As férias de Zavascki não dão sossego ao Brasil

Enquanto estiver solto, Cunha tentará de todas as formas fazer da Câmara dos Deputados o quintal da sua casa, com as tratativas mais privativas e patrimonialistas

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante sessão plenária em Brasília. 24/11/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante sessão plenária em Brasília. 24/11/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Gabriel Nascimento)


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Nada contra o direito de férias de qualquer trabalhador que seja. Mas a situação do Brasil só piora nas mãos de um chantagista do naipe de Eduardo Cunha. Repetidas manobras e reiteradas tratativas com uma tropa de choque disposta a derrubar, através de um golpe, a presidenta Dilma fazem de Cunha um perigo para a sociedade brasileira. Acusado de todo tipo de falcatrua ligada aos contratos da Petrobrás, Cunha estampa as páginas policiais, mas as páginas políticas é que ele devia ocupar.

Acuado, Cunha vai tentar todas as cartadas. Para fazer andar o impeachment vai apostar na mudança do Regimento Interno e vai continuar manobrando sobre o processo contra ele próprio recém-admitido. Já está muito claro que Cunha é um perigo para a República e tem agido de todas as formas para prejudicar o país em nome de seus interesses. As milhões de evidências se somam ao resultado da busca da Polícia Federal, autorizada pelo STF, em suas propriedades e na Residência Oficial da Câmara dos Deputados. Qualquer pessoa mais próxima da esquerda no lugar de Cunha já teria sido presa. Resta saber se a sociedade brasileira vai poder acreditar no judiciário, porque é dele que Cunha tem desdenhado.

Está marcada para fevereiro a decisão do Ministro Teori Zavascki sobre a prisão de Cunha. O ministro, com razão, decide usar seu direito de férias. Poderia tirar apenas um dia e analisar algumas das centenas de páginas de documentos entregues pelo procurador geral da república.

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As férias de Zavascki seguramente são um direito seu, mas não dão sossego ao país. Enquanto estiver solto, Cunha tentará de todas as formas fazer da Câmara dos Deputados o quintal da sua casa, com as tratativas mais privativas e patrimonialistas. Com ele o rito de entrada na Câmara dos Deputados já tornou comum a não entrada de visitantes nas quartas-feiras. A Câmara dos Deputados se afastou do povo e deixou de ser a sua maior expressão. De lá todas as pautas-bombas que podem atrasar o país têm andado livremente, a criminalização da juventude e dos movimentos sociais, a mudança na demarcação de terras indígenas, os estatutos e leis que impõem modelos únicos de composição familiar, as PECs que são verdadeiras bombas e que podem constitucionalizar absurdos. Definitivamente o Brasil andou para trás com Cunha. A marcha desse senhor é uma marcha à ré irresponsável e absurda para satisfazer seus interesses espúrios. Ou Zavascki decide o destino do Brasil ou não resistiremos até fevereiro.

Gabriel Nascimento é mestre em Linguística Aplicada pela UnB  e doutorando em Letras da Universidade de São Paulo, além de diretor da Associação Nacional de Pós-graduandos. 

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