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Brasil

Chico Alencar & Lindbergh Farias: aliança forjada na marra

Jornalista Marcelo Auler afirma que, à revelia das direções partidárias da duas legendas, representantes do campo progressista e democrático da sociedade civil no Rio (...) "forjaram" campanha pelos candidatos ao Senado Chico Alencar (Psol) e Lindbergh Farias (PT); resultado foi o manifesto “Dois votos pela democracia: Chico Alencar e Lindbergh Farias no Senado!", encabeçado pelo ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica

Chico Alencar & Lindbergh Farias: aliança forjada na marra (Foto: Esq.: Alex Ferreira - Câmara / Dir.: Moreira Mariz - Ag. Senado)
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Por Marcelo Auler, em seu blog - À revelia das direções partidárias e de muitos políticos das duas legendas, representantes do chamado campo progressista e democrático da sociedade civil no Rio de Janeiro – que não engloba apenas a esquerda, mas quem se preocupa com os atuais retrocessos político – forjaram nos últimos sete dias uma campanha a favor do voto ao Senado nos candidatos Chico Alencar, do PSOL, e Lindbergh Farias, do PT, independentemente de inexistir coligação entre os dois.

O resultado das conversas surgidas inicialmente entre advogados, professores de Direito e representantes do mundo artístico na casa da professora de Pós-graduação em Direito da PUC-Rio, Gisele Cittadino, é o manifesto “Dois votos pela democracia: Chico Alencar e Lindbergh Farias no Senado!“. Divulgado no início da tarde desta terça-feira (28/07), com 340 adesões, ele é encabeçado por um estrangeiro que sequer vota no Brasil, mas tem passado de luta a favor da democracia: o ex-presidente da República Oriental do Uruguai, José Mujica, o Pepe Mujica.

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Não é o único dos “estrangeiros notáveis” a conclamar o voto dos fluminenses em candidatos que “trazem a esperança no reencontro com a democracia e o diálogo”. Também aderiu ao manifesto Francisco Louçã, economista e político português, coordenador do Bloco de Esquerda de Portugal (2005 a 2011). Mais ainda, Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda de Portugal. Pilar del Rio, presidenta da Fundação José Saramago e o deputado do Uruguai no ParlaSul, Daniel Caggiani, entre outros estrangeiros.

Estão ao lado de famosos eleitores no estado como o cantor e compositor Chico Buarque, o maestro Wagner Tiso, o teólogo Leonardo Boff, os ex-ministros Celso Amorim (Relações Exteriores e Defesa) e Franklin Martins (SECOM), o escritor Eric Nepomuceno e o advogado Nilo Batista. Também aparecem na lista endossando a conclamação pela união da esquerda no Rio eleitores de outros estados como João Pedro Stédili, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o gaúcho Tarso Genro (ex-ministro da Justiça e da Educação) e o mineiro residente em São Paulo, Frei Betto,

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Ainda que o manifesto tenha assinaturas de personalidades estrangeiras e de eleitores de fora do Rio, a maioria das adesões partiu de fluminenses preocupados em melhorar a representação no Senado. Apenas quatro políticos aparecem na relação: os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB), Jean Wyllys (PSOL) e Wadih Damous (PT), além do vereador Leonel Brizola Neto (PSOL).

Políticos ausentes -Damous e Wyllys foram os primeiros políticos a serem procurados após o encontro na casa de Gisele Cittadino, para servirem de “ponte” do grupo com as duas legendas.

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Nenhum dos dois, porém, participou presencialmente do encontro realizado no café da Livraria Argumento, no Leblon, no qual o manifesto foi discutido.

Ali estiveram nove pessoas, entre elas Gisele, os  professores de Direito João Ricardo Dornelles (PUC) e Carol Proner (UFRJ) além do dramaturgo/artista Luiz Fernando Lobo e assessores dos deputados e das respectivas legendas.

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Chico Alencar e Lindbergh Farias tiveram reações parecidas. Ambos não se envolveram na discussão em respeito às convenções partidárias, nas quais foram feitas coligações – o PSOL com o PCB; o PT com o PCdoB.  Porém, não tiveram como recusar o apoio que surgiu espontaneamente de um grupo de eleitores. Estes eleitores entendem, como diz o manifesto, que a eleição dos dois “é uma das tarefas mais importantes dos cidadãos comprometidos com a democracia. Não temos o direito de vacilar em nome do sectarismo ou de cálculos eleitorais mesquinhos”.

