Especialistas desmentem Bolsonaro e dizem não haver prova de fraude ou mudança em código-fonte de urnas em 2018
Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro declarou que a eleição de 2018 pode ter sido fraudada. “Quando tivemos eleições em que o código-fonte esteve na mão de um hacker, pode ter acontecido tudo, [o eleitor] aperta 17 e sai nulo”, disse
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247 - Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo dizem não haver prova de fraude ou mudança em código-fonte de urnas em 2018, ao contrário do que afirma Jair Bolsonaro. “O inquérito [citado por Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan] não conclui que houve fraude no sistema eleitoral em 2018 ou que poderia ter havido adulteração dos resultados, ao contrário do que disse o mandatário”, diz reportagem de Patrícia Campos Mello.
Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro declarou que a eleição de 2018 pode ter sido fraudada. “Quando tivemos eleições em que o código-fonte esteve na mão de um hacker, pode ter acontecido tudo, [o eleitor] aperta 17 e sai nulo”, disse.
A partir do caso da invasão - em módulos que não alteram a votação em si, revelado em reportagem no site Tecmundo em novembro de 2018 -, foi instaurado ainda naquele ano um inquérito sigiloso pela Polícia Federal.
Professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, Diego Aranha afirmou à Folha que “é naturalmente falso o argumento de que a posse do código-fonte é suficiente para provocar fraude”.
“Se fosse o caso, os fiscais de partidos políticos que possuem acesso ao código-fonte nas dependências do TSE estariam fraudando eleições a torto e a direito desde o princípio, o que não é nada razoável de se assumir”, destaca.
Já o professor Paulo Matias, do Departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos, destacou que o inquérito não concluiu que o invasor entrou e pôde modificar o código-fonte.
“E mesmo se o atacante tivesse obtido acesso de escrita ao repositório de códigos-fonte interno do TSE, o Git tem algumas salvaguardas contra modificações no repositório central de códigos: ele guarda o histórico de alterações, e não é possível alterar o histórico antigo. Então seria possível detectar se tivesse havido modificação pelo invasor”, diz.
Ambos os especialistas ouvidos pela Folha, no entanto, defendem a implementação gradual do voto impresso nas eleições brasileiras.
Bolsonaro ameaça de golpe
Jair Bolsonaro fez em entrevista na noite desta quarta-feira, 4, sua ameaça mais explícita de golpe, no contexto da escalada da crise contra o Judiciário. Segundo ele, o inquérito das fake news, no qual o ministro Alexandre de Moraes, do STF, incluiu o presidente, é ilegal, e que por isso, o antídoto será dado fora da Constituição.
“Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele [pelo Supremo Tribunal Federal]. Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”, disse à Jovem Pan.
Moraes citou 11 crimes que podem ter sido cometidos por Bolsonaro nos ataques ao sistema eleitoral. A inclusão de Bolsonaro na ação foi feita a pedido do Tribunal Superior Eleitoral, que também vem recebendo ataques diários do chefe do Planalto, especialmente na figura do presidente, ministro Luís Roberto Barroso.
Em outro momento da entrevista, Bolsonaro voltou a fazer a ameaça: “o meu jogo é dentro das quatro linhas [da Constituição]. Se começar a chegar algo fora das quatro linhas, eu sou obrigado a sair das quatro linhas, é coisa que eu não quero. É como esse inquérito, do senhor Alexandre de Moraes. Ele investiga, pune e prende? É a mesma coisa”.
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