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Geólogo acusa o governo Bolsonaro de dar carta branca para o desmatamento

O Pantanal, viu o fogo destruir em 2020 o equivalente a 10 vezes a área de vegetação perdida entre 2000 e 2018

Pantanal (Foto: CBMMS via Fotos Publicas)
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Sputnik – Segundo geólogo e professor de Gestão Ambiental Pedro Luiz Côrtes, além de perpetuar práticas culturais nocivas, o governo brasileiros incentiva o desmatamento ao desmontar as estruturas de fiscalização.

Dados divulgados pelo IBGE mostram que o tamanho da devastação dos biomas brasileiros equivale ao território da Espanha. Entre 2000 e 2018, o Brasil perdeu 8,3% da vegetação natural. O bioma mais preservado nesse período, o Pantanal, viu o fogo destruir em 2020 o equivalente a 10 vezes a área de vegetação perdida entre 2000 e 2018.

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Após os números assustadores do levantamento do IBGE, a perspectiva de 2019 e 2020 é de aumento na degradação do território brasileiro? Sputnik Brasil conversou sobre o tema com o geólogo Pedro Luiz Côrtes, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e professor de Gestão Ambiental.

Segundo ele, as perdas ambientais e a degradação do território brasileiro se verifica desde o período colonial, "diante de uma visão antropocêntrica", segundo a qual os recursos naturais devem atender às demandas dos homens e não precisam ser preservados. Ou seja, a queimada e o desmatamento existem há séculos e são praticamente um fator cultural.

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"Essa visão que nós temos predominante hoje é a mesma que verificamos ao longo de todo o período colonial. Ou seja, são práticas ancestrais que permanecem até hoje, degradando o meio ambiente sem que uma visão mais preservacionista ganhe lugar em relação à essa visão antropocêntrica", afirmou Pedro Luiz Côrtes.

Ao comentar à pesquisa do IBGE, que englobou um período até 2018, o geólogo destacou que a Amazônia e o Cerrado foram os biomas mais afetados. Desde então, no entanto, ele lembrou que o Pantanal também está sendo vítima de uma tragédia ambiental, com uma devastação sem precedentes.

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"O crescimento recorde se justifica pela falta de fiscalização efetiva. Ao longo dos últimos anos nós tivemos uma redução na equipe do Ibama. Essa redução foi mais significativa a partir do ano passado, quando assumiu o novo governo. E nós temos, em pronunciamentos do governo, seja do presidente, seja do ministro do Meio Ambiente, muitas vezes críticas à fiscalização. Ou seja, além da fiscalização ter sido reduzida, o governo critica os procedimentos de fiscalização. Obviamente isso funciona como uma espécie de carta branca aos grileiros, a todos que querem fazer uma ocupação irregular de terras públicas", alertou o especialista.

O professor destacou que muitas queimadas ocorrem em terras da União, sem qualquer tipo de ressarcimento ao governo pelo uso de terras públicas. Com a redução da fiscalização, a situação tende a ficar crítica.

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Segundo pesquisador, uma outra atitude a contribuir para previsões pessimistas na área ambiental seria o questionamento, por parte do governo, das informações e dados colhidos por cientistas e pesquisadores da área. Um exemplo disso seria a desconfiança do Planalto quanto aos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sem considerar que o instituto é um órgão do governo, com ligação muito forte com própria Força Aérea brasileira.

"O governo insiste em criticar o Inpe, como se esse fosse um organismo independente, preocupado em atacar o governo, em só apresentar dados negativos. Os dados do Inpe são públicos e estão apresentados em seu site, é onde a imprensa vai buscar as informações", explicou o entrevistado.

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Dessa forma, reduzindo a fiscalização e a divulgação dos dados, sem atuar de forma contundente na preservação e reconstrução dos biomas, segundo Côrtes, os grupos interessados em práticas como desmatamento e queimadas se sentem acolhidos pela liderança federal.

"A partir dos critérios científicos é possível reconstruir as áreas degradadas. Seja na Amazônia, seja no Cerrado, seja no Pantanal. É claro que, diante da destruição de certas áreas, essa recuperação pode ser muito lenta, mas ela é necessária. [...] Com isso você recompõe os biomas. Recompõe os serviços ecossistêmicos que esses biomas oferecem, como preservação dos recursos hídricos e climáticos. [...] e redução dos gases do efeito estufa", concluiu o professor.

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