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Brasil

'Não haverá governo de esquerda sem enfrentamento', diz Luis Felipe Miguel

Cientista político propôs uma estratégia priorizando a mobilização popular e a pressão sobre as elites; veja o vídeo na íntegra

Luis Felipe Miguel / ato Fora Bolsonaro (Foto: Reprodução/Facebook | Francis Rubens/Jornalistas Livres)
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Por Camila Alvarenga, no Opera Mundi - No programa 20MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (06/09), o jornalista Breno Altman entrevistou o cientista político e professor da Universidade de Brasília Luis Felipe Miguel. 

Pensando sobre um novo governo de esquerda, o professor afirmou que este não pode ser de mobilização — em concordância com o que disse a ex-presidente Dilma Rousseff em sua entrevista ao 20MINUTOS —, mas disse que, se este não for de enfrentamento, não conseguirá realizar as transformações necessárias.

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"Quando um governo tem obrigações institucionais, não tem a capacidade de mobilizar, mas não pode pedir um pedido de compreensão das bases sociais para que não pressionem e desequilibrem o governo. Porque a direita não para de pressionar. Precisamos de um governo mais receptivos às pressões da sociedade", discorreu.

Miguel reconheceu as contradições do momento atual, com um governo neofascista como o de Jair Bolsonaro, em que a esquerda está "condenada a defender a democracia liberal, que sempre achou insuficiente, porque está sob risco da direita", mas reforçou que isso não significa que o campo progressista deva "abaixar a cabeça".

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"Estamos sempre acreditando na luta que eles dizem ter e fracassamos. Bolsonaro com o autogolpe é uma bravata, mas que funciona porque ninguém vai pagar pra ver. Isso não significa que é para ir bater nos bolsonaristas, mas precisamos retomar a perspectiva revolucionária", enfatizou.

Ele inclusive relativizou o uso da violência, afirmando que a esquerda se "docilizou", mas ressaltando que a violência continua presente de forma estrutural e que é impossível que transformações aconteçam sem choques.

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Diante desse cenário, Miguel afirmou que um novo governo de esquerda não pode atender o discurso de "paz e amor" adotado por Lula na campanha eleitoral de 2002, "porque se a gente quer uma democracia um pouco mais participativa, ela tem que ser empurrada contra as vontades das classes dominantes". Classe dominante, que, segundo ele, prefere estar subordinada ao interesse internacional do que ter um projeto nacional. 

Mobilização popular

Fazendo um balanço dos governos petistas, diante da possibilidade de um novo governo de Lula, Miguel disse que foi uma falha apostar totalmente na institucionalidade, "pois assim estamos suscetíveis a retrocessos e a limitar transformações", mas reconheceu que o terreno "é muito mais hostil com a esquerda".

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Por isso, ele voltou a reforçar a importância da mobilização popular para garantir governabilidade a um novo governo de esquerda, rejeitando o caminho da não confrontação: “Fazer o possível hoje é não fazer quase nada, significa frustrar as esperanças de transformação nacional”. 

Por outro lado, não significa que Lula, na próxima campanha eleitoral, deva retomar seu comportamento de 1989, já que sua capacidade de negociação com diferentes forças se mostrará importante para reverter medidas aprovadas pelo governo Bolsonaro. 

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“Só que Lula tem que negociar em posição de força. Ele não tem por que ceder e não tem outra pessoa para ocupar esse lugar de negociação. Lula precisa forçar que esses setores retirem os vetos às políticas de transformação social”, enfatizou Miguel. 

Para tanto, o cientista político identificou a mobilização social como o fator mais importante para conseguir levar a cabo as mudanças necessárias mesmo sem maioria parlamentar: “As nossas instituições são sensíveis, inclusive o judiciário. Se a pressão só vem da direita, nos encontramos em piores condições”.

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Para ele, mais do que abrir um novo processo constituinte, crítica que vem sendo feita inclusive por setores progressistas, um novo governo de esquerda precisa assumir “um mínimo de compromisso social para trabalhar aquilo que foi destruído nos últimos anos”.

O professor citou a importância de reverter a emenda do teto de gastos e da autonomia do Banco Central, bem como a reestatização de empresas entregues à privatização, como a Petrobrás.

“Isso precisa ser revertido como compromisso básico de campanha. Não teremos condições de fazer um governo dos sonhos, mas temos que deixar claro o que nas nossas negociações está sendo pactuado para abrir caminho a novas transformações sociais”, argumentou.

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