que, por delicadeza, se costuma chamar "governo": está no que começa a gotear dos integrantes da equipe econômico encabeçada por Paulo Guedes, um especulador do mercado que tem como ponto máximo de sua carreira uma colaboração com um governo que considera paradigmático, o do general Pinochet, no Chile.

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Por estes dias essa tropa celebrou o sucesso do primeiro leilão do programa de privatizações, o dos aeroportos brasileiros.

O troféu máximo foi entregue à espanhola Aena, que pagou 500 milhões de dólares pelo bloco mais atraente. Detalhe: 51% das ações da Aena pertencem ao Estado.

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Ou seja, uma estatal espanhola "privatizou" uma estatal brasileira.

Guedes anunciou que "nos próximos anos" entre 40% e 50% dos funcionários públicos se aposentarão, e não serão abertos novos concursos para substituir essas vagas.

"Vamos investir na digitalização", disse.

No Brasil, o total de funcionários públicos ativos representa 1,6% da população.

Para fundamentalistas do neoliberalismo, como Guedes, essa é uma fonte dos males que padecemos.

Talvez se esqueça – ou não saiba – que na Alemanha, essa proporção é de 10,6%, nos Estados Unidos é de 15,3%, na França: 21,4%, na Suécia: 28,6%, e na Noruega é de exatos 30%.

Os bancos públicos vão sendo desmantelados aos poucos.

A Caixa Econômica Federal, com mais de um século de vida, venderá os serviços de cartões de crédito e uma de suas enormes fontes de lucro, as loterias.

Se dependesse do presidente do Banco do Brasil, o destino da instituição seria a morte súbita.

Também o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, daria à empresa – e a todas as estatais – idêntico destino.

Castello Branco sabe que não pode realizar seu sonho numa única jogada.

Então, o fará pouco a pouco: começará vendendo a distribuidora BR.

Os alvos seguintes serão as refinarias, e há muito sendo "cuidadosamente estudado".

Em outros âmbitos, as universidades federais caminham para a guilhotina.

Ou seja: enquanto o país se distrai com aberrações escandalosas, outros escândalos – muito mais devastadores – são tramados nas sombras.

Os mercadores já sabiam: Bolsonaro é a receita perfeita.

*Publicado originalmente no Página 12

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