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Brasil

FHC chega aos 80 sem peso de 'herança maldita'

Carta elogiosa da presidente Dilma ao ex ser til para sempre; texto zera crtica histrica do PT

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Rodolfo Borges, 247, de Brasília _ Que mais poderia querer o chamado “príncipe dos sociólogos brasileiros”, Doutor Honoris Causa por mais de 20 universidades e que presidiu o Brasil por duas vezes, em seu aniversário de 80 anos? Talvez o reconhecimento de seu trabalho até por adversários políticos. Pois se não veio de seu maior rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou pela lavra da presidente Dilma Rousseff. Em carta enviada a FHC, comemorada até agora, Dilma o chamou de “acadêmico inovador”, “político habilidoso” e disse que Fernando Henrique foi “o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”. Zerou-se, nestas palavras, a chamada “herança maldita”, tecla batida e repetida por Lula e o PT que, a partir de agora, a cada vez que soar, será rebatida, ainda mais alto, pelo aval definitivo dado por Dilma.

E foi pouco, na opinião do líder do PSDB no Senado. “Certamente a carta da presidente Dilma não é suficiente para fazer esquecer as injustiças assacadas contra ele pelo PT durante todos esses anos”, disse ao Brasil 247 o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). “O reconhecimento de Dilma é tardio. O PT foi e tem sido injusto, extremamente perverso em relação à importância de Fernando Henrique Cardoso para a história do Brasil”, completa o senador, que acusa o partido da estrela de apropriar-se dos feitos de FHC e ao mesmo tempo desdenhar do ex-presidente.

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Para Dias, a história deverá fazer justiça ao ex-mandatário. “A estabilidade da economia, a sustentabilidade financeira, a competitividade da economia, a responsabilidade fiscal. O grande patrimônio que legou ao país FHC não foi um simples plano econômico, foi uma mudança de comportamento da sociedade brasileira”, acredita. Pedro Malan, ministro da Fazenda durante o governo FHC, alimenta a mesma expectativa. “Espero que, quando o Brasil puder alcançar um mínimo de perspectiva histórica sobre nosso passado recente, se possa fazer justiça a Fernando Henrique Cardoso – à sua pessoa e a seu governo”, escreveu Malan em artigo publicado nesta semana.

Nascido no Rio de Janeiro, em 18 de junho de 1931, Fernando Henrique Cardoso mudou-se para São Paulo aos oito anos de idade, onde se formou em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). O sociólogo se exilou no Chile e na França durante os primeiros anos da ditadura militar e voltou ao Brasil em 1968, para se tornar professor da USP. Meses depois, o professor seria forçado a se aposentar pelo Ato Institucional nº 5 e criaria com colegas o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP).

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A vida política começou na suplência do senador Franco Montoro, em 1978. Fernando Henrique assumiria a vaga em 1983, quando Montoro foi eleito governador de São Paulo. Em 1985, FHC perderia a eleição à Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros, mas, no ano seguinte, seria eleito senador pelo estado com 6 milhões de votos e, em 1988, fundaria o PSDB com outros lideres políticos. Antes de se tornar presidente, em 1994, ainda atuaria como ministro das Relações Exteriores e da Fazenda do governo Itamar Franco, durante o qual liderou a equipe que criou o Plano Real.

A política de enxugamento do Estado e abertura para o capital estrangeiro contribui para a estabilização econômica do país, que reelegeu FHC em 1998, mas foi interpretada e divulgada pelo governo que o sucedeu como uma herança maldita. “Com o distanciamento do tempo, vai se ver justamente as dificuldades que foram enfrentadas e a amplitude da agenda. O balanço vai ser muito mais positivo”, avalia o cientista político Carlos Pio, da Universidade de Brasília (UnB). A opinião do cientista político Ricardo Caldas é semelhante. “Daqui a alguns anos, numa avaliação prática, Cardoso vai ser visto como um presidente que fez privatizações positivas para o país e reformas que auxiliaram o Brasil a se posicionar no cenário internacional”, considera.

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É nisso que o PSDB aposta para recuperar o terreno adquirido pelo PT nos últimos anos. “O PSDB é também proprietário desse patrimônio. Foi o partido que deu sustentação às ações do presidente FHC, se contrapondo inclusive ao PT, que sempre se opôs a esses avanços, votando contra lei de responsabilidade fiscal e o Plano Real”, defende Álvaro Dias, que encara o aniversário de FHC como um “momento para o partido refletir sobre o patrimônio que adquiriu sob a liderança de Fernando Henrique e valer-se dele para novas conquistas, sobretudo revitalizando-se”.

Mas os especialistas avisam que a recuperação desse legado não vai ser tão simples assim. “O governo de FHC vai ganhar nível de reconhecimento, mas não acho que vai chegar à população. A agenda de reformas foi muito intensa e é de difícil compreensão”, considera Carlos Pio.

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