Sectarismos e cálculos eleitorais mesquinhos são expressões com alvo certo. Dirigidas àqueles que colocam acima do interesse da população do Rio as decisões partidárias. Ou seja, o respeito às coligações definidas nas convenções pelos militantes de cada legenda.

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Mãe da Marielle – Foi o que fez, em vídeo, na sexta-feira (24/08), o candidato ao governo do estado pelo PSOL, Tarcísio Motta. Ao defender que aliança eleitoral deve ser “consequência da unidade que a gente forja nas lutas” e que “a unidade das esquerdas acontece nas lutas diárias, nas lutas contra aqueles que nos oprimem, nas lutas contra aqueles que nos exploram”, deixou claro que nesta eleição o PSOL tomou a decisão política de aliança eleitoral com o PCB e com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Defendeu as candidaturas ao Senado de Chico Alencar e Marta Barçante, do PCB. Nesse seu discurso, expôs que a candidatura de Marta “não pode ser substituída por um pragmatismo eleitoral que nos retira a identidade” Lembrou ainda que isso foi construído “no partido, nas instâncias partidárias, assim como o PCB construiu nas suas, assim como MTST construiu nas suas”.

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Como ele mesmo explicou, trata-se de decisão partidária. A ela, porém, se contrapõem os eleitores preocupados em apoiar candidaturas ao Senado de nomes com chances reais de fazer frente à “continuidade da maioria ultraconservadora, retrógrada, fundamentalista e fisiologista do Congresso Nacional, que protagonizou não apenas o golpe parlamentar de 2016, como também um processo acelerado de retrocesso civilizacional e perda de direitos e conquistas sociais”, tal como consta do manifesto.

Entre estes eleitore(a)s que se contrapõem às determinações partidárias está um nome que carrega todo um simbologismo para o PSOL: Marinete Franco, advogada e mãe de vereadora do partido, brutalmente assassinada, Marielle Franco.

Premissas duvidosas – As candidaturas de Lindbergh Farias e Chico Alencar são as que se apresentam com reais chances de impedir que as representações do Rio de Janeiro no Senado sejam ocupadas por um político nitidamente com orientação fascista, tal como seu pai, e outro que ajudou, pessoalmente e através do filho, a levar – e sustentar – Michel Temer ao Palácio Planalto. Por isso o manifesto a favor dos candidatos do PT e do PSOL.

Mas a campanha por estes dois votos, porém, será de trabalhosa construção, uma vez que em ambas as legendas há desconfianças entre setores das suas militâncias. São grupos que partem de um princípio não confirmado de que apenas uma das vagas será ocupada por representante da esquerda fluminense.

Petistas temem ajudar Chico Alencar e deixar de fora Lindbergh Farias, assim como eleitores do PSOL receiam o mesmo, caso optem pelo petista como segunda opção de voto. Um risco que existe, mas que se torna necessário superá-lo, a começar por convencer os resistentes dos dois lados a esquecerem, ainda que temporariamente, as mágoas e dificuldades na frente da urna eletrônica.

O manifesto “Dois votos pela democracia: Chico Alencar e Lindbergh Farias no Senado!” tem por objetivo derrubar este mito/medo. Reforça o “interesse de tantos brasileiros na união das forças progressistas e democráticas em nosso estado”. Conclama os eleitores preocupados com os retrocessos que já ocorrem na sociedade e na política a, superando eventuais diferenças, se posicionarem, através do voto, “no campo da democracia, das liberdades democráticas e do combate às injustiças sociais que tanto marcam a história da nossa cidade e do nosso país”.

O manifesto encerra: “apoiamos as candidaturas de Chico Alencar e Lindbergh Farias para o Senado e chamamos à unidade os progressistas, à esquerda e todos os setores democráticos do estado do Rio de Janeiro para, juntos, fazermos essa campanha”.

Acesse a íntegra do manifesto.

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