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Brasil

Amorim condena base militar dos EUA e diz que Brasil importará conflitos

Em entrevista ao portal francês France Inter, o ex-chanceler Celso Amorim disse que implantar uma base militar dos EUA no Brasil, como propôs Jair Bolsonaro ao governo de Donald Trump, automaticamente transforma brasileiros em alvos de conflitos entre americanos e chineses ou americanos e russos; "O Conselho de Segurança da Unasur [estipula] que 'nenhum país pode ter uma base de qualquer outro país em casa, apenas para evitar que a Venezuela tenha uma base russa, a Colômbia uma base americana e que isso resulte na importação de conflitos que não são nossos'", diz ele

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247 - O ex-chanceler Celso Amorim fez nesta segunda-feira, 9, duras críticas à intenção do presidente Jair Bolsonaro de permitir a instalação de uma base militar dos Estados Unidos no Brasil. 

Em entrevista ao portal France Inter, Celso Amorim diz estar "muito preocupado" e considera que o projeto de implantar uma "base militar dos EUA no Brasil" pode transformar o país em "alvo de conflitos que não são seus".

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"Tudo isso é muito preocupante, mesmo durante a ditadura, por ocasião de um governo militar pró-americano (1964-1985), não havia base americana no Brasil. Quando leio nos jornais que o presidente evoca essa possibilidade, isso me preocupa demais, porque ela automaticamente nos transforma em alvo de conflitos entre americanos e chineses ou americanos e russos. O Conselho de Segurança da UNASUR (União dos Estados da América do Sul) [estipula] que 'nenhum país pode ter uma base de qualquer outro país em casa, apenas para evitar que a Venezuela tenha uma base russa, a Colômbia uma base americana e que isso resulte na importação de conflitos que não são nossos'", diz ele.

Leia a entrevista na íntegra no France Inter e abaixo, com tradução de Silvye Giraud:

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Ex-ministro brasileiro alerta contra instalação de base militar dos EUA no Brasil

Postado na segunda-feira, 7 de janeiro de 2019 às 6h07 por Olivier Poujade

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[Exclusivo] Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores de Lula (2003-2010) e ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff (2011-2014), discute as novas orientações do presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, em política externa. Uma ruptura que pode custar caro ao país.

A virada política de 360º iniciada pelo novo presidente direitista Jair Bolsonaro afeta também a política externa. Seguindo os passos do americano Donald Trump, Bolsonaro acolheu o israelense Benjamin Netanyahu em sua posse, assim como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

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Celso Amorim, ex-chefe da diplomacia brasileira de Lula e ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff, é um dos mais eminentes diplomatas dos últimos tempos. Ele diz estar "muito preocupado" e considera que o projeto de implantar uma "base militar dos EUA no Brasil" pode transformar o país em "alvo de conflitos que não são seus". Outra questão que preocupa Celso Amorim é "uma visão totalmente antipalestina, que poderia ter sérias conseqüências em nossa região".

O Brasil, versão Bolsonaro, se aproxima de governos populistas de direita, ultraconservadores. Ora, essa não é necessariamente a escolha do povo brasileiro.

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Celso Amorim: "Quando perguntamos às pessoas se elas concordam com essa política, elas dizem que não, que a eleição não foi um referendo para o Brasil reconhecer Jerusalém como a capital de um estado judeu. As pessoas não votaram para ter uma relação de hostilidade com a China, elas não votaram para seguir a política de Trump, nem ao menos a de Washington, mas Trump! O que é ainda mais grave ... então não acho que tudo isso vai se manter no longo prazo ".

Brasil / EUA: um alinhamento contrário à ordem natural

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Logo após sua eleição, Jair Bolsonaro se aproximou dos Estados Unidos de Trump. Ele recebeu em fim de novembro o neo-conservador John Bolton, conselheiro de segurança nacional de Donald Trump. No Twitter, ele qualificou essa reunião de "cordial e frutífera".

Após a cerimônia de posse de Bolsonaro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou, a partir de Brasília, seu desejo de intensificar as relações entre os dois países:

"Acreditamos haver uma oportunidade entre os presidentes Trump e Bolsonaro e nossas duas equipes para criar um relacionamento verdadeiramente renovado entre as duas nações."

Uma base militar dos EUA no Brasil, algo nunca visto antes...

Por sua parte, Bolsonaro diz que está aberto à idéia de estabelecer "no futuro" uma base americana em território brasileiro.

Celso Amorim: "Tudo isso é muito preocupante, mesmo durante a ditadura, por ocasião de um governo militar pró-americano (1964-1985), não havia base americana no Brasil. Quando leio nos jornais que o presidente evoca essa possibilidade, isso me preocupa demais, porque ela automaticamente nos transforma em alvo de conflitos entre americanos e chineses ou americanos e russos. O Conselho de Segurança da UNASUR (União dos Estados da América do Sul) [estipula] que "nenhum país pode ter uma base de qualquer outro país em casa, apenas para evitar que a Venezuela tenha uma base russa, a Colômbia uma base americana e que isso resulte na importação de conflitos que não são nossos".

A reação do presidente venezuelano foi imediata. Nicolas Maduro acusa os Estados Unidos de quererem promover um golpe na Venezuela. A menção a essa base militar em solo brasileiro veio em seguida à decisão, tomada pela Venezuela nas últimas semanas, de hospedar em seu território dois bombardeiros TU-160 Blackjack, justificada oficialmente como fazendo parte de exercícios militares conjuntos [com a Rússia].

Netanyahu: o outro parceiro

Entre seus primeiros anúncios, a transferência da Embaixada brasileira a Jerusalém, Jair Bolsonaro o confirmou na última sexta-feira, ele pretende seguir o exemplo dos Estados Unidos. Um duplo erro, diplomático e econômico, para o primeiro país exportador de carne halal ao mundo árabe.

Celso Amorim: "Não é só o fato de vendermos menos frangos aos países árabes, mas também a perda do crédito que o país acumulara como mediador em certos conflitos internacionais. Hoje é impossível! Enquanto transferimos nossa embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, qual país árabe aceitaria o Brasil como facilitador? Se você tem uma visão totalmente antipalestina, isso pode ter sérias conseqüências em nossa região ".

Quando perguntam a Celso Amorin se dentre essas conseqüências, ele teme atos de terrorismo, sua resposta é: "Sim, faz parte dos riscos, resta esperar que não aconteça!"

Os militares: até o momento um fator de estabilidade

Os ex-generais nomeados por Bolsonaro para ocupar certos cargos mantêm um discurso mais pragmático em alguns setores como o do comércio exterior e parecem estar mais em harmonia com a tradição diplomática brasileira.

Celso Amorim: "Procuro ser positivo, mas em termos de política econômica e nas relações internacionais, as vozes de bom senso são as de alguns militares, especialmente a do vice-presidente. As declarações mais equilibradas vêm de alguns militares".

O vice-presidente Antonio Mourão recebeu uma delegação chinesa logo após Bolsonaro acusar a China de querer "comprar o Brasil".

A iniciativa do ex-militar se mostrou eficaz, o presidente Xi-Jinping enviou uma carta ao presidente brasileiro, expressando sua disposição de "trabalhar com seu governo para desenvolver a economia dos dois países e salvaguardar a paz mundial".

Nos próximos quatro anos, a vigilância e o pragmatismo dos militares em relação à orientação da política externa de Bolsonaro ocuparão um papel central na proteção da soberania nacional brasileira.

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