Um significante inédito: Golpeachment

Com a aprovação do 'Golpeachment' pela Câmara e pelo Senado, o Estado Democrático de Direito apresenta-se doravante travestido de Estado de Golpe/Estado de Exceção: o Exército e a Polícia 'pacificando' as ruas brasileiras, a mídia dominante produzindo a narrativa legitimadora dos 'ajustes necessários', etc. Mas em uma guerra civil (ela será inevitável), quem poderá se salvar?

Imagem para artigo de José Marcus de Castro Mattos - Um significante inédito: Golpeachment
Imagem para artigo de José Marcus de Castro Mattos - Um significante inédito: Golpeachment (Foto: José Marcus de Castro Mattos)


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Para ler o atual estado de coisas político de nosso país criei o significante (até então inédito) 'Golpeachment'.

Trata-se da condensação entre Golpe de Estado e Impeachment Constitucional, de modo a configurar uma leitura segundo a qual o golpe ora em curso no Brasil traveste-se de impeachment.

Ora, o travestismo (qualquer um) situa-se no campo da perversão, vale dizer, no âmbito clínico-político pautado pelo desmentido da Lei (Verleugnung, nos termos de Freud lido por Lacan).

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De fato, aquela aprovação do relatório que indicou à Câmara de Deputados Federais a cassação do mandato presidencial de Rousseff – relatório este que não apresentou a tipificação de crime de responsabilidade por parte de Rousseff ('Na dúvida, processa-se', dizia de maneira criminosa o relator) –, pois bem, tal aprovação é um flagrante desmentido da Lei, posto que a Constituição/1988 prevê que um processo de impeachment apenas pode ser deflagrado se houver crime de responsabilidade atribuível diretamente ao governante em causa.

Portanto, os grupos que militaram pelo impeachment (setores empresariais, partidos políticos, mídia hegemônica, agências internacionais adscritas aos Estados Unidos, segmentos populacionais, etc) fizeram-no perversamente, desmentindo a Carta Magna (1988 e ss.) e solapando, ato contínuo, o nosso Estado Democrático de Direito (Democracia Representativa, Cidadania Inclusiva, Soberania Popular).

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Neste contexto, o neologismo 'Golpeachment' incide pontualmente em tal cena perversa, desvelando a instrumentalização da Lei de maneira a desmenti-la e a fazer valer como legal e legítimo o ilegal e ilegítimo.

Com a aprovação do 'Golpeachment' pela Câmara e pelo Senado, o Estado Democrático de Direito apresenta-se doravante travestido de Estado de Golpe/Estado de Exceção: o Exército e a Polícia 'pacificando' as ruas brasileiras, a mídia dominante produzindo a narrativa legitimadora dos 'ajustes necessários', etc.

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Mas em uma guerra civil (ela será inevitável), quem poderá se salvar?

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