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Ministro do Interior do Uruguai rebate Bolsonaro, que vinculou aumento de homicídios com legalização da maconha

Jair Bolsonaro havia dito que a medida adotada pelo governo de José Mujica em 2017 provocou um aumento nos níveis de violência no Uruguai

Ministro do Interior do Uruguai rebate Bolsonaro, que vinculou aumento de homicídios com legalização da maconha (Foto: Alan Santos/PR | Reuters)

ARN - O ministro do Interior uruguaio, Luis Alberto Heber, criticou as declarações feitas na quinta-feira, 21, por Jair Bolsonaro, que vinculou o aumento dos homicídios no Uruguai à legalização da maconha, medida adotada em 2017. 

“Claro que não concordo. Sobretudo porque a violência de muitos dos homicídios, principalmente aqui [em Rivera, cidade na fronteira com o Brasil], se deve à importação do crime organizado no Brasil, onde a maconha não é liberada. O que temos que preservar é o bom relacionamento. Por isso, às vezes o silêncio ou o cuidado com as palavras é o mais adequado, porque temos que manter o relacionamento com a Polícia brasileira”, disse o ministro Heber, uma das figuras de maior peso no governo de Luis Lacalle Pou. 

Heber foi a Rivera no fim de semana devido a uma escalada de atos de violência registrados nos últimos dias, ligados a conflitos entre dois grupos do crime organizado: Os Manos e Os Tauras. Em outra parte de sua declaração à mídia, Heber disse que as declarações de Bolsonaro são uma "simplificação da situação" e propôs a criação de um "muro de contenção do crime" naquela área de fronteira, em coordenação com o governo brasileiro.

Em sua live semanal no Facebook, Bolsonaro havia dito que no Uruguai há uma “ explosão no número de homicídios, em grande parte por causa da maconha ”. "Sabemos que essas pessoas de esquerda, quase todas são a favor da liberação das drogas", continuou o chefe de Estado brasileiro, acrescentando que legalizar a maconha "não leva a lugar nenhum" "Só vai retroalimentar um sistema e levar à violência, levará a outros males e a tendência é que esse país caia em desgraça”, alertou.

No primeiro semestre de 2022, o Uruguai registrou 188 homicídios, um aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. No país, a taxa de homicídios é de 8,5 casos por 100 mil habitantes, enquanto no Brasil esse número chega a 21,65 homicídios, segundo dados do Atlas da Violência e do Ministério do Interior uruguaio.

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