A importância do gerenciamento de projetos em época de crise

O povo não pede mais escolas ou hospitais, mais ônibus ou pontes. O povo espera resultados positivos na educação, saúde e no transporte



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Semana passada, o Tribunal de Contas da União-TCU emitiu Relatório apontando que, dentre os projetos de mobilidade urbana previstos no PAC, 25% foram lançados desde as manifestações populares de junho de 2013. Vale lembrar que o estopim foi o aumento das passagens e as condições precárias do transporte público, fato que legitima o planejamento e as respectivas melhorias e inovações nessa área.  

Traduzindo em números, temos 55 projetos iniciados com um índice de 48% de atraso ou paralisação envolvendo um orçamento de 150 bilhões de Reais para investir num portfólio de 378 projetos em todo o País.

Segundo o Ministério das Cidades, a seleção dos projetos é feita a partir das condições de execução e da respectiva proposição encaminhada pelos estados e municípios. Diz ainda que o ambiente de execução é complexo, por causa da realização das obras em áreas habitadas, demandando longo prazo em decorrência das interferências nas redes elétricas, hidráulica, telefônica, bem como das desapropriações.

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Vale enfatizar que além da perda monetária e social, implícita naturalmente no desafio de executar qualquer projeto, principalmente os públicos, presenciamos a perda de dividir o risco com investidores externos dispostos a semear seus dólares em solo pátrio. O Grupo MAERSK – um dos gigantes mundiais em energia e transportes, planejou investimentos da ordem de U$ 2,5 bilhões em terminais portuários no Brasil, entretanto o recurso está migrando para outros países da América Latina.    

Ressaltemos também que foi nas crises ou nos piores momentos históricos que as grandes nações sacaram seus recursos, afinaram os discursos e separaram as diferenças mirando a soberania e o interesse nacional. Afinal, nossos competidores reais estão lá fora, do outro lado do Atlântico. Sempre me vem à lembrança a resistência heroica de Londres durante os bombardeios na Segunda Guerra, bem como a bravura dos alemães em superar os traumas para criar uma nova nação.

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Sinto falta em nosso País de inteligência suprapartidária, focada na identificação, orientação e ajuste tempestivo do portfólio de projetos mais adequado a dinâmica dos cenários atuais. Vamos exportar mais? Acelerar as licitações? Definir quais os projetos e qual a melhor forma de reduzir o escopo? Enfim, inserir o Plano Plurianual-PPA dentro de uma perspectiva de gerenciamento pragmática dos programas e projetos nacionais.

Somando as várias organizações internacionais presentes no Brasil como o IPMA, PMI e OGC (PRINCE2) dispomos de pelo menos 20 mil profissionais certificados em vários níveis de gerenciamento de projetos, muitos deles atuantes no governo. Temos ainda a edição do Guia de melhores práticas em gerenciamento de projetos, conhecido como PMBOK-GOV específica para governo, o Manual de Gestão de Projetos do TCU e a Metodologia de Gerenciamento de Projetos do SISP, publicado pelo Ministério do Planejamento, dentre outros.

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O economista chileno Carlos Matus, ex-Ministro da Fazenda na década de 70 e um dos gurus do planejamento estratégico público, dizia que um problema só passa a existir quando alguém com poder para resolvê-lo assume que ele existe. E assim, segundo pesquisa anual publicada no site http://www.maturityresearch.com/novosite/index_br.html, brilhantemente conduzida pelos mestres Darci Prado e Russell Archibald, em 2014, dos 7.885 projetos públicos, envolvendo 415 órgãos participantes, registrou-se 50% de sucesso total na Administração direta e 48% na Indireta. 

Estamos falando aqui da perda de bilhões de Reais, mas os projetos públicos não se resumem as entregas e inaugurações, mas de gerar o resultado social que legitimou o PPA. Afinal, o povo não pede mais escolas ou hospitais, mais ônibus ou pontes. O povo espera resultados positivos na educação, saúde e no transporte.  

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Entre o platônico e o aristotélico, importa sair da caverna e buscar a luz, sem, entretanto, abrir mão da lógica e da essência do fazer. E o gerenciamento contínuo e efetivo dos projetos públicos é a garantia para a manutenção e evolução da nossa vantagem competitiva perante as demais nações.

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