A tornozeleira eletrônica no cérebro das “zelites”

Alguns políticos, pelo menos aqueles que se esforçam para usar os dois hemisférios cerebrais e mais de dois neurônios para pensar, começam a perceber o buraco (mais precisamente o abismo) para onde empurraram o Brasil. E finalmente entenderam que pode ser um caminho sem volta

A tornozeleira eletrônica no cérebro das “zelites”
A tornozeleira eletrônica no cérebro das “zelites” (Foto: Ueslei Marcelino - Reuters)


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Alguns políticos, pelo menos aqueles que se esforçam para usar os dois hemisférios cerebrais e mais de dois neurônios para pensar, começam a perceber o buraco (mais precisamente o abismo) para onde empurraram o Brasil. E finalmente entenderam que pode ser um caminho sem volta.

Os medíocres começam a acordar do seu sonho de Poder Absoluto, onde aproveitando alguns formalismos e brechas constitucionais e o auxílio luxuoso de políticos e estadistas do Poder Legislativo, de juízes luminares do Poder Judiciário e de eminentes jornalistas independentes do Poder Midiático, assumiram plenos poderes e convocaram outros medíocres para compartilhar seu reinado. Uma festa.

Mas após dois anos de exercício do sonho absolutista, de insana mediocridade e estupidez incuráveis, com sua excelência o Povo alijado dos seus direitos e da mais mínima participação no processo decisório, começam a desconfiar do tamanho e profundidade da crise institucional para onde jogaram o país. E tampouco seus fiéis auxiliares, os eminentes jornalistas independentes, conseguem arranjar explicações para tanta estultice e para as mentiras travestidas da “pós-verdade”. Aprenderam, finalmente, aquilo que o ilustre Conselheiro Acácio ensinava, há décadas: o problema das consequências é que só vêm depois...

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O que se observa agora, diante da situação de calamidade política, econômica e institucional do país, de retrocesso democrático é que os poderosos somente cuidam dos seus interesses.E possuem infalível instinto de sobrevivência.

Frente às previsíveis dificuldades em continuar no exercício do poder pela via eleitoral, começam a emitir sinais da necessidade de acordos em prol da pacificação e conciliação política no âmbito nacional. Uma nova divisão do poder. Tudo pelo futuro do Brasil, claro.

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Sempre o mesmo “enredo” (script, em bom português), desde a Velha República. Fica camuflada na proposta de acordo a ameaça de aprofundamento do golpe de 2016, agora com a presença mais ostensiva e intensiva dos militares. Bastante inquietos com os rumos do país. Dispostos a se tornarem, novamente, juízes e avalistas do processo eleitoral de outubro. Caso os resultados não sejam palatáveis. E falam abertamente dessa possibilidade.

E vai para o ralo, definitivamente, o grande acordo das forças políticas – a Nova República – que garantiu a transição para a Democracia após a ditadura militar, 1964-1985.

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O uso metafórico da tornozeleira eletrônica monitorando o cérebro das classes dominantes não foi suficiente para manter o comportamento esperado -silente e concordante - das “zelites” em momento tão difícil. O instinto de sobrevivência e o exercício do poder são valores que se alevantam e falam mais alto. Algumas lideranças conservadoras já acenam para a necessidade de acordos e entendimentos pacificadores. Para a felicidade geral da Nação.

O caos produzido nos 24 meses de governo neoliberal mostrou a fragilidade das suas propostas, situação insustentável frente às próximas eleições. Qualquer candidato apoiado explicitamente pelo atual governo estará longe do 2º turno. E sem qualquer chance de vitória.

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Logo, é preciso voltar ao uso das velhas e confiáveis técnicas de manipulação política, aplicando o infalível tema da corrupção como mobilizador da consciência da cidadania brasileira, sempre crente e vigilante em relação ao tema. Indispensável para por o Brasil nos eixos.

A corrupção como slogan político, por tradição mais que cinquentenária, deveria chamar-se “Síndrome do Mar de Lama” /SML, a qual levou Getúlio Vargas ao suicídio, pondo fim ao regime trabalhista-desenvolvimentista. Provando a sua eficácia. E o “Mar de Lama”? Ora, esqueçam. Era apenas um pretexto para afastar o dr. Getúlio.

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O descuido ou “fraquejada” eleitoral do conservadorismo em 2002, permitiu a vitória de um operário nordestino, de origem humilde, à Presidência da República.  E com uma proposta trabalhista/socialista de governo. Quanta ousadia.

Logo, tornou-se novamente necessária a busca do remédio infalível, guardado nos baús do conservadorismo. Sempre disponíveis para esse tipo de situação. Foi então novamente encenada a peça fraudulenta, claro com outros codinomes a ressoarem na Mídia conservadora, com forte apelo político: o “mensalão” foi um dos primeiros a ocupar este espaço. Outros viriam, infalíveis, como sempre.

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Um novo ator político viria a assumir o papel principal, desta vez. O Judiciário.

O casuísmo, outrora tão criticado como recurso tático da classe política e do legislativo, passaria a ser utilizado por diversas instâncias do Judiciário, agora reconhecido como Poder. E que poder... Quando necessário, até promovendo mudanças no texto constitucional e introduzindo novidades sem base legal nos códigos judiciários, tudo em nome da salvação da pátria. E com plena aprovação midiática e dos néscios e crentes da classe média. Com a justificativa do combate à corrupção. (Essa parcialidade dos juízes não se aceita nem no Futebol: - Pode isso, Arnaldo? Claro que não!).

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Daí, em sequência, surgiu no âmbito do judiciário, a “Lava Jato”, com missão salvacionista e partidarismo os mais explícitos. Sem a menor preocupação com leis e jurisprudências que viessem a atrapalhar a sua nobre missão. Entre juristas brasileiros foi até criada uma expressão: a “jurisprudência Lula”. Ou o vale tudo anti - PT. Como se fosse o retorno do Tenentismo das primeiras décadas do século passado, agora (tra)vestido em suas togas justiceiras. Ah, quem nos salvará dos nossos salvadores?

Mas na área da Comunicação um novo ator apareceu em cena, as NOVAS MÍDIAS. Uma espécie de antídoto, uma alternativa, às formas tradicionais de comunicação. Agora eletrônica e interativa. Democrática. Onde o emissor se comunica em tempo real com o seu público interativo de receptores espalhados mundo. É o novo “fazer” da Comunicação, como explica, didaticamente, uma professora da UnB. Que veio confirmar o antigo aforisma: a mentira tem pernas curtas...

Quanto à mídia tradicional, agoniza, perde seus fiéis seguidores: ou muda ou morre.

Adeus hegemonia. Adeus manipulação. Propaganda política, nesse novo contexto, tem de se assumir como tal. Torna-se mais difícil disfarçar o fascismo e o autoritarismo. Enfim, as posturas totalitárias.Antidemocráticas.

São os novos tempos. Sempre ele, o Tempo. O senhor da razão.

E como falou o ínclito político e estadista Eduardo Cunha, ex - presidente da Câmara Federal, herói do impeachment, ao votar pelo afastamento da presidente Dilma, sem disfarçar o cinismo: - Que Deus tenha piedade desta Nação.

Nos lembraremos dessa bela e sentida prece eduardiana nos dois prováveis turnos eleitorais; na improvável posse do eleito, caso seja do partido errado e no seu ainda mais improvável, discutível, direito de se tornar governo. A ver.

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