Dallagnol tenta se segurar bajulando Aras, depois de fazer campanha contra o novo PGR
Após articular uma campanha contra Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro para substituir Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República, Deltan Dallagnol iniciou um processo de aproximação, ligando para o futuro PGR. Em conversa com senadores, Aras criticou o que classifica de "espetacularização" de procuradores da Lava Jato. Pela primeira vez em 16 anos, um ocupante do Planalto ignora a lista tríplice
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247 - Após articular uma campanha contra Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro para substituir Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, iniciou um processo de aproximação, ligando para o futuro PGR nesta quinta-feira (12). É o que informa a coluna Painel, publicada no jornal Folha de S.Paulo. O ocupante do Planalto leva uma enxurrada de críticas pela indicação de Aras, porque é a pela primeira vez em 16 anos que um chefe do Executivo ignora o resultado da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que organiza a votação e indica os três mais bem colocados para ocupar a PGR.
Em sabatina com senadores, Aras criticou o que classifica de "espetacularização" de procuradores da Lava Jato. Mas ele teria prometido a Dallagnol um “diálogo permanente”.
Conversas reveladas pelo site Intercept Brasil, em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, apontaram que Dallagnol articulou uma rede para barrar Augusto e levar o primo dele, Vladimir Aras, para o comando da PGR. Este último concorria à lista tríplice com o apoio de Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato.
“Falei c Moro que confirmou que Aras é o candidato dele…. calma! O outro Aras rs”, brincou Dallagnol no grupo de procuradores no mês de abril. “E sabe se a opinião do Moro ainda tá valendo algo no governo? Tô achando ele bem enfraquecido ultimamente...isso me assusta bastante”, responde a procuradora Laura Tessler.
Ao todo, 1.300 procuradores e subprocuradores de todo o país votaram para escolher a lista tríplice. Aras não estava entre os três mais bem colocados, o que foi ignorado por Bolsonaro. Na última quinta-feira (5), a ANPR criticou a postura de Bolsonaro.
"A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) recebeu com absoluta contrariedade a indicação do subprocurador-geral da República Antonio Augusto Brandão de Aras para o cargo de procurador-geral da República (PGR), ação que interrompe um costume constitucional de quase duas décadas, de respeito à lista tríplice, seguido pelos outros 29 Ministérios Públicos do país. A escolha significa, para o Ministério Público Federal (MPF), um retrocesso institucional e democrático", diz um trecho do texto da entidade.
Vaza Jato
O procurador Deltan Dallagnol sofre cada vez mais desgaste por ferir a Constituição durante os processos da Lava Jato. Uma das reportagens produzidas pelo Intercept, em parceria com el jornal El País, apontou, por exemplo, que Dallangol protegeu bancos.
"Para empreiteiras, a meta era apresentar ações penais já que era 'necessário responsabilizar todas as empresas'. No caso dos bancos, no entanto, descreve-se o objetivo de fazer acordos “a título de indenização por lavagem de dinheiro e falhas de compliance'. Essa opção, segundo conversa entre os procuradores, levava em conta o chamado 'risco sistêmico', conceito financeiro que supõe um possível efeito dominó para a economia", diz a matéria.
Procuradores do Ministério Público Federal e Sérgio Moro feriram a equidistância entre quem julga e quem acusa, pois os dois lados extrapolavam suas funções.
Quando julgava os processos da Lava Jato em primeira instância, Moro interferiu no trabalho de procuradores, recomendou acréscimo de informações na denúncia contra um réu - Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobrás.
O então magistrado também questionou a capacidade de uma procurador em interorgar o ex-presidente Lula e sugeriu a inversão da ordem das fases da operação.
No caso de Lula, o curioso é que, segundo reportagem do Intercept, o procurador duvidava da existência de provas contra o ex-presidente, acusado de ter recebido um apartamento da OAS como propina.
"No dia 9 de setembro de 2016, precisamente às 21h36 daquela sexta-feira, Deltan Dallagnol enviou uma mensagem a um grupo batizado de Incendiários ROJ, formado pelos procuradores que trabalhavam no caso. Ele digitou: 'Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua'", diz o site.
Dallangol tem processos em trâmite no Conselho Nacional do Ministério Público e, na última terça-feira (10), não compareceu a audiência na Câmara dos Deputados para falar sobre as irregularidades da Lava Jato. Na ocasião estava presente o jornalista do Intercept Leandro Demori.
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