Um novo governo de generais ou do capitão?

Ninguém sabe exatamente o que poderá acontecer dentro em breve, quando o novo governo eleito em outubro iniciar o seu mandato, porque não se conhece as suas diretrizes e os sinais emitidos até agora apontam para um clima de medo, onde o ódio contido pelas leis ameaça explodir após a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro", avalia o colunista do 247 Ribamar Fonseca;  para ele, o arrependimento de muitos de seus eleitores poderá chegar tarde demais já que "Bolsonaro terá se consolidado como Presidente, respaldado não apenas pelos votos que recebeu mas, também, pelos partidos clandestinos, porque sem registro legal, que contribuíram para a sua eleição: o Partido da Midia, o Partido da Toga e o Partido da Farda"

Um novo governo de generais ou do capitão?
Um novo governo de generais ou do capitão?


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O Brasil parece estar entrando em um dos períodos mais difíceis e sombrios da sua História. Ninguém sabe exatamente o que poderá acontecer dentro em breve, quando o novo governo eleito em outubro iniciar o seu mandato, porque não se conhece as suas diretrizes e os sinais emitidos até agora apontam para um clima de medo, onde o ódio contido pelas leis ameaça explodir após a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. Ninguém pode garantir nem mesmo a sobrevivência da democracia, não apenas diante da revelação de idéias repressoras mas, também, porque os militares, antes confinados nos quartéis, de repente ganharam um protagonismo na vida nacional só visto durante a ditadura. Nunca se viu tantos generais da reserva ocupando – ou em vias de ocupar – cargos civis em todas as áreas. E, também, fazia tempo que um general da ativa não se manifestava politicamente. Na verdade, é tudo uma grande incógnita.

Estudiosos nacionais e estrangeiros ainda estão tentando entender o que aconteceu no Brasil, cuja maioria da população deu uma inesperada guinada para a Direita, nas eleições de outubro, elegendo um candidato da extrema direita para a Presidência da República. A grande pergunta é: o que motivou essa guinada? Embora essa tendência tenha sido observada em quase todo o mundo, aqui não seria exagero afirmar que a chamada Grande Imprensa, formada pelos principais veículos de comunicação do Rio e São Paulo, foi a grande responsável por essa mudança, seguida pelo Judiciário. Durante cerca de 10 anos a mídia plantou e regou, diariamente, a semente do ódio a Lula e ao PT, criando um sentimento antipetista que se estendeu para a Esquerda e para a classe política. Esse sentimento se fortaleceu com a Lava-Jato, contaminando pessoas de todas as idades em todas as camadas, inclusive magistrados e militares. E o ex-presidente petista passou a ser visto como o grande vilão do país, chefe de uma suposta organização criminosa que assaltou os cofres da Nação.

Já dizia Confúcio: "Uma mentira dita mil vezes vira verdade". Batendo nessa tecla todos os dias a mídia, em especial a Globo, acabou envenenando grande parte da população, até mesmo as camadas pobres, principais beneficiárias do governo Lula. E ouvia-se muita gente dizer, para justificar o seu voto em Bolsonaro: "Qualquer um, menos o PT". Ainda assim, com toda essa máquina triturando o líder petista, ele seria eleito Presidente no primeiro turno, conforme atestaram as pesquisas, porque nem todo mundo, particularmente no Nordeste, se deixou contaminar pelo veneno destilado pela mídia e redes sociais. Aí entrou em campo o Judiciário, impedindo Lula de concorrer às eleições, com uma condenação sem provas do juiz Sergio Moro endossada em todas as instâncias. Contra Lula e o petismo a Justiça criou, até, uma nova e escandalosa jurisprudência, inclusive com violação da Constituição: suprimiu a presunção de inocência e a exigência de provas para condenar um petista, bastando a convicção do magistrado. E Lula continua encarcerado sem um fiapo de prova.

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Foi essa mesma mídia que mobilizou a população nas ruas, inclusive divulgando um calendário com dia, hora e locais, para protestar contra o governo de Dilma Roussef, até a sua derrubada num golpe, com a participação decisiva do Supremo Tribunal Federal, que conduziu Temer ao poder. O Brasil, a partir daí, mergulhou num caos, com o aumento do desemprego, o desmonte da Petrobrás e a destruição das conquistas sociais. As pessoas que saíram às ruas vestindo amarelo, inclusive magistrados que julgaram questões envolvendo petistas – os imparciais – e espancavam panelas nas varandas dos seus apartamentos em obediência às ordens emanadas através das redes sociais, aparentemente envergonhadas, depois do desastre Temer, esconderam as camisas e silenciaram as panelas. A mídia, no entanto, estava momentaneamente satisfeita, porque regiamente paga pelo presidente golpista por meio de gordas verbas publicitárias. Ficou, porém, a decepção, que encaminhou os descontentes para Bolsonaro.

Na verdade, como consequência da sistemática campanha contra Lula, o PT e, de maneira geral, contra os políticos, que se tornaram sinônimos de corruptos, grande parte da população, envenenada por essa campanha , viu em Bolsonaro o homem capaz de mudar esse quadro, acabando com a corrupção. Os seus eleitores sequer se importaram com seu discurso de ódio, homofóbico, racista, misógino e entreguista, defensor da ditadura e da tortura. E o aplaudiram entusiasticamente todas as vezes em que falou em matar bandidos e petistas. Até mesmo pobres, negros, mulheres e evangélicos passaram a adorá-lo como salvador da Pátria, ignorando sua pregação que contraría tudo o que Jesus pregou. E o mais grave: seu discurso de ódio abriu as comportas que represavam os piores instintos do ser humano, liberando a violência que já vem fazendo vítimas desde a campanha. As pessoas de má índole saíram do armário, sentindo-se liberadas para agredir e poderão transformar-se em homicidas em potencial caso possam portar armas legalmente, como prometeu o novo Presidente. E, por conta de tudo isso, o clima de medo cresce a cada dia.

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É quase certo que muitos dos seus eleitores, que votaram nele influenciados pela mídia e fakenews nas redes sociais, deverão se arrepender no futuro quando começarem a sentir os efeitos das suas medidas. Mas aí já será tarde, porque Bolsonaro terá se consolidado como Presidente, respaldado não apenas pelos votos que recebeu mas, também, pelos partidos clandestinos, porque sem registro legal, que contribuíram para a sua eleição: o Partido da Midia, o Partido da Toga e o Partido da Farda. Já se sabia há muito da participação dos dois primeiros na política, mas depois da entrevista do general Villas Boas à "Folha" ficou evidente também a atuação do Partido da Farda, cuja ação foi decisiva na decisão do Supremo que negou a liberdade a Lula. Considerando a presença de um general da reserva na assessoria do presidente do STF, ministro Dias Tóffoli, não é difícil entender porque ele se negou a colocar em pauta, para julgamento do plenário, a ADC que poderia provocar a liberdade do ex-presidente. A coragem, na verdade, há tempos não tem estado muito presente naquela Corte. Se depender do Supremo, portanto, nada vai mudar, mesmo que a Constituição seja lançada na lata de lixo.

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