De vendedora de açaí a personal trainer: o staff de Bolsonaro na Câmara

"Se Bolsonaro não sabe o que fazem os 15 funcionários do seu gabinete em Brasília, como vai comandar os 22 ministros encarregados de governar 208 milhões de habitantes e 12 milhões de desempregados, com o país mergulhado na mais profunda crise da sua história?", questiona o jornalista Ricardo Kotscho, dos Jornalistas pela Democracia, que critica as relações do capitão reformado com o desaparecido Queiroz, com a personal trainer Nathália e com a Val do Açaí

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Por Ricardo Kotscho, para o Balaio e o os Jornalistas pela Democracia "Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o meu chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo", desabafou Jair Bolsonaro, já eleito presidente, quando os repórteres lhe perguntaram sobre o que fazia em seu gabinete de deputado a funcionária Nathalia Melo de Queiroz.

De camiseta, encostado num carro na entrada do seu condomínio na Barra da Tijuca, o capitão parecia visivelmente acuado diante das câmeras e microfones, cercado por um batalhão de jornalistas e seguranças.

Fiquei pensando: se ele não sabe o que fazem os 15 funcionários do seu gabinete em Brasília, como vai comandar os 22 ministros encarregados de governar 208 milhões de habitantes e 12 milhões de desempregados, com o país mergulhado na mais profunda crise da sua história?

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Nathalia é um bom exemplo dos critérios do capitão para montar suas equipes.

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Filha de Fabrício de Queiroz, o PM que trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro, e está desaparecido desde que encontraram R$ 1,2 milhão em sua conta bancária, ela é personal trainer de celebridades e tinha um emprego no Rio enquanto estava recebendo salário de secretária parlamentar no gabinete de Jair Bolsonaro em Brasília.

Antes dela, outra funcionária fantasma era a agora célebre "Wal do Açaí", a secretária parlamentar que cuidava da casa de veraneio dos Bolsonaro, na região da Costa Verde, no Rio.

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Walderice Santos da Conceição estava empregada no gabinete do deputado federal Jair Bolsonaro desde 2003 e só pediu demissão ou foi demitida quando a Folha revelou a sua história de funcionária fantasma, já durante a campanha presidencial.

Por conta disso, Bolsonaro jurou o jornal de morte, antes que o Coaf revelasse as "atípicas" movimentações financeiras de Fabrício Queiroz, que acumulava as funções de assessor parlamentar, segurança, motorista e caixa eletrônico particular da agora família presidencial.

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Queiroz levou a família inteira para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro e pediu demissão, no mesmo dia 15 de outubro em que Nathalia deu baixa na carteira em Brasília, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição, quando a vitória do capitão já parecia assegurada.

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A denúncia sobre a conta de Queiroz só vazou já em pleno governo de transição, quando Bolsonaro estava nomeando seus ministros.

Numa das tumultuadas entrevistas sobre o caso Coaf, Jair Bolsonaro contou que foi colega no Exército e é amigo de Fabrício Queiroz há 34 anos, seu companheiro de pesca, churrasco e futebol.

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Agora, limita-se a dizer que cabe ao amigo e ex-assessor, que depositou um cheque de R$ 24 mil na conta da futura primeira-dama Michelle, dar explicações à Justiça.

Fábio Bolsonaro repete todo dia que não fez nada de errado e também lavou as mãos.

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Enquanto o motorista Queiroz não reaparece, uma sombra de dúvidas cobre o modus-operandi dos Bolsonaro com seus subordinados, todos pagos com dinheiro público, para prestar serviços particulares ou serviço nenhum.

Daqui a duas semanas, a nova ordem toma posse, e este caso tem tudo para desaparecer no limbo do juizado de pequenas causas, apenas um acidente de percurso do governo de transição.

Bom final de semana.

Vida que segue.

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