A chantagem como método

Em artigo para o 247, o deputado Paulo Pimenta, líder do PT, avalia que o governo Bolsonaro e marcado pela irresponsabilidade, pelo desapreço com o Brasil e pelo charlatanismo; "O povo já está cansado de tanta incompetência de um governo que em cinco meses não mostrou nada útil, pelo contrário, aprofunda a crise econômica e leva o Brasil à depressão e a uma crise sem precedentes. A mobilização popular, em diferentes setores, não permitirá retrocessos!"

A chantagem como método
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Faltou ensaio aos bailarinos Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, a dupla que nesses cinco meses ficou habituada aos improvisos diários para se equilibrar na corda bamba que eles próprios estenderam sob os pés do País. O ministro da Economia, ao ser indagado por uma revista semanal sobre como reagiria, caso seja modificado o projeto de Reforma da Previdência, cujo alvo é liquidar a Previdência pública no Brasil, saiu com a primorosa declaração: "Pego um avião e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar".

A reação do capitão-presidente de que "ninguém é obrigado a continuar ministro", não convenceu qualquer pessoa de que haja algum atrito com seu ministro que só vê números do mercado financeiro, cortes e ignora o povo brasileiro e os interesses nacionais. A reação de Bolsonaro mostrou apenas uma figuração para ressaltar o método: chantagear o Congresso Nacional e a sociedade, para impor à nação os desígnios do capital financeiro atrelado ao objetivo de extorquir a sociedade brasileira com a destruição do sistema de Seguridade Social inscrito na Constituição de 1988.

Irresponsabilidade - Com a repercussão da irresponsabilidade de ambos, vieram depois os desmentidos. Primeiro, o ministro da Economia afirmou seu "total compromisso com a retomada do crescimento econômico do país" e rechaçou "qualquer hipótese de que possa se afastar desse propósito" . Em seguida, o desmentido do capitão: "O 'casamento' com Guedes está mais forte do que nunca" . Foi mais uma lambança, os dois não desmentiram nada, apenas revelaram falta de talento para esse "pas-de-deux" mal ensaiado, digno de uma trama de teatro infantil.

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As declarações de Paulo Guedes soariam no mínimo esquisitas em qualquer país. Imaginem um ministro da Economia da França, da Itália, do Reino Unido declarar: se o projeto não sair como eu quero pego um avião e vou morar fora... A declaração do ministro da Economia revela de forma inequívoca o nível de compromisso que mantém com o Brasil: nenhum. E com a democracia: zero. Há poucos dias o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), advertia sobre o óbvio: não existe projeto que saia do Parlamento da mesma forma que entrou.

Desapreço ao Brasil - As declarações de Guedes alcançaram uma síntese rara: seu desapreço pelo Brasil e pelo regime democrático, espelhando com fidelidade o pensamento (?) e os métodos do seu chefe. Que crédito da sociedade merecem esses dois senhores – o capitão e o ministro – que pela manhã fazem uma afirmação para desmenti-la sem titubear no fim da tarde?

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Essas idas e vindas na antevéspera de um movimento desencadeado pelo próprio Bolsonaro, no início da semana, para reduzir os efeitos de sucessivas derrotas no Parlamento e tentar abafar o declínio da popularidade na sociedade, revelam a tentativa de escapar a uma situação que encaminha para o isolamento político. Não dá para enfrentar uma batalha no Congresso em torno da Reforma da Previdência com um volume perigoso de contradições e dissidências na própria base do governo. As manifestações deste domingo ( 26) representam um lance de alto risco para fazer frente a uma conjuntura desfavorável e dar alguma coesão à base social do capitão-presidente .

Charlatanismo - Até agora, cinco meses depois de assumir com pompa e circunstância o Ministério da Economia, na condição de superministro, só colheu resultados negativos para a economia, plantados desde o golpe de Estado de 2016, e colecionou revezes na relação com o Parlamento.

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A resposta ao charlatanismo, à pilhagem dos direitos dos aposentados e dos trabalhadores, dos recursos naturais do país, começa a se manifestar nas ruas com as jornadas em defesa da educação pública gratuita de qualidade e em defesa da Seguridade Social, pela voz dos estudantes, professores, das mulheres, da juventude e dos trabalhadores. O movimento começou no dia 15 de maio e terá prosseguimento com as mobilizações de 30 de maio e com a greve geral de 14 de junho.

O Brasil precisa de seriedade e de governantes comprometidos com o futuro do País, que respeitem a soberania nacional e os direitos sociais, econômicos e trabalhistas da população. Um governo que faça a economia girar, com investimentos produtivos, para a criação de empregos e renda. O povo já está cansado de tanta incompetência de um governo que em cinco meses não mostrou nada útil, pelo contrário, aprofunda a crise econômica e leva o Brasil à depressão e a uma crise sem precedentes. A mobilização popular, em diferentes setores, não permitirá retrocessos!

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