Refazer o pacto da "nova República": o desafio político atual

A gravidade da situação chegou a tal ponto que obriga a todos a compreensão exata dos acontecimentos. E saibam para onde apontam os projetos atuais do governo Temer. Se para um Futuro de Desenvolvimento e Progresso, ou para um inexorável retrocesso que nos conduzirá, fatalmente, aos piores momentos da história dos povos e nações submetidos ao Totalitarismo. E à estupidez

Foto externa do Congresso Nacional 
Foto externa do Congresso Nacional  (Foto: Geniberto Paiva Campos)


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Refletir sobre a democracia contemporânea como se ela fosse inocente das violações a que tem sido submetida denuncia de pronto a insuficiência da análise. ” (1)

A transição pacífica do regime autoritário (1964/1985) para a Democracia foi uma competente obra de engenharia política do povo brasileiro.

Um raro momento em que os dirigentes políticos, de todas as tendências, perceberam que o retorno à Democracia plena era o maior desafio à sua inteligência e capacidade de negociação.

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Dois nomes, que a seu modo fizeram oposição ao regime autoritário, se destacam de forma consensual, naquela difícil circunstância: Tancredo Neves e Ulisses Guimarães. Artífices emblemáticos da transição democrática.

Valendo lembrar ainda, pela coragem cívica e capacidade de articulação, Teotônio Vilella e Fernando Lyra.

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No entanto, segmentos políticos e militares que apoiaram as duas décadas de governos autoritários tiveram, inegavelmente, papel relevante na construção da “Nova República”.

Naturalmente, afloram à nossa memória e reconhecimento histórico os nomes de Aureliano Chaves (o então vice do presidente João Figueiredo); José Sarney (presidente do PDS, partido de sustentação do regime militar) e Antonio Carlos Magalhães (então governador da Bahia). (2)

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Outros nomes podem ser lembrados por apostarem na Democracia, correndo riscos inevitáveis por suas posições políticas anteriores: Marco Maciel e Jorge Bornhausen, por exemplo.

A articulação e o desenvolvimento desse complexo Pacto Político, propiciou ao Brasil a vivência de um período no qual o país retomou, de forma natural e pacífica, a Democracia plena (1985/2016).

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Talvez a mais longa etapa democrática – 31 anos – da nossa história republicana.

Na avaliação do sociólogo Wanderley Guilherme dos Santos, “as intervenções atrabiliárias na vida política contemporânea são erupções imanentes à fase propriamente democrática das histórias nacionais e exprimem um desarranjo dessas histórias”. (1)

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Para o sociólogo, as intervenções golpistas não se originam num universo paralelo à Democracia. Tais rupturas se localizam num “continuum” de complexidade crescente, quando ultrapassam os limites de assimilação das  instituições. Criando-se, então, um poder arbitrário, alheio ao voto popular. (1)

Daí, que o retorno à Democracia, quando obtido por consenso, poderá ampliar o espaço democrático, atenuando as cicatrizes decorrentes do Golpe.

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Decorrido menos de um ano de vigência do governo Michel Temer, mero aprendiz do jogo político, que assumiu o poder através de meios ilícitos, e tenta nos impor uma pauta inviável, o país mergulhou no caos. Econômico, político, institucional. Com o desemprego em níveis alarmantes. E o espectro da miséria e da fome já visíveis no horizonte.

Conduzido por um governo de legitimidade questionável. Desprovido de votos e de apoio da população aos seus projetos insustentáveis. O qual, ingenuamente, acredita ter no Congresso Nacional a sua base de sustentação política. Suficiente para dispensar o apoio popular.

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A saída, mais uma vez, aponta para a urgente necessidade de construção de uma nova pactuação política. Necessária para a retomada do Desenvolvimento, da Soberania, do Estado Democrático e da garantia dos Direitos dos Trabalhadores.

Condições seriamente ameaçadas pela teoria neoliberal. Uma maluquice que pretende fazer o país retornar ao século XIX. Um retrocesso impossível, em qualquer circunstância histórica.

 Insistindo em recriar a condição inaceitável de uma nação sem identidade cultural. Com uma economia dependente. Com o seu parque industrial semidestruído. Educação, Ciência & Tecnologia com seu futuro ameaçado. Ausência de programas sociais. Cada vez mais distante da igualdade e da inclusão da população marginalizada. Extinção gradual do Estado de Direito. Projeto absolutamente irreal. Ditado pelo Consenso de Washington.

Um país restrito aos ricos e muitos ricos. Onde os carentes e excluídos não têm vez. Alienando, de forma alegre e irresponsável aos grupos estrangeiros interesses estratégicos do Brasil e a própria soberania nacional. Tornando-o um país dependente. Muito longe do sonho de se transformar numa grande potência.

Foram cometidos vários erros políticos. Feitas avaliações equivocadas da situação política, econômica e institucional do país. Culminando na interrupção, de fato, do processo democrático.

Urge, neste momento, a dura, difícil construção de um novo pacto político.

Sem a necessidade de apresentação de folha corrida ou atestado de bons antecedentes dos seus integrantes. Como falou Tancredo Neves em 1984, na fase decisiva da transição para a Democracia: - “Importa olhar para o Futuro. O julgamento dos eventos passados ficará para a História” (2)

A gravidade da situação chegou a tal ponto que obriga a todos a compreensão exata dos acontecimentos. E saibam para onde apontam os projetos atuais do governo Temer. Se para um Futuro de Desenvolvimento e Progresso, ou para um inexorável retrocesso que nos conduzirá, fatalmente, aos piores momentos da história dos povos e nações submetidos ao Totalitarismo. E à estupidez.

Os dirigentes políticos e as lideranças responsáveis do país têm a palavra. (**)

(*) Do Coletivo Lampião

(1) Wanderley Guilherme dos Santos in “A Democracia Impedida – O Brasil no Século XXI “– FGV  Editora / Rio de Janeiro/ 2017.

(2) Plínio Fraga in “Tancredo Neves, o Príncipe Civil” – Ed. Objetiva/Rio de Janeiro/ 2017

(**) – Apenas um lembrete:

Para sair do atoleiro no qual o país se encontra é necessária a construção de um Novo Pacto entre todos os brasileiros. O primeiro passo.

E a revisão crítica do Regime Presidencialista, indutor e facilitador de crises institucionais permanentes. O passo subsequente.

Países onde se adota o Parlamentarismo, gozam, geralmente, de estabilidade política e institucional. Que facilitam o desenvolvimento e o progresso, frutos da harmonia social e política.

Curiosamente, não há nenhum país da América Latina que adota o Parlamentarismo...

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