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Jurista Pedro Dallari contesta esquerda que apoia Putin: “A tolerância com a barbárie vai demandar muita autocrítica”

“A Rússia não agiu em legítima defesa e nem sob autorização do Conselho de Segurança da ONU”, afirma o jurista e professor de Relações Internacionais da USP

Jurista e professor Pedro Dallari (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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Por Paulo Henrique Arantes, especial para o 247 - Professor titular do Instituto de Relações Internacionais da USP, o jurista Pedro Dallari, em conversa com o Brasil 247, lançou palavras duras à parte da esquerda que aplaude o ataque da Rússia à Ucrânia. “A Rússia não agiu em legítima defesa e nem sob autorização do Conselho de Segurança da ONU, as duas possibilidades admitidas pela Carta das Nações Unidas. A guerra de agressão e a violação de direitos humanos sempre foram repudiadas pela esquerda. A tolerância com essa barbárie de parte da esquerda vai demandar muita autocrítica”, disse.

Dallari foi vereador e deputado estadual pelo PT, secretário de governo de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo e desde 1996 é filiado ao PSB, tendo presidido a Comissão Nacional da Verdade (Governo Dilma Rousseff). Como político, não tem histórico de contemporizar com a direita: em 2012, era nome certo como candidato a vice de Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo, mas pulou do barco quanto a campanha petista aproximou-se de Paulo Maluf.

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Sua análise da guerra Rússia-Ucrânia baseia-se em princípios do Direito Internacional. “É uma situação dramática e inaceitável em pleno Século XXI. Trata-se um ataque ilegal e imoral. Ilegal, sim, pois se configura juridicamente como ato de agressão. Imoral, pois gera um quadro grave de violações aos direitos humanos”.

Indagado pelo Brasil 247 sobre o fato de o ataque – a cada dia mais sangrento – constituir uma resposta ao uso da Ucrânia como palco para avanço da Otan (Organização para Tratado do Atlântico Norte) às franjas do território russo, Dallari foi didático: “Argumentos geopolíticos não podem justificar por si só a agressão a um Estado soberano e o desencadeamento de um quadro de graves violações de direitos humanos, com grande número de civis mortos , inclusive crianças, além de milhares de refugiados”.

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Dallari rememora: “A Otan já ampliou a incorporação de países, e nem por isso a Rússia promoveu ataques. Se é legítimo o questionamento por parte da Rússia dessa expansão, a questão deve ser resolvida no campo da política, e não da guerra – esse é o avanço civilizacional representado pelo advento da ONU”.

O professor chama a atenção ainda para fato de os ataques terem adquirido nas últimas horas uma face ainda mais cruel, com uso de bombas de fragmentação, ao mesmo tempo em que se forma uma mesa de negociação entre os dois países. “É um quadro muito grave, pois a insensatez que caracteriza a ação russa gera extrema insegurança”, alerta.

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Pedro Dallari, que presidiu o Tribunal Administrativo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), não acredita que as sanções econômicas impostas à Rússia pelas potências ocidentais surtam algum efeito dissuasivo de imediato na personalidade autoritária de Vladimir Putin. No longo prazo, contudo, a história deverá ser outra, acredita. “Assim como ocorreu com a África do Sul e o regime do apartheid,  com o tempo elas (as sanções) poderão conduzir a própria sociedade russa a pressionar pela viabilização de um novo governo que gere paz e estabilidade”, acredita. “É muito importante que haja o isolamento internacional do governo russo, que poderá conduzir a seu isolamento interno”, salienta. 

Sobre  a neutralidade oficial do Brasil diante do conflito, cujo anúncio foi precedido das falas juvenis e como sempre pouco críveis de Jair Bolsonaro, Dallari foi direto: “É inaceitável uma posição de neutralidade diante da guerra provocada pela Rússia”.

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