Ideologia, eu quero uma pra viver

O colunista Ricardo Melo, membro do grupo Jornalistas Pela Democracia, afirma que os bolsonaristas combatem a ideologização, mas acabam sendo a expressão máxima deste conceito; ele diz: "o governo da "famiglia" Bolsonaro veio ao palco para defender uma ideologia que privilegia os ricos por herança, oportunismo ou sobrenome e pretende impor como verdade absoluta valores anteriores à Revolução Francesa. Nada de igualdade, liberdade, fraternidade. E muito de tradição, família e propriedade. Esta é a luta que está em curso. Cazuza tinha razão"

Ideologia, eu quero uma pra viver
Ideologia, eu quero uma pra viver


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Virou moda, já há algum tempo, dizer que os problemas do Brasil decorrem da "ideologização" promovida por governos petistas. O flagrante mais recente saiu da boca de Onix Lorenzoni, cliente cativo de caixa dois, parlamentar medíocre que assumiu a Casa Civil. "Vamos despetizar a administração", bradou ao anunciar a demissão em massa de servidores comissionados. Nem se deu conta do ridículo, pois desde o golpe de 2016 o PT foi apeado do poder.


Lorenzoni chegou ao ponto mais alto, e também mais grotesco, do bla-bla-bla que a direita e a extrema-direita vêm plantando ao longo dos anos. Economistas a soldo de consultorias abutres martelam dia após dia que as contas não fecham, que sem o tal ajuste fiscal o país vai ao precipício, que a reforma da previdência (ou o fim da aposentadoria, vamos combinar) é o elixir capaz de curar todos os males. Acusam a oposição de ignorar números para defender ideias populistas.


Pera aí. A troco de que estes "especialistas" cerram fileiras para sustentar o corte agressivo nos benefícios sociais, a liquidação de direitos trabalhistas e a eliminação de fato de aposentadorias dignas? De uma ideologia, veja só. Na cabeça desta gente, o correto é que a riqueza seja concentrada com base na "meritocracia", que o mercado controlado por meia dúzia de especuladores comande os destinos da economia e que os sobrenomes, a cor da pele e o obscurantismo teológico se sobreponham aos interesses sociais.

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Os números, por mais frios que pareçam, podem ser usados ao gosto do freguês. Ideologicamente. Suponha que exista um buraco nas contas do governo. Como resolver? Os ideólogos da extrema-direita, ora no poder, acham que a saída é passar a faca nos direitos da maioria do povo trabalhador. Não apenas: trata-se de leiloar o patrimônio nacional a preço de banana para equilibrar o livro-caixa. De brinde, o comprador ganha um crucifixo.


Já do outro lado as propostas são outras. Por que não taxar os bilionários que vivem à custa do suor do povo, enriquecem com a especulação, engordam suas contas bancárias sem nunca ter produzido um parafuso? Por que não cobrar os grandes devedores do campo e da cidade que, em vez de pagar seus papagaios, são presenteados com Refis e anistias sucessivos enquanto um trabalhador comum vive atormentado pelo medo entrar na lista do Serasa?

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A diferença é ideológica, isto sim. O tamanho do bolo é o mesmo. A questão é como reparti-lo. O governo da "famiglia" Bolsonaro veio ao palco para defender uma ideologia que privilegia os ricos por herança, oportunismo ou sobrenome e pretende impor como verdade absoluta valores anteriores à Revolução Francesa. Nada de igualdade, liberdade, fraternidade. E muito de tradição, família e propriedade. Esta é a luta que está em curso. Cazuza tinha razão.

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